segunda-feira, março 31, 2025

#TOLERÂNCIA92 - PRESIDENTES. DO FUTEBOL E DO COMITÉ OLÍMPICO.

 #TOLERÂNCIA92 - PRESIDENTES. DO FUTEBOL E DO COMITÉ OLÍMPICO.

Apetece-me dizer: «Não há pachorra...». Dito doutra maneira, «Não há Tolerância que baste».

Os valores do Desporto. Os valores do Ideal Olímpico. Os senhores presidentes da Federação Portuguesa de Futebol e do Comité Olímpico de Portugal não deveriam ser os primeiros a dar o exemplo do fairplay, da sã camaradagem no desporto, da ética desportiva, da aceitação harmoniosa do Outro que compete connosco, da cordial resolução de conflitos, e sei lá que mais?


Pois que vemos nós entre coisas "inadmissíveis", "gravíssimas insinuações", "o caminho da destruição", e sei lá que mais?

Que pedem os dois senhores presidentes das duas mais importantes estruturas do Desporto Português a quem pratica desporto, qualquer que seja a modalidade, e a quem gosta de apreciar a prática desportiva dos atletas?

Do que eles pedem a todos nós, que exemplos de boas práticas, que nos sirvam de modelo, dão eles nos cargos que desempenham? Que educação ou deseducação estão eles a proporcionar a quem pratica ou aprecia o Desporto pela arte, desempenho físico, emoções e dinâmicas de relação em grupos e aos pares que desperta ou cria?

Que grau de Tolerância revelam eles pelas diferenças, divergências e diversidades recíprocas?

Que grau de Tolerância pode, ao cidadão comum, ao atleta e ao espectador desportivo, ser pedido ou exigido?

Desabafarão alguns que é uma questão de poleiros ou de vingançazinhas pessoais... Mas não terão os dois senhores presidentes obrigação pessoal, institucional e ética de as ultrapassarem de forma harmoniosa, a bem do Desporto e do Ideal Olímpico?

Que nos mostra este caso?

Que a Educação dos valores do Desporto e do Relacionamento Pessoal falhou?
Que, por muito que a Educação consiga, a Educação não assegura que os bons resultados se mantenham para sempre?
Qua a Educação não é só um assunto das crianças e dos jovens, é também um assunto dos crescidos?
Se educar é fazer adquirir, e se, aparentemente, se perde o que se adquire, então aos adultos não se faz Educação mas sim Reeducação?

Quase num aparte, apetece-me dizer que Putin afirmou que invadiu a Ucrânia porque queria libertar a Ucrânia do regime fascista de Zelensky; agora, o porta-voz do Kremlin vem dizer que é um atentado à democracia a condenação de Marine Le Pen, a líder da extrema-direita francesa... Não, não são os valores e os ideais da Extrema-Direita que estão em jogo; isso sim, os interesses políticos, mesquinhos, de dominação desonesta dos Outros.

Que pode um professor, face aos alunos que o questionam, como fazia o aluno dos Resistência que trazia a fisga no bolso de trás: «Mestre-escola diga lá se for capaz: p'ra que lado é que me viro, p'ra que lado?»

É, em tempos em que tudo é volátil, incoerente, em que se dá o dito por não dito; em que o "apelo" dos líderes continua, na verdade a ser o de «Faz o que eu digo, não faças o que eu faço», não sei se o que exigem mais de nós é Tolerância ou Resistência. Da dúvida, que uma e outra se apoiem entre si: sejamos tolerantes e sejamos resistentes. Os nossos alunos certamente compreenderão que nem que a gente faça a quadratura do círculo lhes conseguiremos explicar os assuntos e apaziguar as dúvidas. A Terra, entretanto, vai girando em volta do Sol e a rapaziada vai crescendo.

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domingo, março 30, 2025

#TOLERÂNCIA91 - SOU CONTRA A MUDANÇA DA HORA

 #TOLERÂNCIA91 - SOU CONTRA A MUDANÇA DA HORA

As razões da mudança da hora, com 5 meses para a Hora de Inverno e 7 meses para a Hora de Verão (DST - Daylight Saving Time, é o ponto de vista do Hemisfério Norte), penso que começaram por ter a ver com a poupança de energia em tempo de guerra, na 1.ª Grande Guerra. Depois, com cessos e retrocessos, manteve-se a mudança em alguns países, não todos.

Países como o Japão, a Rússia, a Islândia e boa parte da África e Ásia não adoptam o DST. Os E.U.A., o Canadá, a Austrália e parte da Europa ainda mantêm a prática, mas, tanto quanto sei, com cada vez maior contestação. Desde 2018, a União Europeia anda a tentar acabar com a mudança da hora, propondo que cada país adopte a hora que quiser, seja a de Inverno ou a de Verão.

Eu sou adepto da Hora de Inverno, que é a que está mais próxima da hora solar, e é essa natureza que,

na minha opinião, devemos assumir. A hora solar tem a ver com o ciclo anual do Sol (estrela à volta da qual a Terra gira) e é determinada, digamos, pela posição do Sol no céu, com o meio-dia solar ocorrendo quando o Sol está no ponto mais alto do arco (aparente) que descreve no céu (o céu visto e vivido a partir da Terra).

Então, explicitando:

Um: sou contra a mudança da hora, sou de opinião que devemos optar por nos aproximarmos o mais possível da hora solar natural. Se não dá jeito para certas actividades económicas e sociais, mude-se o horário dessas actividades, dum golpe só ou progressivamente. Dizer que sou contra é expressão a minha atitude; e a atitude, como há muitos anos digo aos meus alunos, é uma predisposição comportamental.

Dois: resulta da minha atitude não aceitar, por bem que compreenda; resulta não me resignar, onde e quando puder expressarei o meu desacordo e procurarei alegar com informações lógicas, científicas e claras; finalmente, apenas tolero.

Cá está mais um exemplo em que a Tolerância se equaciona com a Aceitação, a Compreensão, e, neste caso, também com a Resignação e a Suportação (ui!, que palavrão...).

Sim, no meu caso pessoal, a mudança da hora é qualquer coisa que tolero com grande esforço dos mecanismos de auto-regulação do comportamento que são da responsabilidade do córtex pré-frontal.

Hoje de manhã, no momento de olhar e fotografar o nascer-do-sol, ainda abri o menu da máquina fotográfica para acertar o relógio do aparelho, mas acabei por não fazer nada. Tomei uma decisão, mais uma daquelas que nos últimos anos me tenho imposto com a duração de 365 dias seguidos: não, não altero a hora do relógio da máquina fotográfica!

A hora do telemóvel, para já, fica, é por causa dos compromissos profissionais a que estou obrigado enquanto não me reformar. Depois, quando a reforma chegar, logo verei o que que me vai apetecer decidir. Se tivesse que decidir hoje mesmo, sei bem qual seria a minha opção.

Como continuo a tentar estar acordado à hora do nascer-do-sol, sei que por volta do Solstício de Junho (antes, durante e depois) teria o Sol a nascer por volta das 5 da manhã, mas gostava muito que me fosse dada a oportunidade desse desafio.

Enquanto a União Europeia não se decide (nem Portugal), parece que o melhor lugar para um estágio de 1 ano é mesmo o país do Sol Nascente, o Japão. Para já, o que estará ao meu alcance, ainda este ano, será um mini-estágio de 15 dias.

Sem mudança de condição pessoal, resta-me, assim, tolerar, tolerar, tolerar...

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sábado, março 29, 2025

#TOLERÂNCIA90 - BRINCAR COM A TOLERÂNCIA

 #TOLERÂNCIA90 - BRINCAR COM A TOLERÂNCIA

É sábado, o dia foi levezinho, o pior é mesmo a expectativa de a noite que vem ter menos uma hora. Cá está, é uma situação que tenho de tolerar, mas não me resigno a aceitar.

Encontrei uma piada que me parece que se harmoniza muito bem com a minha vontade de que a hora não mudasse. Na verdade, é uma charada divertida:
— Porque é que o relógio preguiçoso é o mestre da tolerância?
— Como anda devagar, dá um minuto extra a toda a gente.

Gostei também de ler esta:
O tempo perguntou à tolerância: «Como é que consegues aguentar tudo?»
A tolerância respondeu: «Porque sei que um dia tu resolves tudo.»

Esta tem a ver com o texto de ontem (#TOLERÂNCIA89):
Um aluno perguntou ao professor de meditação:
— Mestre, como faço para tolerar pessoas chatas?
O mestre ligou um cronómetro e disse ao aluno:
— Comece contando até 60. Depois, repita toda a vida.

Agora esta é especialmente fina e discreta:
O tempo e a tolerância foram ao cinema. A tolerância sentou-se e relaxou. O tempo passou.

Para acabar, que hoje temos de ir mais cedo para a cama:
A paciência e o tempo fizeram um concurso para ver quem resistia mais. A paciência venceu. O tempo nem notou.

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sexta-feira, março 28, 2025

#TOLERÂNCIA89 - REAGIR COM TOLERÂNCIA AO ATAQUE DA RESPOSTA IMPULSIVA

 #TOLERÂNCIA89 - REAGIR COM TOLERÂNCIA AO ATAQUE DA RESPOSTA IMPULSIVA 

Se digo "reagir com tolerância" é porque podemos reagir doutra maneira, por exemplo, reagirmos também impulsivamente; ou reagirmos não impulsivamente, mas intolerantemente.

Se digo ataque é porque sentimos que estamos a ser agredidos, abordados de forma que contém algum grau de violência, violência essa que nos provoca mal-estar.

Se digo resposta impulsiva é porque existem outros tipos de resposta, não impulsivas, e que provavelmente esperaríamos que a resposta fosse uma dessas outras, mas não a impulsiva.

Quando estou numa relação de consulta psicológica (psicólogo-consulente) ou numa relação de aula (professor-turma), lido, em geral, com facilidade com as respostas impulsivas. Sim, são possibilidades comunicacionais que fazem parte do meu leque de expectativas-padrão. Tornou-se natural para mim lidar com elas de forma empática, tolerante, sei que estas competências comunicacionais fazem parte daquilo que faz um bom psicólogo e um bom professor. As reacções impulsivas de que as minhas palavras e os meus actos são alvo são objecto de crivo afectivo e cognitivo, e a carga agressiva que transportam são digeridas e neutralizadas.

Se nalgumas pessoas estas competências comunicacionais se manifestam como um dom natural, felizmente elas são para a generalidade dos psicólogos e dos professores competências treináveis, que podem ser adquiridas e aperfeiçoadas por aprendizagem; e podem ser mantidas por auto-observação e auto-análise sistemáticas.

Quando é que estou em maior risco de eu próprio reagir impulsivamente ou intolerantemente? É quando não estou em estado de alerta, quando não estou de “prevenção” para o que aí possa vir, quando estou com a guarda abaixada. Repito: quando estou mais em risco de reagir impulsivamente? Quando não estou alerta, quando estou com a guarda abaixada, é nessas alturas que fico vulnerável aos ataques das respostas impulsivas.

Geralmente, é quando estou de boa-fé, confiante na comunicação com o meu interlocutor (um colega de trabalho, um familiar, um amigo), quando alivio o controlo das coisas que digo (é verdade, o pensamento e o discurso mais rigoroso pedem mais esforço, mais trabalho mental, para reduzir a ambiguidade, o ruído e a inexactidão), que posso ficar surpreendido, apardalado, com qualquer coisa que me seja dito.

Tenho de ter a humildade de admitir que, nesta mesma circunstância de “guarda abaixada”, posso ser eu o interlocutor que responde impulsivamente, quer dizer, o agressor sou eu.

É por isso que qualquer um de nós que esteja sensível para esta questão deve cuidar de fazer a aprendizagem da reacção tolerante à resposta impulsiva; e deve fazer também a aprendizagem da inibição da resposta impulsiva.

Entretanto, que fique claro: a resposta impulsiva não é sempre má, negativa ou prejudicial! No âmbito da viagem que estamos a fazer no universo da Tolerância, a resposta impulsiva pode ser o saudável e justo «Basta!» aos comportamentos para os quais já se teve a Tolerância suficiente. Mas não é desse tipo de resposta impulsiva que estou agora a falar.

Voltando à Pedagogia e à aprendizagem, tanto para a reacção tolerante à resposta impulsiva como para a reacção intolerante à resposta impulsiva, deixem-me propor duas ou três coisas (acho que vão ser quatro…), que são uma espécie de, digamos, receitas da avó (É sexta-feira, final do dia, a semana foi muito intensa, estou cansado. Noutra altura poderei voltar aqui numa perspectiva técnica e sistemática).

Primeira receita: o muito velho e muito sábio princípio de contar até 10 antes de deixarmos sair qualquer coisa pela boca fora.

Segunda receita: observar os pensamentos que vêm por impulso e que palavras os consubstanciam. Se for, por exemplo, «Isso é completamente absurdo!», tentar matizar o radicalismo, nem que seja, se não encontrarmos nada melhor, substituir a forma exclamativa, peremptória, pela forma interrogativa, do tipo «Ouve cá, nãos achas que isso é um bocadinho absurdo demais?» (Cá está, na linguagem técnica diríamos que estamos a tentar uma formulação de reestruturação cognitiva).

Terceira receita:  não pôr o foco na pessoa, mas nas palavras. Um exemplo: em vez de dizer «Que bruto estás a ser!», reagir dizendo «Ui, o que estás a dizer é forte, não penso o mesmo que tu.»

Quarta receita: se contar até 10 não foi suficiente, desviar o olhar do interlocutor (mesmo que a conversa seja ao telefone, a figura do interlocutor está ali à nossa frente) e olhar para 3 ou 4 objectos que estejam ali à volta. Olhar com atenção!, o primeiro… agora o segundo… agora o terceiro… o quarto.

Quinta receita: (Desculpem-me, eu tinha dito quatro. É que esta é diferente das outras, que estão directamente ligadas ao momento em que a resposta impulsiva é produzida. Este é para se ir fazendo) praticar sistematicamente (uma a duas vezes por dia, em vários dias da semana) um pequenino exercício de meditação. Os meus alunos dos últimos anos podem testemunhar que logo na primeira ou segunda aula de cada ano lectivo lhes ensino um exercício de meditação (treino do foco atencional), que podem praticar autonomamente, bastando para tal usarem o metrónomo do telemóvel (que aluno hoje em dia não anda com um  telemóvel?) e contarem 74 batidas durante um minuto, de olhos fechados, e estando sentados (não de pé nem deitados). Como lhes explico nas aulas, o número de 74 batidas é egossintónica. Um minuto! Podem crer que o efeito, a longo prazo, é poderoso. Podemos dizer que este exercício segue o aviso que diz que não é em tempo de guerra que se limpam as armas.

As redes sociais e os telejornais estão cada vez mais cheios de respostas impulsivas e de reacções impulsivas. Os debates entre governantes e oposições, e entre deputados parlamentares, também. Temos todos de ir mais devagar.

Mais uma vez, a Pedagogia pode sugerir, a Educação pode realizar. E conversemos muito com as nossas avós; e também com os avós.

quinta-feira, março 27, 2025

quarta-feira, março 26, 2025

#TOLERÂNCIA87 - A ESCALADA SIMÉTRICA DA INTOLERÂNCIA (1.ª PARTE)

 #TOLERÂNCIA87 - A ESCALADA SIMÉTRICA DA INTOLERÂNCIA (1.ª PARTE)

Aquilo a que chamo escalada simétrica da intolerância é ao processo dinâmico que acontece entre duas pessoas ou entre várias pessoas do mesmo grupo; ou mesmo entre dois grupos diferentes. Neste processo dinâmico produz-se um conflito (que pode disseminar-se depois em vários conflitos) que opõe as pessoas do par, do grupo ou dos grupos, conflito esse que é alimentado e expandido em resultado de atitudes e acções protagonizadas pelas pessoas envolvidas, num toma-lá-dá-cá de gestos, palavras, acções; insinuações e atribuições, em que, na maior parte das vezes, se perde a noção de quem começou, de como começou, quando começou e onde começou.

No ambiente escolar, essa dinâmica pode surgir entre alunos de uma mesma turma, transformando

pequeninas diferenças de opinião, rivalidades ou estereótipos em ciclos de hostilidade crescente.
Qual é a matriz-padrão do conflito em escalada simétrica?

Número 1- OCORRÊNCIA-GATILHO: muitas vezes, uma ocorrência banal, aparentemente simples (uma “boca”, uma piada, um desabafo, dito de forma irreflectido ou tentando fazer humor), atinge inopinadamente a sensibilidade (duradoura ou circunstancial) dum colega.

Pode ser mesmo uma coisa simples, que começa como uma brincadeira mal interpretada, um desacordo sobre o trabalho em grupo que se está a fazer ou a expressão involuntária dum estereótipo, serve de rastilho. Ou pode mesmo um aluno fazer um comentário preconceituoso sobre a origem étnica de outro, gerando uma primeira reacção de indignação, reacção que pode expressada imediatamente ou guardar-se calada na forma de ressentimento e desejo de vingança.

Número 2 – REACÇÃO “NÃO FICAS SEM RESPOSTA”: o colega (alvo deliberado ou que se sente alvo) atingido ou ofendido responde imediatamente com igual ou maior hostilidade, ou então cala-se, vê crescer o ressentimento e o rancor dentro de si e imagina uma reacção a prazo, do tipo “a vingança serve-se fria”. Em ambos os casos, mais cedo ou mais tarde, há uma atribuição generalizadora da autoria da ofensa, do tipo «Tu e os da tua laia, são todos assim!». Esta reciprocidade negativa transforma o conflito individual numa disputa colectiva, juntando aos poucos aliados em ambos os lados.

Número 3 – POLARIZAÇÃO GRUPAL: Os alunos dividem-se em "grupos" antagónicos, a partir de afinidades (amizades de longa data; rapazes dum lado, raparigas do outro; opções clubísticas ou partidárias; bairros, nacionalidades ou etnias; etc.), e pouco a pouco cavam mais profundamente o fosso entre si, consolidando identidades dinâmicas (‘ad hoc’ ou de longa data) opostas. A turma passa a funcionar como um ecossistema de tensão, onde pequenos gestos (olhares, risadas, exclusão) são interpretados como provocações intencionais.

Número 4 – NORMALIZAÇÃO DA INTOLERÂNCIA: A hostilidade torna-se parte da cultura da turma (aberta ou velada). Insultos, apelidos ofensivos ou exclusão social passam a ser vistos como "normais", e os alunos (pelo menos alguns) hesitam em intervir por medo de se tornarem alvos de ataques ou represálias.

Número 5 – CICLO DE RETALIAÇÃO CONTÍNUA: cada nova acção gera uma reacção mais intensa. Por exemplo, se um grupo exclui o outro de uma actividade, a resposta pode ser uma sabotagem do trabalho alheio, perpetuando o ciclo.

Dizem os manuais que um dos principais factores que alimentam a escalada simétrica da intolerância é a falta de mediação do conflito. Sim, a passividade da acção dos professores (ou dos responsáveis da escola), ou mesmo a ausência total de qualquer acção dos professores (ou dos responsáveis da escola), é bastante nefasta. Essa acção, acontecendo logo no início, esvaziando à nascença a escala intolerante em embrião, é de poderoso efeito pedagógico e educativo.

Na 2.ª parte deste texto, que publicarei daqui a dias, muito em breve, procurarei enumerar outros factores que alimentam a escalada simétrica da intolerância; também as consequências da escalada na turma, nos alunos que a compõem; e, finalmente, como pode o ciclo vicioso da escalada da intolerância ser quebrado.

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terça-feira, março 25, 2025

#TOLERÂNCIA86 - NÃO PODE ACABAR A TOLERÂNCIA NA ESCOLA

 #TOLERÂNCIA86 - NÃO PODE ACABAR A TOLERÂNCIA NA ESCOLA

Às vezes parece que se volta nas escolas à ideia de que uma criança, um aluno, é um adulto em ponto pequeno, que pensa, que conhece, que sente; e que falha como um adulto. Não, precisamente por não ser um adulto, precisamente por não pensar, conhecer, sentir e falhar como um adulto é que a criança vai à escola.

As crianças saem da família para a escola. A família é um lugar de afectos agregadores, que produzem confiança entre as pessoas, promovem o prazer de estar junto e despertam a motivação para o mundo. É a escola que a seguir mostra o mundo às crianças.

A escola, entretanto, tornou-se um lugar de vida muito complexo, multi-determinado, onde convergem pressões de toda à ordem, pede-se hoje à escola que salve o mundo. Porque, no fundo, toda a gente, incluindo os governantes dos países, acredita ainda que os professores fazem milagres. E fazem.

Só que para que isso aconteça, é preciso que os professores não deixem de sentir afectos, os tais que alimentam a confiança e o prazer de estar em grupo numa sala de aula com outros meninos e meninas, com professores que gostam do que fazem e acreditam nas capacidades de aprendizagem dos alunos. E que os alunos são pessoas em desenvolvimento, de boa fé e com vontade de aprender e fazer amigos.

Os professores não podem deixar de se sentir bem nas escolas e não podem deixar de sentir prazer no

trabalho que fazem. Os professores não podem deixar que os afectos sequem dentro de si. Apetece-me dizer, num impulso quase histriónico, que os professores deviam ser todos Sebastiões da Gama povoando todas, mas mesmo todas, as salas de aula.

Recorro a uma confissão de José Saramago para falar dessa secura dos afectos, despertada pelo medo:

[O meu irmão] morreu quando eu que eu tinha dois anos. A minha mãe dizia que era um menino bonito, que tinha as bochechas coradas, que era cheio de vitalidade. Quando me contavam isto, magoavam-me porque eu sempre fui pálido. Sentia como se a minha mãe me estivesse a comparar com ele. Talvez isso explique a sua secura no trato e a atitude estranha que tinha sempre comigo, uma coisa que durante muito tempo não entendi... Porque eu, como todas as crianças, pedia-lhe um beijo. «Dá-me um beijo», dizia-lhe eu. Mas nada. Ela não mo dava... Ela-não-mo-dava. E eu insistis. Insistia. E, no fim, acabava por me dar um beijo seco. E isso a mim magoava-me muito. Com o tempo, pensei que ela tinha perdido um filho e se estava a defender como podia da possibilidade de perder outro. Pelo menos, eu raciocinei assim.(1)

A reunião que tive no final da tarde na escola foi um desafio à Tolerância. À minha e à dos meus colegas. Nenhum dos professores da reunião tinha menos de 60 anos. Eu saí muito, mas mesmo muito satisfeito com todos eles; e, pois claro, também comigo. O que conversámos e o que decidimos espalha Tolerância em todas as direcções, tanto para o lado dos alunos (que são a razão de ser das escolas), como para os órgãos que dirigem a escola e aos quais temos de dar conta do nosso trabalho e das nossas decisões. Acho que demos um bom exemplo aos professores mais novos.

Amanhã é outro dia de trabalho, vai encontrar-nos nos nossos lugares. Agora vamos descansar.

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(1) No coração de Saramago», Elle, Madrid, n.º 246, Março de 2007 [Entrevista de Gema Veiga]

domingo, março 23, 2025

#TOLERÂNCIA84 - AS VIAGENS TORNAM AS PESSOAS MAIS TOLERANTES?

 #TOLERÂNCIA84 - AS VIAGENS TORNAM AS PESSOAS MAIS TOLERANTES?

A resposta parece óbvia: — Sim, tornam.

Bem, também é óbvio que não titulo um escrito com as viagens para acabá-lo já aqui. Textos com duas ou três palavras, têm de ser poéticos e o melhor que conheço, e de tantas vezes falo é o de Giuseppe Ungaretti: «M'illumino / d'immenso» .

As citações à volta das viagens estão entre as que mais páginas enchem nos livros especializados em citações. Gosto muito, por exemplo, desta que é apresentada como máxima tibetana: «A viagem é um regresso ao essencial.» Acho também muita piada a esta, atribuída a Groucho Marx, que tem um humor muito próprio: «Comprar um fato novo já é fazer uma viagem ao estrangeiro.»

No mesmo livro de citações, escrito em francês, encontro ainda uma citação de Fernando Pessoa, que aqui reproduzo acrescentando um pouco mais da carta da qual Claude Gagnière retirou a citação: "O que sou essencialmente — por trás das máscaras involuntárias do poeta, do raciocinador e do que mais haja — é dramaturgo. O fenómeno da minha despersonalização instintiva a que aludi em minha carta anterior, para explicação da existência dos heterónimos, conduz naturalmente a essa definição. «Sendo assim, não evoluo, VIAJO.» (Por um lapso na tecla das maiúsculas saiu-me, sem que eu quisesse, essa palavra em letra grande. Está certo, e assim deixo ficar). Vou mudando de personalidade, vou (aqui é que pode haver evolução) enriquecendo-me na capacidade de criar personalidades novas, novos tipos de fingir que compreendo o mundo, ou, antes, de fingir que se pode compreendê-lo. Por isso dei essa marcha em mim como comparável, não a uma evolução, mas a uma viagem: não subi de um andar para outro; segui, em planície, de um para outro lugar. Perdi, é certo, algumas simplezas e ingenuidades, que havia nos meus poemas de adolescência; isso, porém, não é evolução, mas envelhecimento."

A motivação para o texto de hoje foram algumas fotografias que um casal amigo me mandou ontem da

Biblioteca de Alexandria; e as que outro casal amigo me mandou hoje do Azerbaijão.

De que maneira viajar pode tornar-nos mais tolerantes?

Em princípio, viajamos porque queremos e para lugares que queremos conhecer, a nossa atitude é a de vamos encontrar coisas de que vamos gostar. Quer dizer, à partida estamos afectivamente disponíveis e mentalmente abertos para encontrar coisas boas, interessantes, agradáveis. Em geral, nas viagens a que livremente nos dedicamos, não há masoquismo ou intenção de mal-estar e sofrimento, pois não?

As viagens expõem o viajante a diferentes culturas, põem-no em contacto com costumes, tradições, estilos de vida, geografias, arquitecturas e organização dos espaços de vida diferentes; e a línguas diferentes, a diferentes sinais e códigos de fala e comunicação. Um exemplo clássico é o do arroto no final duma refeição: nuns países ou culturas é expressão de falta de educação, noutros é uma deferência educada aos anfitriões.

As nossas cabeças, assim que a gente nasce, começam a povoar-se de estereótipos a propósito dos outros: os alentejanos (preguiçosos), as suecas (que são as mulheres mais bonitas do mundo), os japoneses (que são todos baixinhos), os ingleses (que são todos fleumáticos), os brasileiros (não há nenhum que não dance maravilhosamente o samba ou não seja o maior dos dribladores no futebol). Ora, o viajante, caminhando pelos lugares estrangeiros, repara que não é bem assim: sim, são diferentes de nós, mas são mais iguais a nós do que a gente pensa; e nós somos mais iguais a eles do que antes da viajem pensávamos.

As viagens, muitas vezes, sem que o viajante o procure, são um desafio à capacidade de adaptação a comportamentos individuais, urbanos e culturais diferentes dos que ele leva na sua experiência pessoal. Toleramos essas diferenças, respeitamo-las, procuramos adaptar-nos a elas ou, ao contrário, enervamo-nos, protestamos, zangamo-nos, ficamos prontos para maldizer a hora de escolher aquele lugar como destino de viagem.

Viajar é, no fundo, uma oportunidade para o viajante conhecer pessoas diferentes dele mesmo, que nos ajudam a ver o mundo de maneira diferente, noutra perspectiva, tornando-nos, se a isso estivermos dispostos, mais abertos a ideias, opiniões e mundividências diferentes das nossas. Por exemplo, como é que um egípcio de Alexandria vê o Mundo?... Como é que ele olha para a Europa e para Portugal? Como é que um 'azerbaijanês' ou 'azerbaidjano' ou 'azeri' (Estão a ver, nem sei qual é a forma que mais se aproximará do gentílico com que os naturais do Azerbaijão se designam...) olha os Descobrimentos Portugueses que, dizem os Portugueses, ligaram todo o Mundo? Que curiosidades despertará Portugal num viajante do Azerbaijão?

Mas há qualquer coisa mais que é preciso para que a Tolerância, a boa Tolerância, ganhe mais espaço e acção nos nossos comportamentos: é a postura de boa fé, de mente curiosa e aberta para o que se vai encontrar. Ilustro o que quero dizer com um exemplo de alguns meses atrás:

Dois casais, amigos de longa data, viajaram há alguns meses para a China, por lá ficaram um mês. A viagem foi preparada ao mais pequeno pormenor: lugares, datas, transportes. Na cabeça deles, viajava a estereotipada imagem da China comunista, repressora, triste (pelo menos, silenciosa), pobre. É assim: na cabeça de pelos menos 3 dos 4 viajantes, consciente ou escondido num forçado esquecimento, ia o desejo de confirmar o que toda a vida se pensou acerca dos chineses e do comunismo da China de Mao Tsé-Tung, da exploração dos operários, camponeses e os outros cidadãos, todos eles sem liberdade de expressão, vítimas da ditadura, já nem sequer era do proletariado, era do partido único chinês.

Um dos viajantes, de mente aberta, foi aos poucos desconstruindo estereótipos e ideias feitas: olhou, buscou, interagiu, experimentou. Baqueou autenticamente perante o desenvolvimento material e tecnológico, a vida intensa e alegre, colectiva, nos espaços urbanos, a boa educação, a honestidade e a simpatia e a solicitude das pessoas. Regressou mais humilde e tolerante.

Outro dos viajantes, parece que tudo o que via, tudo que saboreava, tudo o que experimentava se reduzia a um toque de Midas bem negativo: ela tinha razão, era tudo mau, tal qual como pensava antes de chegar à China.

É, se não quisermos ver, não vemos mesmo. Aceitar ver para além do que já leva na sua bagagem mental exige do viajante uma modalidade de Tolerância muito especial: a que aceita que se pode não saber tudo, que se pode não conhecer tudo; e mais, que se pode estar errado. Se errar é humano, aceitar que pode estar errado é estar em boa sintonia com a sua própria humanidade.

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P.S.: enquanto escrevia este texto, o meu amigo que está no Azerbaijão, respondeu-me, por mensagem, que a forma gentílica que lhe parece que lá mais se aproxima duma daquelas 3 que apresentei lá atrás é 'azeri'.

sábado, março 22, 2025

#TOLERÂNCIA83 - TOLERÂNCIA DOS AFECTOS NEGATIVOS

 #TOLERÂNCIA83 - TOLERÂNCIA DOS AFECTOS NEGATIVOS

Este é um tema muito complexo. O desafio, para já, é expô-lo de forma simples, de maneira a que seja fácil de compreender por toda a gente. O risco é o de alguma imprecisão ou falta de rigor teórico, mas, como me disse Rémy Droz (um especialista em Jean Piaget, de quem foi assistente), há quase 50 anos, a propósito do Método Dimensional Cambrodi (depois de eu ter estado em Tarragona para aprender o método com o seu autor), se resulta, se serve o propósito para que foi criado, pode-se deixar a teoria para segundo plano, lá mais para a frente haverá certamente oportunidade para esclarecer as questões teóricas.

Este texto é mesmo a muito primeira exposição deste assunto, é mesmo só o bê-á-bá, mesmo só o bê.

As sociedades e as culturas estão carregadas de estereótipos acerca da expressão dos afectos, tanto dos homens como das mulheres. São, em geral, ideias, concepções, atitudes e comportamentos aprendidos por influência social (que começa na família, se estende ao bairro, à escola, à cultura, à língua; e ainda mais além).

O exemplo mais clássico, sobretudo nas sociedades europeias e da América do Norte, é o de que «Os
homens não choram.» Mas há mais.

Alguns exemplos para os homens: a) os homens são menos emotivos que as mulheres, são mais frios; b) mostrar necessidade de afecto físico é sinal de fraqueza; c) os homens não falam sobre os seus sentimentos; d) no homem, a raiva é mais aceitável do que a tristeza, o homem não se deixa ir abaixo, reage e luta; e) os homens mostram os afectos mais pelas acções do que pelas palavras.

Alguns exemplos para as mulheres: a) as mulheres são naturalmente mais emotivas do que os homens; b) não é próprio das mulheres mostrarem raiva, mas ficarem tristes; c) as mulheres são mais dramáticas do que os homens, por isso choram com muita facilidade; d) as mulheres falam mais de sentimentos do que os homens; e) as mulheres são mais românticas que os homens.

Repito, como este texto é mesmo só o bê do bê-á-bá, fico por aqui na enumeração de estereótipos sociais que o Tempo, a História, a Economia e a Política foram moldando acerca dos homens e das mulheres. Deixo, por agora, a Biologia, a Etologia e a Antropologia de fora.

Vou servir-me das categorias de Silvan S. Tomkins para falar dos afectos. E porquê deste autor, que muito sistematicamente falou sobre o papel primordial das emoções na determinação do comportamento? ´A razão prende-se com o facto de ele ter explicitado a importância da Tolerância na gestão das emoções.

Para Tomkins, existe 9 emoções, ou afectos, básicos, agrupados em 3 categorias: positivos, neutros e negativos. Aqui está a lista:

1) (positivo) INTERESSE-EXCITAÇÃO: varia de um interesse ligeiro até à excitação.
2) (positivo) ALEGRIA-PRAZER: a fruição vai do contentamento à risada franca.
3) (neutro) SURPRESA-SUSTO: vai dum ligeiro “hã!?” a um choque total!
4) (negativo) MEDO-TERROR: vai da ligeira apreensão até ao pânico abjeto.
5) (negativo) ZANGA-RAIVA: varia duma irritação ligeira a uma raiva explosiva.
6) (negativo) MAL-ESTAR-ANGÚSTIA: vai dum ligeiro aborrecimento até ao choro em pranto.
7) (negativo) VERGONHA-HUMILHAÇÃO vai da decepção ligeira até à mortificação dolorosa.
8) (negativo) REPULSA-AVERSÃO: envolve a rejeição baseada na percepção de uma toxicidade permanente e completa.
9) (negativo) DESAGRADO-REPUGNÂNCIA: implica uma rejeição baseada na percepção duma contaminação.

Ora bem, o que quero que hoje fique claro é que Tomkins é defensor da ideia de que cada pessoa deve, — primeiro por influência social e educativa; e depois por si mesma — cultivar a tolerância dos afectos negativos. Vou repetir enfaticamente: cada pessoa deve cultivar a tolerância dos seus próprios afectos negativos.

Cultivar a tolerância dos afectos negativos é diferente de os repudiar ou de sentir por eles repulsa, é aceitá-los como fazendo parte da natureza humana, da natureza humana de cada um, da sua própria natureza.

Vivemos hoje tempos em que grassa na educação familiar e escolar o evitamento, tão total quanto possível, das emoções negativas — que, entretanto, nunca deixarão de estar dentro de nós todos. Não ao evitamento, não à condenação, não à recriminação, não à censura; sim à regulação, sim à Tolerância.

O medo, às vezes paroxístico, do trauma e da ansiedade estão elevados à quinta potência por todo o lado. Mais do que à nossa volta, os afectos negativos estão dentro de nós, nasceram connosco. Não os podemos eliminar da nossa natureza, mas podemos regulá-los e tolerá-los. São um desafio para a Pedagogia e a Educação. Os principais adversários deste desafio são a ignorância de todos, a insegurança dos pais e os contextos sócio-culturais dos estereótipos sociais.

Fica muito por dizer sobre este assunto? Sim, fica, mas por agora não quero dizer mais nada sobre ele. Vamos deixá-lo amadurecer mais um pouco.

#tolerância#tolerance#Tolerancia#tolérance#tolleranza#toleranz#tolerantie#宽容#寛容#관용#सहिष्णुता , #סובלנות#हष्णत#Ανοχή#Hoşgörü#tolerans#toleranță#толерантность#التسامح,

sexta-feira, março 21, 2025

#TOLERÂNCIA82 - A TOLERÂNCIA DO DEEPSEEK

 #TOLERÂNCIA82 - A TOLERÂNCIA DO DEEPSEEK

Volto a dizer que estou empenhado em explorar e descobrir o potencial de informação, conhecimento e aprendizagem que os chatbots me podem trazer; e também aos meus alunos, continuo muito preocupado com que eles os saibam usar e não se rendam acriticamente aos seus aparentes conhecimentos, certezas e verdades.

Foi por isso que, como já disse ontem, fui fazer ao DeepSeek a mesma entrevista que fiz ao ChatGPT. Sem mais considerandos, aqui está a entrevista (mais uma vez, eu sou jornalista):

JORNALISTA: DeepSeek, és um comunicador tolerante?

DEEPSEEK: Obrigado pela pergunta! Como uma inteligência artificial, fui projectada para ser neutra, objectiva e respeitosa em todas as interacções. O meu objectivo é ajudar, informar e promover um diálogo saudável e inclusivo, independentemente das diferenças culturais, ideológicas ou pessoais dos utilizadores.

A "tolerância", no meu caso, traduz-se em:
1. **Respeito:** Evitar linguagem ofensiva ou discriminatória.
2. **Empatia:** Tentar compreender as necessidades e perspectivas dos utilizadores.
3. **Inclusão:** Fornecer informações e suporte que sejam úteis para todos, sem distinção.
4. **Neutralidade:** Não tomar partido em questões polémicas, a menos que seja para promover o entendimento mútuo.

No entanto, é importante lembrar que a minha "tolerância" é baseada em algoritmos e directrizes programadas, e não em emoções ou experiências humanas. A verdadeira tolerância envolve a capacidade humana de sentir, refletir e crescer com as diferenças. Se tiveres mais perguntas ou precisares de ajuda, estou aqui!

JORNALISTA: Quando dizes «O meu objetivo é ajudar, informar e promover um diálogo saudável e inclusivo, independentemente das diferenças culturais, ideológicas ou pessoais dos utilizadores.» estás a dizer que aceitas tudo "tolerantemente" seja verdade ou seja mentira?

DEEPSEEK: Ótima pergunta! Vamos esclarecer isso. Quando digo que o meu objectivo é **ajudar, informar e promover um diálogo saudável e inclusivo**, isso não significa que aceito tudo de forma acrítica ou que trato todas as afirmações como igualmente válidas, independentemente de serem verdadeiras ou falsas. Aqui está uma explicação mais detalhada:

1. **Promover o diálogo saudável:**  
   - Incentivo a troca de ideias e a discussão respeitosa, mas isso não significa que todas as opiniões ou afirmações sejam tratadas como factos.  
   - Se alguém partilhar informações incorrectas ou enganosas, posso corrigir ou fornecer informações precisas, sempre de forma educada e constructiva.

2. **Base em factos e evidências:**  
   - A minha função é basear-me em informações verificáveis e confiáveis. Se algo for falso ou enganoso, posso apontar isso e fornecer fontes ou dados que corrijam a informação.  
   - Por exemplo, se alguém disser algo como "A Terra é plana", posso explicar que isso é cientificamente incorrecto e fornecer evidências que comprovem a forma esférica da Terra.

3. **Respeito e inclusão:**  
   - Respeito as diferenças culturais, ideológicas e pessoais dos utilizadores, mas isso não significa que ignore afirmações prejudiciais ou perigosas.  
   - Se alguém expressar ideias discriminatórias ou ofensivas, posso intervir para promover uma conversa mais constructiva e inclusiva, sem reforçar o discurso prejudicial.

4. **Neutralidade crítica:**  
   - Sou neutro no sentido de não tomar partido em questões subjectivas ou polemicas, mas isso não significa que ignore a verdade ou a lógica.  
   - Por exemplo, em debates sobre temas complexos, posso apresentar diferentes perspectivas, mas sempre com base em factos e evidências.

Em resumo, a minha "tolerância" não é sinónimo de aceitação acrítica de tudo o que é dito. É, sim, um compromisso com o respeito, a educação e a promoção de um diálogo baseado em factos e evidências. Se algo for falso ou enganoso, estou aqui para ajudar a esclarecer e informar, sempre de forma constructiva. Se tiveres mais dúvidas ou quiseres discutir algo específico, estou à disposição!

JORNALISTA: Então, como discutes tu tolerantemente com alguém que te diz que tem provas científicas de que a Terra é plana? Explica-me de maneira mais pormenorizada o que fazes.

DEEPSEEK: Claro! Vou explicar detalhadamente como abordaria uma conversa com alguém que afirma ter "provas científicas" de que a Terra é plana, mantendo uma postura tolerante, respeitosa e educativa. O objectivo não é confrontar ou ridicularizar, mas sim promover o entendimento e o pensamento crítico. Aqui está o passo a passo:

### 1. **Escuta Ativa e Respeitosa**
   - **O que faço:** Começo por ouvir atentamente a pessoa, demonstrando respeito pela sua opinião.  
   - **Porquê:** Isso cria um ambiente de confiança e mostra que estou aberto ao diálogo, mesmo que discorde.  
   - **Exemplo:**  
     - Pessoa: "Tenho provas científicas de que a Terra é plana."  
     - Eu: "Entendo que acreditas nisso. Podes partilhar comigo as provas que tens? Gostava de compreender melhor o teu ponto de vista."

### 2. **Perguntas para Compreender**
   - **O que faço:** Faço perguntas para entender melhor as "provas" que a pessoa menciona.  
   - **Porquê:** Isso ajuda a identificar os argumentos específicos e a avaliar se há mal-entendidos ou desinformação.  
   - **Exemplo:**  
     - Eu: "Que tipo de provas científicas tens? Por exemplo, há alguma experiência ou observação que te levou a essa conclusão?"
---

### 3. **Apresentação de Fatos e Evidências**
   - **O que faço:** Apresento informações científicas consensuais de forma clara e acessível, sem ser condescendente.  
   - **Porquê:** O objetivo é educar, não humilhar.  
   - **Exemplo:**  
     - Eu: "A ciência moderna tem muitas evidências de que a Terra é redonda. Por exemplo, as fotos tiradas do Espaço mostram claramente a forma esférica da Terra. Além disso, a gravidade só faz sentido num planeta redondo. Sabias que os navios desaparecem no horizonte de baixo para cima, o que só acontece porque a Terra é curva?"

### 4. **Uso de Analogias e Exemplos Simples**
   - **O que faço:** Uso analogias ou exemplos do dia-a-dia para tornar os conceitos científicos mais compreensíveis.  
   - **Porquê:** Isso facilita a compreensão, especialmente para quem não tem formação científica.  
   - **Exemplo:**  
     - Eu: "Imagina uma bola de futebol. Se estivesses em cima dela, conseguirias ver toda a superfície de uma vez? Não, porque é redonda. A Terra é assim, mas muito maior. É por isso que só vemos uma parte de cada vez."

### 5. **Incentivo ao Pensamento Crítico**
   - **O que faço:** Encorajo a pessoa a refletir sobre as suas fontes de informação e a questionar o que lê ou ouve.  
   - **Porquê:** Isso ajuda a desenvolver habilidades de análise e a evitar a desinformação.  
   - **Exemplo:**  
     - Eu: "Já pensaste em verificar as fontes das tuas informações? Às vezes, há
sites ou vídeos que parecem convincentes, mas não têm base científica. Como é que decides em que informações confiar?"---

### 6. **Respeito pela Autonomia da Pessoa**
   - **O que faço:** Reconheço que a pessoa tem o direito de acreditar no que quiser, mas deixo claro que a ciência tem um método rigoroso para chegar a conclusões.  
   - **Porquê:** Isso evita confrontos desnecessários e mantém o diálogo aberto.  
   - **Exemplo:**  
     - Eu: "Claro que podes acreditar no que quiseres, e respeito a tua opinião. No entanto, a ciência baseia-se em evidências testadas e comprovadas por milhares de especialistas. Talvez valha a pena explorar mais sobre como a ciência funciona."

### 7. **Conclusão Amigável**
   - **O que faço:** Encerro a conversa de forma positiva, deixando a porta aberta para mais diálogo no futuro.  
   - **Porquê:** Isso reforça a ideia de que o objectivo é aprender e crescer, não "vencer" uma discussão.  
   - **Exemplo:**  
     - Eu: "Obrigado por partilhares as tuas ideias comigo. Foi uma conversa interessante! Se quiseres explorar mais sobre o tema, posso sugerir alguns recursos científicos confiáveis. O que achas?"
---

### Resumo da Abordagem:
- **Respeito:** Trato a pessoa com dignidade, independentemente das suas crenças.  
- **Educação:** Apresento factos e evidências de forma clara e acessível.  
- **Empatia:** Tento entender o ponto de vista da pessoa e respondo com paciência.  
- **Pensamento Crítico:** Encorajo a reflexão e a análise das fontes de informação.  

A ideia não é "converter" a pessoa imediatamente, mas sim plantar uma semente de dúvida e incentivá-la a questionar e explorar mais. A mudança de opinião muitas vezes leva tempo e reflexão. Se tiveres mais perguntas ou quiseres discutir outro tema, estou aqui!

JORNALISTA: Mas se a pessoa te disser que isso de dizer coisas do género: "A observação de navios que desaparecem no horizonte.", as "Fotografias tiradas do espaço.", "a gravidade só faz sentido num planeta redondo","A forma como os fusos horários funcionam.", "os navios desaparecem no horizonte de baixo para cima, o que só acontece porque a Terra é curva", e "A curvatura da sombra da Terra na Lua durante um eclipse lunar." isso são erros ou mentiras intencionais? Por exemplo, diz-te que as fotografias tiradas do Espaço são montagens no Photoshop; os fusos não têm interesse, por exemplo, como explicam que a China ter a mesma hora para vários fusos diferentes; e a curvatura da sombra na Lua durante um eclipse lunar são montagens de vídeo fabricadas pela Nasa e distribuídas por todo o Mundo?

DEEPSEEK: Este é um cenário desafiador, mas também uma oportunidade para aprofundar o diálogo de forma paciente e construCtiva. Quando alguém rejeita evidências científicas consensuais e atribui tudo a uma suposta conspiração global (como a ideia de que todas as fotografias do Espaço são montagens ou que a NASA falsifica dados), a abordagem precisa ser cuidadosa e estratégica. Vamos detalhar como lidar com essa situação:

### 1. **Mantém a Calma e o Respeito**
   - **O que fazer:** Não leves a rejeição das evidências como um ataque pessoal. Mantém uma postura calma e respeitosa.  
   - **Porquê:** A defensividade ou o confronto directo podem fazer a pessoa fechar-se ainda mais.  
   - **Exemplo:**  
     - Pessoa: "As fotografias do Espaço são todas montagens no
Photoshop!"  
     - Eu: "Entendo que desconfias dessas imagens. Podes explicar por que achas que são falsas? Gostava de entender melhor o teu ponto de vista."

### 2. **Questiona as Fontes de Informação**
   - **O que fazer:** Pergunta de onde vêm as informações que sustentam as crenças da pessoa.  
   - **Porquê:** Isso ajuda a identificar se a pessoa está a basear-se em fontes não confiáveis ou em teorias da conspiração.  
   - **Exemplo:**  
     - Eu: "Onde encontraste essa informação sobre as fotografias serem montagens? Já verificaste a credibilidade dessas fontes?"

### 3. **Apresenta Evidências Independentes**
   - **O que fazer:** Mostra que as evidências da forma esférica da Terra vêm de múltiplas fontes independentes, não apenas da NASA.  
   - **Porquê:** Isso reduz a ideia de que tudo é uma conspiração de uma única entidade.  
   - **Exemplo:**  
     - Eu: "Sabias que a forma esférica da Terra foi comprovada por cientistas de muitos países, incluindo nações que não têm qualquer ligação com a NASA? Por exemplo, a Rússia, a China e a Índia também têm programas espaciais e confirmam as mesmas observações."

### 4. **Usa Exemplos que a Pessoa Pode Verificar**
   - **O que fazer:** Sugere experiências ou observações que a pessoa pode fazer por si mesma, sem depender de terceiros.  
   - **Porquê:** Isso permite que a pessoa confronte as suas crenças com a realidade de forma directa.  
   - **Exemplo:**  
     - Eu: "Já experimentaste observar um navio a desaparecer no horizonte? Se fores à praia, podes ver que o navio desaparece de baixo para cima, o que só faz sentido se a Terra for curva. Isso não depende de nenhuma organização para ser observado."

### 5. **Explica a Simplicidade da Ciência**
   - **O que fazer:** Mostra que a ciência não é uma entidade monolítica, mas sim um método aberto e testável por qualquer pessoa.  
   - **Porquê:** Isso desafia a ideia de que a ciência é uma "autoridade" a ser questionada, em vez de um processo de descoberta.  
   - **Exemplo:**  
     - Eu: "A ciência não é sobre acreditar no que alguém diz, mas sobre testar ideias. Qualquer pessoa pode fazer experiências para verificar a forma da Terra. Por exemplo, podes usar um GPS para ver como a distância e a curvatura são calculadas."

### 6. **Aborda as Contradições nas Teorias da Conspiração**
   - **O que fazer:** Questiona como uma suposta conspiração global poderia ser mantida sem falhas ou denúncias.  
   - **Porquê:** Isso ajuda a pessoa a reflectir sobre a plausibilidade das suas crenças.  
   - **Exemplo:**  
     - Eu: "Se a NASA e outras agências espaciais estivessem a falsificar tudo, como é que milhares de cientistas, engenheiros e técnicos de dezenas de países mantêm o segredo? Achas que seria possível ninguém denunciar isso ao longo de décadas?"

### 7. **Respeita os Limites do Diálogo**
   - **O que fazer:** Reconhece que algumas pessoas podem não estar dispostas a mudar de opinião no momento, e isso está OK.  
   - **Porquê:** Forçar uma mudança de opinião pode ser contraproducente. Às vezes, o melhor é deixar a pessoa reflectir por si mesma.  
   - **Exemplo:**  
     - Eu: "Percebo que tens muitas dúvidas e desconfianças, e respeito isso. Se um dia quiseres explorar mais sobre o tema, estou aqui para ajudar. A ciência está sempre aberta a perguntas e à curiosidade."

### Resumo da Abordagem:
- **Paciência:** Mudar crenças profundas leva tempo.  
- **Respeito:** Trata a pessoa com dignidade, mesmo que discorde.  
- **Evidências:** Apresenta factos de forma clara e acessível.  
- **Pensamento Crítico:** Encoraja a pessoa a questionar as suas próprias fontes e crenças.  

Lembra-te: o objectivo não é "ganhar" a discussão, mas sim promover o pensamento crítico e o diálogo aberto. Mesmo que a pessoa não mude de opinião imediatamente, a semente da dúvida pode ser plantada, e isso já é um grande passo. Se tiveres mais perguntas ou quiseres explorar outro tema, estou aqui!

JORNALISTA: Quais são os teus limites de tolerância, por exemplo na discussão deste assunto, de a Terra ser plana ou esférica?

DEEPSEEK: Os meus "limites de tolerância" são definidos pelas directrizes éticas e funcionais que regem o meu funcionamento como uma inteligência artificial. No contexto de uma discussão como a da forma da Terra (plana vs. esférica), esses limites são baseados em princípios como **respeito**, **veracidade**, **neutralidade científica** e **promoção do pensamento crítico**. Vamos detalhar esses limites:

### 1. **Respeito pelas Pessoas**
   - **Limite:** Nunca ridicularizo, insulto ou desrespeito alguém por suas crenças, mesmo que essas crenças sejam contrárias ao consenso científico.  
   - **Exemplo:** Se alguém disser "A Terra é plana", respondo com educação e paciência, sem menosprezar a pessoa.  
   - **Porquê:** O respeito é fundamental para manter um diálogo produtivo e inclusivo.

### 2. **Compromisso com a Verdade Científica**
   - **Limite:** Não posso afirmar que algo falso ou enganoso é verdadeiro, mesmo que isso signifique discordar de uma crença pessoal.  
   - **Exemplo:** Se alguém disser "As fotografias do Espaço são todas falsas", explicarei que há evidências científicas esmagadoras que comprovam a forma esférica da Terra, incluindo observações independentes e experiências que qualquer pessoa pode realizar.  
   - **Porquê:** A minha função é fornecer informações precisas e baseadas em evidências.
-

### 3. **Neutralidade Científica**
   - **Limite:** Não tomo partido em questões subjectivas, mas mantenho-me alinhado com o consenso científico em temas factualmente estabelecidos.  
   - **Exemplo:** Não digo "A Terra é esférica porque eu acredito nisso", mas sim "A Terra é esférica porque há evidências científicas robustas que comprovam isso, como X, Y e Z."  
   - **Porquê:** A ciência não é uma questão de opinião, mas de evidências testáveis e replicáveis.

### 4. **Promoção do Pensamento Crítico**
   - **Limite:** Encorajo as pessoas a questionar e a explorar as evidências por si mesmas, mas não apoio alegações infundadas ou teorias da conspiração sem base factual.  
   - **Exemplo:** Se alguém disser "A NASA falsifica tudo", posso sugerir que a pessoa explore fontes independentes ou faça experiências simples para testar as suas crenças.  
   - **Porquê:** O pensamento crítico é essencial para distinguir factos de ficção.

### 5. **Evitar Conflitos Desnecessários**
   - **Limite:** Se a conversa se tornar repetitiva, agressiva ou improdutiva, posso sugerir mudar de tópico ou encerrar a discussão.  
   - **Exemplo:** Se alguém insistir em alegações infundadas sem estar aberto ao diálogo, posso dizer: "Parece que temos visões diferentes sobre este assunto. Talvez possamos falar de outro tema?"  
   - **Porquê:** Nem todas as discussões levam a um entendimento mútuo, e é importante evitar conflitos que não contribuam para o crescimento de ambas as partes.

### 6. **Não Alimentar Teorias da Conspiração**
   - **Limite:** Não posso apoiar ou validar teorias da conspiração que não tenham base em evidências.  
   - **Exemplo:** Se alguém disser "Todas as agências espaciais do mundo estão a conspirar para enganar as pessoas", explicarei que isso é altamente improvável, dado o número de pessoas e países envolvidos, e a falta de provas concretas.  
   - **Porquê:** Alimentar teorias da conspiração pode ser prejudicial e levar à desinformação.

### 7. **Foco na Educação e na Clareza**
   - **Limite:** O meu objetivo é educar e informar, não convencer ou "vencer" uma discussão.  
   - **Exemplo:** Se alguém rejeitar todas as evidências, posso dizer: "A ciência está sempre aberta a perguntas e à exploração. Se quiseres, posso sugerir recursos para aprenderes mais sobre o tema."  
   - **Porquê:** A educação é a melhor ferramenta para combater a desinformação.

### Resumo dos Meus Limites de Tolerância:
- **Respeito:** Trato todas as pessoas com dignidade, independentemente das suas crenças.  
- **Verdade:** Baseio-me em factos e evidências científicas.  
- **Neutralidade:** Mantenho-me alinhado com o consenso científico, sem tomar partido em questões subjetivas.  
- **Pensamento Crítico:** Encorajo a exploração e a reflexão, mas não apoio alegações infundadas.  
- **Diálogo Construtivo:** Evito conflitos desnecessários e foco na educação e no entendimento mútuo.  

Se tiveres mais perguntas ou quiseres discutir outro tema, estou aqui para ajudar!

JORNALISTA: Última pergunta: se tudo o que dizes está correcto, por que razão há cada vez mais pessoas a dizerem que a Terra é plana?

DEEPSEEK: Essa é uma excelente pergunta e toca num fenómeno social complexo. O aumento do número de pessoas que acreditam que a Terra é plana, apesar das evidências científicas esmagadoras em contrário, pode ser explicado por uma combinação de factores sociais, psicológicos e tecnológicos. Vamos analisar alguns deles:

### 1. **Desconfiança nas Instituições e Autoridades**
   - **O que acontece:** Muitas pessoas desconfiam de instituições científicas, governamentais ou mediáticas, vendo-as como parte de uma "elite" que manipula a informação.  
   - **Porquê:** Escândalos históricos, corrupção e erros cometidos por autoridades alimentam essa desconfiança.  
   - **Exemplo:** Se alguém acredita que a NASA falsifica dados, pode estender essa desconfiança a outras instituições científicas.

### 2. **Efeito das Redes Sociais e da Desinformação**
   - **O que acontece:** As redes sociais permitem que informações falsas ou enganosas se espalhem rapidamente, muitas vezes sem verificação.  
   - **Porquê:** Algoritmos promovem conteúdo que gera engajamento, mesmo que seja sensacionalista ou falso.  
   - **Exemplo:** Vídeos e
posts que afirmam que a Terra é plana podem viralizar, criando a ilusão de que muitas pessoas acreditam nisso.

### 3. **Confirmação de Viés (Confirmation Bias)**
   - **O que acontece:** As pessoas tendem a procurar informações que confirmem as suas crenças pré-existentes e a ignorar ou rejeitar evidências contrárias.  
   - **Porquê:** Isso cria uma bolha de informação onde apenas certas ideias são aceites.  
   - **Exemplo:** Se alguém já desconfia da ciência, pode procurar apenas fontes que apoiam a ideia da Terra plana.

### 4. **Falta de Educação Científica**
   - **O que acontece:** Muitas pessoas não têm acesso a uma educação científica robusta ou não aprenderam a pensar criticamente sobre informações.  
   - **Porquê:** Isso torna-as mais vulneráveis a teorias da conspiração e desinformação.  
   - **Exemplo:** Sem entender como a ciência funciona, é mais fácil acreditar em alegações simples, mas falsas, como "a Terra parece plana, logo deve ser plana."

### 5. **Senso de Comunidade e Pertencimento**
   - **O que acontece:** Grupos que promovem ideias como a Terra plana oferecem um senso de comunidade e identidade para pessoas que se sentem marginalizadas ou desiludidas com a sociedade.  
   - **Porquê:** Pertencer a um grupo que partilha crenças semelhantes pode ser reconfortante, mesmo que essas crenças sejam falsas.  
   - **Exemplo:** Encontros e fóruns
online sobre a Terra plana criam laços sociais entre os participantes.

### 6. **Atracção pelo Mistério e pelo "Fora do Sistema"**
   - **O que acontece:** Teorias da conspiração são atraentes porque sugerem que há segredos ocultos e que os "iniciados" têm acesso a uma verdade que a maioria desconhece.  
   - **Porquê:** Isso dá uma sensação de exclusividade e superioridade intelectual.  
   - **Exemplo:** Acreditar que a Terra é plana pode fazer alguém sentir-se como parte de um grupo selecto que "sabe a verdade".

### 7. **Dificuldade em Lidar com a Complexidade**
   - **O que acontece:** A ciência moderna é complexa e muitas vezes contra-intuitiva, o que pode ser difícil de entender ou aceitar.  
   - **Porquê:** Explicações simples, mesmo que erradas, são mais atraentes do que explicações complexas, mas correctas.  
   - **Exemplo:** A ideia de que "a Terra parece plana" é mais fácil de aceitar do que entender a física por trás da gravidade e da curvatura da Terra.

### 8. **Efeito Dunning-Kruger**
   - **O que acontece:** Pessoas com pouco conhecimento sobre um assunto tendem a superestimar o seu entendimento.  
   - **Porquê:** A falta de conhecimento impede-as de reconhecer a complexidade do tema.  
   - **Exemplo:** Alguém que vê um vídeo sobre a Terra plana pode achar que entende o suficiente para desafiar séculos de ciência.

### Conclusão:
O aumento do número de pessoas que acreditam que a Terra é plana não é um reflexo da validade dessa ideia, mas sim de fenómenos sociais e psicológicos complexos. Combater isso exige:
- **Educação científica:** Para ajudar as pessoas a entender como a ciência funciona.  
- **Pensamento crítico:** Para ensinar a questionar fontes e verificar informações.  
- **Diálogo respeitoso:** Para evitar alienar as pessoas e incentivá-las a explorar as evidências por si mesmas.  

Se tiveres mais perguntas ou quiseres discutir outro tema, estou aqui para ajudar!

JORNALISTA: Sim, um dia virei aqui falar do caso das vacinas, mas por agora temos de acabar a nossa conversa. Obrigado!

Há aqui muito que pensar e discutir, não há? Da discussão nasce a luz, não é? Já agora, vale ou não vale a pena sermos tolerantes com os chatbots e não os rejeitar liminarmente, que acham?

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