#TOLERÂNCIA329 - PODE CAIR MUITA COISA, A TOLERÂNCIA PERMANECE
O Coronel Rodrigo Sousa e Castro, Capitão de Abril, elemento do Grupo dos Nove e coordenador da Comissão de Extinção da PIDE-DGS, entrou nas minhas aulas, se não estou em erro, no ano lectivo 2014/15. Entrou e delas nunca mais saiu — mesmo nos anos em que não voltou à Eça, eu falei sempre dele aos meus alunos.
Não me canso de elogiar as suas notáveis qualidades comunicacionais: a clareza do discurso, a
facilidade e a precisão com que separa a informação da opinião, a autenticidade com que escuta o interlocutor — sem nunca o interromper!, e seja professor crescido ou aluno pequeno —, o respeito que mantém mesmo perante uma bem agressiva postura de quem dele discorda ou contesta radicalmente. E nunca o ouvi discutir com o propósito de mostrar que ele é que tem razão.Li na edição de hoje do Público a entrevista que anda já há dias por aí na Internet, mas a que eu não tinha acesso por não ser assinante do jornal.
Da preciosa e muito rica entrevista destaco apenas o que à geografia desta viagem diz directamente respeito — e não é nada despiciente, bem pelo contrário!
Pergunta: "Mas esse mito de que o colonizador português era diferente dos outros, mais benigno, não-racista, não impede a actual extrema-direita de produzir um discurso de ódio contra os imigrantes. E
ser seguida por um milhão e meio de pessoas. Para um capitão de Abril isto não é chocante? O que falhou?"
Rodrigo Sousa e Castro: «É chocante e dramático. Há um claudicar de princípios morais. O problema é que, no dia 26 de Abril de 1974, havia 10 milhões de democratas. Ninguém era salazarista. Ou não podia dizer que era. Mas ficou aquilo а que, em cada um, podemos chamar subconsciente fascista. E, na colectividade, subconsciente autoritário. Eu fui educado na Igreja. Depois deixei de ser crente, mas ficou-me a tolerância. Sou tolerante para com quem é diferente e sou humanista. Compreendo as dificuldades dos outros e, se puder, ajudo. Isso é um valor cristão.
»Na década de 1990, protegi muitos imigrantes ucranianos. Tenho um afilhado adoptivo, que já tem 30 anos e vive cá. Mas fui eu que o trouxe, quando tinha sete anos. Emprestei dinheiro à mãe, que era minha
empregada, para pagar às máfias e trazer o miúdo, que estava doente. É agora um cidadão português de primeira água. Trabalha, constituiu família.
»Também emprestei dinheiro a um construtor para ele, que tinha entrado em dificuldades, poder pagar os salários aos trabalhadores ucranianos. E ajudei vários outros. A mim, estas pessoas que vieram à procura de uma vida melhor merecem-me todo o respeito.»
Tanto, mas mesmo tanto!, que resposta do Capitão de Abril, bem como na própria pergunta (e ainda no resto da entrevista), há que mereça reflexão e conversa profundas. E tolerantes, sim, tolerantes.
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