#TOLERÂNCIA262 - TOLERÂNCIA REPRESSIVA, TOLERÂNCIA LIBERTADORA
Encontrei na edição de hoje da revista "Sábado" um texto que fala do conceito "Tolerância Repressiva" de Herbert Marcuse. Li o artigo, torço o nariz a várias coisas que ele tem.
Não conhecia o texto de Marcuse, fui à procura dele. É de 1965. É um ensaio que ele dedica aos alunos da Brandeis University.
Vi imediatamente que não teria tempo hoje para ler o texto todo, mas queria ver se havia uma bota a dar com a perdigota e, a haver, qual seria: se a do autor do texto que cita o ensaio de Marcuse, ou se a do meu torcer de nariz.
Ora bem, o que os 4 'chatbots' responderam à minha pergunta ("Faz-me uma síntese, escrita em português de Portugal, deste texto [Repressive Tolerance, de Herbert Marcuse". Mandei-lhes, em anexo, o texto em pdf.] foi-me favorável.
Vou transcrever para aqui o que um deles disse, e vou guardar todo o material que recolhi para uma
sessão de trabalho de discussão e reflexão à volta desta ideia tão estimulante do texto do intelectual que nasceu alemão, se naturalizou norte-americano e se fez depois enterrar em Berlim, na Alemanha.Herbert Marcuse, no ensaio “Tolerância Repressiva” (1965), questiona o conceito tradicional de tolerância nas sociedades industriais avançadas. Para ele, o que hoje é proclamado como tolerância serve muitas vezes para manter a opressão, pois protege o 'status quo' e neutraliza forças de mudança.
A tolerância, em vez de ser libertadora, torna-se “repressiva” quando estende protecção a ideias e práticas que perpetuam a injustiça, a exploração, a guerra e a discriminação. Assim, discursos e políticas da direita reaccionária recebem o mesmo espaço que as vozes progressistas, mas em condições sociais profundamente desiguais. Isso gera uma falsa imparcialidade: a “liberdade de expressão” transforma-se em instrumento de legitimação da dominação, já que os meios de comunicação e educação moldam consciências de forma a excluir alternativas reais.
Marcuse argumenta que a verdadeira função emancipatória da tolerância só pode existir se for selectiva e partidária: deve recusar espaço a movimentos e ideologias que reforcem a repressão (racismo, chauvinismo, militarismo, autoritarismo) e, ao mesmo tempo, ampliar a tolerância para grupos, ideias e práticas que lutem pela libertação humana. A igualdade formal de tratamento entre opressores e oprimidos é ilusória e favorece sempre os dominantes.
Para ele, uma sociedade livre exigiria não apenas a ausência de censura, mas também a eliminação das formas subtis de manipulação que condicionam a opinião pública. Isso poderia implicar restringir certas expressões e práticas académicas, políticas ou mediáticas que consolidam a opressão.
Em suma, Marcuse defende uma noção de “tolerância libertadora”, que é intolerante para com as forças regressivas e tolerante para com as forças progressistas. Só assim seria possível abrir espaço para uma transformação social genuína e para a emancipação humana.
Faço eco: «A igualdade formal de tratamento entre opressores e oprimidos é ilusória e favorece sempre os dominantes.»
De resto, sim, há coisas no texto de João Pereira Coutinho, na Sábado de hoje, que são claras, frontais, corajosas, que são de aproveitar para a sessão que vou preparar. Portanto, o texto de JPC vai também para o dossier da sessão.
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