#TOLERÂNCIA321 - A VIDA POLÍTICA ESTÁ MAIS INTOLERANTE?
Parece-me que a jornalista São José Almeida — que actualmente preside ao Conselho Deontológico do Sindicato dos Jornalistas —, na edição de hoje do Público alerta os leitores precisamente para isso: a intolerância crescente dos dirigentes políticos. O artigo tem o título "Como a convocação de uma greve geral clarifica a viragem à direita do PSD".
Ora bem, é preciso que as coisas com que se governa a 'Res publica' se clarifiquem, ainda não me parece que seja altura de deitar as ideologias para o lixo, o que o candidato a Presidente da República António José Seguro insistentemente respondeu às jornalistas que o entrevistavam, negando-se a posicionar-se à direita ou à esquerda do espectro partidário (ele que é, sempre foi do Partido Socialista!), é, na minha opinião, lamentável e é espelho das dificuldades que os políticos têm de se definir com clareza. Por isso os movimentos "inorgânicos" radicais e populistas campeiam.
Que escreve São José Almeida? O seguinte:
«A viragem à direita na sociedade portuguesa é um facto. Mas há uma mudança mais profunda em
curso, que vai para além da viragem política à direita. Há um conservadorismo em crescendo, um reaccionarismo mesmo, em paralelo com um escalar de uma mentalidade antidemocrática e de pendor intolerante, até autoritário. Isso tem sido manifesto, por exemplo, nas reacções ao anúncio, pela CGTP e pela UGT, de uma greve geral conjunta, contra a reforma da legislação laboral proposta pelo Governo.»Por mais radicalização que se vá instalando, a verdade é que aquilo que é a democracia não passa apenas pelo princípio de uma pessoa, um voto. A democracia caracteriza-se também pela existência de diálogo político e de diálogo social. Ora, o que se vive, neste momento, em Portugal, é o início de um processo, aberto pelo Governo, para alterar de forma profunda a legislação laboral. Neste momento, as negociações e o diálogo processam-se em sede de concertação social, após o que, atingido ou não um acordo, o Governo aprovará, em Conselho de Ministros, a legislação para alterar as leis laborais, ao que se segue o processo de debate, negociação e aprovação dos diplomas pela Assembleia da República.
»É nesta fase de negociação, em concertação social, com as confederações patronais e com as
confederações sindicais, que faz sentido ser convocada e realizada uma greve geral. É ignorância ou
má-fé defender que uma greve geral se faz depois das leis aprovadas. Hoje em dia, em democracia, uma greve geral já não é revolucionária, como conceptualizou Georges Sorel, nem é uma forma de protesto, é um método, um recurso, um instrumento negocial dos trabalhadores, é uma forma de fazer pressão durante negociações, de forçar negociações. Mais. A greve tem como objectivo demonstrar o peso do trabalho e logo de quem o produz, os trabalhadores. Daí a lógica desta greve geral convocada para 11 de
Dezembro. [...]
»[...] O primeiro-ministro reagiu ao anúncio da convocação da greve geral vitimizando-se e até
adulterando o conceito de greve geral. Logo no domingo, Luís Montenegro começou por querer
partidarizar a questão, acusando o PCP e o PS de instrumentalizarem as centrais sindicais. [...]»
Todo o artigo me parece claro, bem estruturado, sistematicamente argumentado, bem construído.
Concordo com o "escalar de uma mentalidade antidemocrática e de pendor intolerante". Preocupo-me com o que vou vendo na Comunicação Social e na Vida Pública portuguesa; e mais: sou mais pessimista que a jornalista, esse tipo de mentalidade não marca só a vida política e a governação portuguesa, é assim também em muitos outros países do Mundo.
Que os Governos governem — com ética, com respeito e honestidade. Que os Sindicatos lutem — com firmeza, solidariedade e lucidez.
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