quinta-feira, dezembro 17, 2009

Cadeia de poemas de Natal - 4

Hoje trago para aqui um poema de Natal de Miguel Torga.
Por três razões:
  • porque é um poema de Natal
  • porque adoro os escritos de Miguel Torga
  • porque acho delicioso (sem ironia, acreditem!) o comentário que encontrei no blogue de onde tirei o poema. Andava "preguiçosamente" à procura de uma versão já escrita (para não ter de escrevê-la eu por inteiro), encontrei-a num outro blogue, mas mal publicada, e depois apareceu-me bem escrita neste blogue. Sinceramente, acho o comentário delicioso, pela ingenuidade (verdadeiramente natalícia) e pela atenção e estímulo afectuosos da autora Teresa para com o seu escritor ( penso que ela pensa que é o João Carvalho Fernandes)!

HISTÓRIA ANTIGA - MIGUEL TORGA

Era uma vez, lá na Judeia, um rei.
Feio bicho, de resto:
Uma cara de burro sem cabresto
E duas grandes tranças.
A gente olhava, reparava, e via
Que naquela figura não havia
Olhos de quem gosta de crianças.

E, na verdade, assim acontecia.
Porque um dia,
O malvado,
Só por ter o poder de quem é rei
Por não ter coração,
Sem mais nem menos,
Mandou matar quantos eram pequenos
Nas cidades e aldeias da Nação.

Mas,
Por acaso ou milagre, aconteceu
Que, num burrinho pela areia fora,
Fugiu
Daquelas mãos de sangue um pequenito
Que o vivo sol da vida acarinhou;
E bastou
Esse palmo de sonho
Para encher este mundo de alegria;
Para crescer, ser Deus;
E meter no inferno o tal das tranças,
Só porque ele não gostava de crianças.

Miguel Torga

(no blogue http://fumacas.weblog.com.pt/arquivo/380002.html)

O comentário é o seguinte, que depois, a seguir, reproduzo com a pontuação correcta:

"nao sei o que dizer desta historia mas acho um bocado esagerada de mais veja se a melhora boa sorte"

"Não sei o que dizer desta história, mas acho um bocado exagerada demais. Veja se a melhora. Boa sorte!"


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