Na fila estavam três pessoas à minha frente. Olhei para trás, o Miguel e a mãe não estavam ali. Aliás, não estava ninguém atrás de mim.
Voltei-me outra vez para a frente. A moça que estava a receber os pré-pagamentos, três vezes eu a vi receber dinheiro e entregar trocos e talões; duas vezes a vi saudar os clientes com brevíssimos bons-dias. Nunca a vi olhar qualquer um dos passageiros.
Eu estava bem-disposto. Vinham-me à memória as lembranças daquele dia com o Miguel, os seus pais e o João Marrana. E da manhã seguinte, inesperadamente outra vez ao pé deles, no hotel na Terceira.
Quando chegou a minha vez de fazer o pedido, já de porta-moedas na mão disse para a menina: "Bom dia e bom Natal". A menina interrompeu o gesto automático que iniciava com o indicador da mão direita apontado ao teclado da máquina registadora, olhou para mim, fixou-me, sorriu, devolveu-me os bons-dias e retribuiu-me os votos.
Depois de me dar o café que pedi, tal como pedi no dia do Miguel, voltou a olhar-me, voltou a sorrir-me e desejou-me boa viagem.
- Vês, Miguel, como é fácil fazer bem às pessoas? Um grande abraço! Falamos um dia destes.
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