domingo, janeiro 05, 2025

#TOLERÂNCIA 7 – O QUE É SER TOLERANTE CONNOSCO MESMOS?

 

#TOLERÂNCIA 7 – O QUE É SER TOLERANTE CONNOSCO MESMOS?


É ser muita coisa, muita coisa mesmo. Um pequeno exemplo para nos ajudar a pensar.

Estou a ler um trabalho biográfico do Professor Manuel Sobrinho Simões, pessoa e cientistas que tenho o


privilégio de conhecer e de com ele me ter cruzado já algumas vezes em encontros das ciências médicas e também por causa de motivações partilhadas à volta da Língua Portuguesa; e de assuntos ligados à Educação, na minha escola, com os meus alunos.

Neste livro — “A Última Lição de Manuel Sobrinho Simões”, de Luís Osório (Contraponto, 2024) —, o Professor Manuel Sobrinho Simões diz que «Não sou humilde» algumas páginas depois de dizer que «Talvez haja uma palavra que distingue os que poderão deixar uma marca, como médicos, investigadores, o que seja», e essa palavra é «Orgulho».

Quarenta e três páginas depois, o entrevistador declara que o entrevistado (o Professor Manuel Sobrinho Somões) o impressiona com «A ideia de futuro, o foco permanente no amanhã independentemente do tempo que lhe resta», e diz-lhe que há um mundo com contornos novos ao virar da esquina.

O Professor Manuel Sobrinho Simões dá ao seu entrevistador esta notável resposta que não tem a ver com ansiedade, não tem a ver com frustração, não tem a ver com resignação, não tem a ver com desistência. Não. A resposta tem a ver com tolerância. Tolerância consigo mesmo, com a aceitação das suas limitações, com a lucidez de que o mundo actual, a informação do mundo actual, é muito maior do que ele alguma vez, por muito informado que esteja e por muita experiência que tenha, não será capaz de abarcar.

Ora, será precisamente por ser capaz de tolerar as suas insuficiências e a sua incapacidade de conseguir chegar a tudo que o Professor Manuel Sobrinho Simões pode e consegue manter a sua capacidade de trabalhar, força que aprendeu com o pai, força que o faz continuar a entregar-se de corpo e alma ao trabalho.

É, então, esta a resposta que o Professor Manuel Sobrinho Simões dá ao jornalista Luís Osório:

«Ao virar da esquina? Já estamos na esquina. Fui ultrapassado pelo “Big Data”, nada a fazer. Passou a ser decisiva a narrativa, todos os pormenores que possam ser relevantes para percebermos aquela pessoa hoje. Mais do que aquilo que herdámos, muito mais do que aquilo que carregamos do ovo. Deixou de me ser possível acompanhar a geração de dados, os procedimentos no acesso à informação.»

E um pouco mais à frente:

«Nunca escrevi tão poucos artigos, não há volta a dar. Perdi eficiência e tenho pena.»

Penso que a âncora da consciência da perda de eficiência e do sentimento de pena que essa consciência desperta é precisamente a tolerância.

Apetece-me mesmo perguntar ao Professor Sobrinho Simões (talvez o faça mesmo numa próxima oportunidade de conversa): «Professor Sobrinho Simões, caro mestre, cultiva deliberadamente a tolerância de si para si mesmo, ou a tolerância acontece em si por ela mesma, à volta dos valores e dos princípios que sempre nortearam a sua vida de médico, cientista e professor? Já agora, tem alguma ideia de como se pode fazer a Pedagogia e a Educação da Tolerância?»

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