quinta-feira, novembro 27, 2025

#TOLERÂNCIA333 - TOLERÂNCIA COM CR7 OU COM O PRESIDENTE DA REPÚBLICA

 #TOLERÂNCIA333 - TOLERÂNCIA COM CR7 OU COM O PRESIDENTE DA REPÚBLICA

Logo a seguir ao encontro de Cristiano Ronaldo com Donald Trump eu escrevi no Facebook «Se o Cristiano Ronaldo representa sempre Portugal como diz Roberto Martínez, hoje sinto-me profundamente envergonhado.»

Penso que não foi o próprio Cristiano Ronaldo que reclamou para si a condição de "embaixador de Portugal", essa condição, no fundo, é-lhe atribuída pelo seleccionador da Equipa das Quinas e pelo próprio Presidente da República. Sobretudo pela posição assumida por Marcelo Rebelo de Sousa, eu senti (e sem agora me desdizer) a vergonha.

Parece-me que na edição de hoje da Visão, o subdirector Filipe Luís coloca muito bem a questão:

«A polémica nacional – e, talvez, internacional – relacionada com o convite/visita de Cristiano Ronaldo à Casa Branca, depois de, dias antes, cirurgicamente, ter manifestado a sua admiração por Donald Trump, é como todas as polémicas ligadas ao futebol: um manifesto exagero, exacerbado por factores emocionais que nada têm a ver com a realidade das coisas. A importância dada a este evento teve de tudo: 'haters' de Ronaldo que viram confirmada a sua aversão, fãs de Donald Trump que viram legitimada a sua
admiração, novos 'haters' para o primeiro, saídos das fileiras de anteriores incondicionais, e até novos admiradores do segundo que, se antes o viam com maus olhos, agora apreciaram a sua “humanização”. O nosso CR7 esteve numa plateia de poderosos barra milionários, com nomes como Je Bezos e Elon Musk, juntamente com Donald Trump e Mohammed bin Salman. De referir que a Arábia Saudita anunciou o investimento de mil milhões de dólares em projectos nos EUA, ao mesmo tempo que confirma parcerias em Inteligência Artificial, tecnologia e defesa, com implicações directas na geopolítica do Médio Oriente. Não esquecer, neste contexto, o Projeto Prometheus, de Bezos, que pode transformar a capital saudita, Riade, num centro mundial de IA. No meio disto tudo, o peão Cristiano Ronaldo é um 'influencer' de luxo, uma flor na lapela do príncipe saudita.

»Vale a pena, neste ponto, portanto, debruçarmo-nos sobre um argumento muito utilizado pelos

defensores de Cristiano Ronaldo, não porque ele tenha fundamento, mas porque foi brandido por figuras com a responsabilidade do seleccionador nacional, Roberto Martínez, e do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa. Segundo esta narrativa, a presença de Ronaldo na Casa Branca, naquela intimidade com o homem alegadamente mais poderoso do mundo, deve encher-nos de orgulho, porque o Cristiano “é o melhor dos nossos embaixadores”. Além do provincianismo do argumento, podemos tolerar, compreender (e o autor destas linhas compreende) [Repare-se, peço-vos eu, neste precioso exemplo da proximidade e da distância entre tolerar e compreender] defender ou até admirar a façanha da presença de Ronaldo, como convidado de luxo de Trump. Mas não por estes motivos. Nem o seleccionador nem o PR ignoram, porque o próprio Ronaldo não o escondeu, que a ida do jogador para o campeonato saudita incluiu nas suas atribuições a função de embaixador da candidatura da Arábia Saudita à organização do Campeonato do Mundo de Futebol de 2034. É legítimo: Ronaldo é pago para isso. E não vale a pena vir o choradinho dos direitos humanos espezinhados na Arábia Saudita e a alegada conivência do astro português com um regime supostamente assassino: ele não é a Madre Teresa, nem é um activista, nem é obrigado a sê-lo. Ele é um profissional, bem acompanhado por outros profissionais congéneres que encontraram naquele país um emprego e um futuro – a começar por muitos jogadores e vários treinadores portugueses. Ele, sendo muito mais do que um jogador de futebol, na essência é só um jogador de futebol. Mas dizer que Ronaldo, nesta missão específica em Washington, foi nosso “embaixador”, é fazer de nós estúpidos e pretender que engulamos uma pílula de coliformes fecais com cobertura de açúcar. Em primeiro lugar, se um “embaixador de Portugal” está incluído numa comitiva saudita, é o País, e neste caso, o Presidente da República – que reconhece a Cristiano esse estatuto diplomático… – que está a pactuar com o regime sanguinário da Arábia Saudita. Não é Cristiano que está a fazê-lo. A natureza da “missão diplomática” não compromete o embaixador, pessoalmente: ela compromete o país que representa e que o legitima. Será que os portugueses acham bem ter um embaixador seu ao serviço de interesses sauditas?… E compromete, especificamente, o Presidente da República, na sua associação indesejável com o regime árabe. Que nós consideremos Cristiano um embaixador informal, tudo bem: é uma maneira de dizer. Mas que seja o PR a dar-lhe esse estatuto, nesta história concreta, é uma leviandade.»

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