segunda-feira, agosto 25, 2025

#TOLERÂNCIA239 - NEM TESE, NEM ENSAIO, NEM PROPOSTA SOBRE A TOLERÊNCIA

 #TOLERÂNCIA239 - NEM TESE, NEM ENSAIO, NEM PROPOSTA SOBRE A TOLERÊNCIA

Por que razão não quero fazer, nunca quis, um texto sério sobre a Tolerância? (São sérios todos os textos que são teses, ensaios, ou outros destes tipos)

É que um texto sério não conseguirá livrar-se, disso estou convencido, dum enfeudamento a uma doutrina, a uma ideologia, seja ela política, religiosa, filosófica, ou outra qualquer; e nenhuma delas escapará a uma crença ou um conjunto de crenças — e as crenças, por definição, dispensam justificações (são pessoais, arreigadas; e tantas vezes os indivíduos que as possuem delas não têm consciência, talvez seja por isso que muitas delas são radicais, intolerantes e inalteráveis).

À falta de outra coisa para me ocupar, hoje, na viagem da Horta para Lisboa, fui dar uma olhadela ao livro do 1.º Simpósio de Literatura Infantojuvenil e Formação de Leitor na Amazônia (de 6 a 8 de novembro de 2013).

Repare-se como discursos herméticos tornam muito difícil a tomada de consciência de um público mais vasto (e atrevo-me a dizer que também a um público mais estrito, o dos especialistas) do que é a essência concreta das coisas que estão a ser ditas:

Na “Apresentação”, o Professor Doutor Nilo Souza, Coordenador do GELAFOL, escreve assim, entre as páginas 11 e 13:

«Por isso, partimos não da simples diferença cultural, mas de uma noção de diversidade cultural, nos termos que esclarece Homi Bhabha:

» “A diversidade cultural é um objeto epistemológico – a cultura como objeto do conhecimento empírico – enquanto a diferença cultural é o processo da enunciação da cultura como “conhecível”, legítimo, adequado à construção de sistemas de identificação cultural. Se a diversidade é uma categoria da ética, estética ou etnologia comparativas, a diferença cultural é um processo de

significação através do qual afirmações da cultura ou sobre a cultura diferenciam, discriminam e autorizam a produção de campos de força, referência, aplicabilidade e capacidade. A diversidade cultural é o reconhecimento de conteúdos e costumes culturais pré-dados; mantida em um enquadramento temporal relativista, ela dá origem a noções liberais de multiculturalismo, de intercâmbio cultural ou da cultura da humanidade.”

»Nestes termos, a diferença só é aceita ou tolerada quando ela é incorporada nas estruturas de normatização, fora delas, a diferença é considerada um desvio, algo passível de correção. É contra essa ótica binária que nasce a noção de diversidade cultural. Perspectiva que liga, sem prender, o sujeito ao seu passado histórico, a uma tradição inteligível e a uma herança constitutiva de sentido.»

Apetece-me pegar neste naco de prosa de conhecimento formal, certamente escrito com competência e boa-fé, metê-lo numa caixa de texto dum ‘chatbot’ e pedir-lhe que me explique o mais terra-a-terra possível o que o Professor Doutro quer dizer. Digo já que vou fazê-lo, mais tarde, mas não vou trazer para aqui a resposta, de certeza tornaria a caminhada de hoje muito fastidiosa. E digo mais: vou pedir a explicação aos 3 ‘chatbots’ do costume (Gemini, ChatGPT e DeepSeek), com a mesmíssima pergunta.

Considero-me como estando no 3.º ano do 1.º ciclo do ensino básico da aprendizagem do uso dos ‘chatbots’, e a comparação das 3 respostas certamente me permitirá aprender mais qualquer coisita.

Por Toutatis, que o céu me caia em cima da cabeça se alguma vez eu escrever coisas assim como as que citei, que são de entendimento difícil ao comum dos mortais. São ou não são, concordam comigo ou não?

E a minha viagem peregrina sobre a Tolerância tem de fazer sentido, tem de ser clara para o comum dos mortais, senão receio bem que não tenha valido a pena senão para mim mesmo. É claro que, no fim desta viagem, eu talvez me tenha tornado melhor pessoa, mas, sinceramente, pretendo algo mais: quero que outras pessoas, muitas outras pessoas leiam, entendam e encontrem sentido nas coisas que escrevo, como aconteceu ontem no almoço de família, em que a propósito do casamento, da formalidade (casar pelo Registo ou pela Igreja) ou informalidade (viver juntos, sem compromisso notarial) do casamento, alguém, perante a minha perspectiva sociológica disse: «É, isso faz sentido para mim, nunca tinha pensado nisso, faz sentido, faz.»

Esta semana atingirei os dois terços da extensão total da viagem a que me propus. Não tenho em vista chegar a qualquer conclusão. Esta viagem é ao jeito das grandes viagens, por exemplo, como se eu fosse à China, por lá andasse durante um ano inteiro, e regresso a casa com a vívida certeza de que fiquei com muito, muito, muito, para ver e descobrir. Mas na viagem aprendi tanto!… Enriqueci-me — e tenho já, nesta viagem, esse sentimento intenso dentro de mim — como não pensava enriquecer-me. E tenho já a convicção de que estou a conseguir produzir coisas interessantes, úteis, umas mais simples, outras mais complicadas, e todas fáceis de partilhar.

São coisas minhas (muitas delas tecidas com coisas de outros, que tenho procurado sempre identificar com respeito), mas que ficarão sempre para além de mim. Se por qualquer razão alguma eventualidade me impedir chegar ao dia último da viagem, olhem, este texto pode ser usado como “Apresentação” do livro a que um dia eu quero ainda dar corpo.

Não está uma apresentação ao jeito hermético da “Apresentação” que foi móbil da estação de hoje, pois não? (O piloto-chefe acaba de dizer que aterraremos daqui a uma hora em Lisboa. Aproveitei bem o tempo da viagem. Agora vou jogar às Copas, a ver se ganho aos adversários do computador)

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