#TOLERÂNCIA 8 – LISBOA, CIDADE DA TOLERÂNCIA? QUEM ME DERA!

#TOLERÂNCIA 8 – LISBOA, CIDADE DA TOLERÂNCIA? QUEM ME DERA! 

«I still have a dream...», disse Martin Luther King no célebre discurso de 28 de Agosto de 1963. Depois repetiu «I have a dream» várias vezes.

Eu estou como Martin Luther King, I still have a dream, Eu ainda tenho um sonho... Tenho o sonho de voltar a ver o que vi antes, mas deixei de ver porque foi apagado.

Hoje procurava na Net uma imagem ou fotografia para ilustrar, no Facebook, o pequeno texto que transcrevi da notícia que também hoje foi publicada pela Fundação Francisco Manuel dos Santos acerca da pobreza em Portugal, e dei de caras com a fotografia dum senhor sentado à frente da parede que abre a Rua Barros Queirós pelo lado do Largo de São Domingos, em Lisboa. A fotografia era do tempo em que na parede estava escrito, em várias línguas do mundo, "Lisboa, cidade da Tolerância".

No meio do Largo, uma pequena escultura eterniza o tributo da cidade de Lisboa às vítimas da intolerância e do fanatismo religioso que redundaram no massacre dos judeus em 1506, a partir da igreja de São Domingos.

O escrito desapareceu, todo o escrito desapareceu de toda a parede. Por que razão? Não sei... Não sei ainda, talvez venha a saber, há algum tempo que procuro saber. Eu gostava daquela parede assim tão profusamente escrita, ecos e ecos de si mesma, num ideal de fraternidade muito bonito.

Há pouco tempo, pudemos todos ver as muito tristes imagens da Rua do Benformoso, com aqueles imigrantes todos encostados à parede, indiscriminadamente, para serem revistados pela Polícia. A Rua do Benformoso e o Largo de São Domingos são a pouco mais de 10 minutos a pé uma do outro.

Desejo que o apagão da parede não seja a expressão simbólica do apagão da Tolerância no coração da cidade de Lisboa, que precisamente naquele lugar já tão intolerante foi. A Tolerância depois venceu a Intolerância.

Já não é a primeira vez que falo do triste apagão daquela parede. Para a Pedagogia da Tolerância, para a Educação da Tolerância, o que fica é, mais uma vez, o alerta de que as coisas boas nunca estão adquiridas definitivamente. A Tolerância precisa do nosso empenho constante, a flor da Tolerância precisa de ser permanentemente regada, com sabedoria, amor e realismo.

Os massacres que estão a ser perpetrados na Palestina por ordem do governo de Israel testemunham de forma muito cruel quanto os que clamam por tolerância têm em si a mesma natureza de raiva, ódio e intolerância com aqueles que um dia foram intolerantes com eles. Ou mesmo outros.

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