quinta-feira, setembro 18, 2025

#TOLERÂNCIA263 - COMO SE EDUCA PARA ISTO NA ESCOLA?

 #TOLERÂNCIA263 - COMO SE EDUCA PARA ISTO NA ESCOLA?

O último parágrafo dum longo artigo na edição do "Le Monde" de hoje, com o título "Em Gaza-Cidade, o medo de uma fuga sem regresso - Israel destrói metodicamente a maior cidade do território, forçando os habitantes a um êxodo em massa" , diz assim: "O lançamento da ofensiva [militar] terrestre [na cidade de Gaza] suscitou condenações internacionais, sem sanções concretas contra Israel. O secretário-geral da ONU, António Guterres, lamentou uma situação «moralmente, politicamente e legalmente intolerável» em Gaza. Uma comissão de inquérito da ONU acusou, na terça-feira (16SET2025), Israel de cometer um genocídio no território. «Não precisamos de vocabulário adicional para enriquecer a nossa história de sofrimento. O que precisamos é de acção que ponha fim a este genocídio, a esta limpeza étnica e a esta fome», afirmou Rami Abou Jamous, a partir da cidade que se recusa a abandonar."

Imediatamente comecei a magicar uma maneira de promover a aprendizagem discriminativa entre os 3 tipos de tolerância invocados pelo Secretário-Geral das Nações Unidas... Uma coisa é apresentar as definições aos alunos, outra coisa é levar os alunos a descobri-las: a senti-las e a entendê-las. Evidentemente, prefiro a alternativa de eles as descobrirem. Passei ao trabalho e agora já tenho alguns materiais. Para um primeiro esboço, não está nada mau.

Entretanto, antes de ler o jornal, eu já tinha, ao almoço, falado com colegas meus acerca da necessidade de levarmos para a escola, para os projectos ligados à Cidadania (o Parlamento dos Jovens, o Euroscola, o Escola Embaixadora do Parlamento Europeu; e a disciplina de Cidadania e Desenvolvimento), a questão da Palestina e do Povo Palestiniano.

Já sozinho, como penso que nós, professores, devemos fazer sistematicamente, perguntei-me até onde vai a minha legitimidade para levar os jovens a pensarem nas atrocidades que o Governo e o Exército de

Israel estão a cometer na Faixa de Gaza. E mesmo que encontre legitimidade, tenho de me perguntar «E qual é a utilidade?»

Consegui clarificar na minha cabeça um pensamento: andamos constantemente a dizer que o Futuro é dos Jovens e que os Jovens são o Futuro. Ora, a construção e a Defesa e do Futuro está já a ser feita, vai-se fazendo todos os dias. Como é, envolvemos os jovens a sério, ou não?... Nas escolas banalizou-se o momento do minuto de silêncio. Antes faz-se uma pequena evocação, a seguir guarda-se o minuto e depois bate-se palmas... Que ganho, que aprendizagem estes momentos proporcionam aos alunos? Pessoalmente, tornei-me, com o tempo, cada vez mais descrente.

Fui aos papéis. Fui aos textos centrais da União Europeia. O Tratado da União Europeia (TUE) e o Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia (TFUE) são os dois tratados fundamentais da UE, que definem a estrutura, os objectivos e o funcionamento da União. O TUE define os princípios gerais, valores e objetivos da UE, enquanto o TFUE detalha as competências da União e as regras para as suas instituições, sendo derivado do Tratado que instituiu a Comunidade Europeia (TCE). Ambos foram significativamente alterados e consolidados pelo Tratado de Lisboa, que entrou em vigor em 2009. A versão consolidada actual é de 7 de Junho de 2016.

Ora bem, o n.º 5 do artigo 3.º do capítulo das Disposições Gerais diz assim: "Nas suas relações com o resto do mundo, a União afirma e promove os seus valores e interesses e contribui para a protecção dos seus cidadãos. Contribui para a paz, a segurança, o desenvolvimento sustentável do planeta, a solidariedade e o respeito mútuo entre os povos, o comércio livre e equitativo, a erradicação da pobreza e a protecção dos direitos do Homem, em especial os da criança, bem como para a rigorosa observância e o desenvolvimento do direito internacional, incluindo o respeito dos princípios da Carta das Nações Unidas."

Por outro lado, o Relatório apresentado ao Conselho dos Direitos Humanos, na sua Sexagésima sessão (Análise jurídica da conduta de Israel em Gaza, nos termos da Convenção para a Prevenção e Punição do Crime de Genocídio), pela Comissão Internacional Independente de Inquérito sobre o Território Palestiniano Ocupado, incluindo Jerusalém Oriental, e Israel, no passado dia 16 de Setembro de 2025, afirma que o Povo Palestiniano está a ser vítima do crime de Genocídio.

O consenso formal do primeiro documento e a idoneidade avaliativa do segundo; e os objectivos de Formação para a Cidadania dos projectos escolares que referi, juntos, dão-me (dão-nos) legitimidade para fazer qualquer coisa na escola. O desafio passa a ser a estratégia pedagógica que sirva os propósitos da Educação.

Tenho uma ideia de como começar... De começar respeitando o direito de todos os alunos de quererem pensar o que quiserem acerca do que se passa em Gaza; e de pura e simplesmente não quererem pensar em nada. Não, não quero endoutrinar, não quero catequizar, não quero converter ninguém. Não quero, nem tão pouco tenho legitimidade para o fazer.

Desde que começámos hoje ao almoço a ruminar estas coisas, juntámos já professores de 3 escolas diferentes do País. Como diz o tal ditado africano: «Sozinhos vamos mais depressa, juntos vamos mais longe.» Vou partilhar as minhas ideias com os meus colegas.

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