quarta-feira, abril 30, 2025

#TOLERÂNCIA122 - UM APERTOZINHO NO CORAÇÃO

 #TOLERÂNCIA122 - UM APERTOZINHO NO CORAÇÃO

Hoje dediquei a manhã na escola a participar no acolhimento a alunos do 9.º ano de escolaridade, os quais, sendo alunos de escolas vizinhas da Eça de Queirós, podem encarar, com os seus pais, a possibilidade de escolherem a Eça de Queirós para prosseguimento de estudos a partir do próximo ano escolar, quando ingressarem no secundário.

Terminado o acolhimento, fui almoçar com dois colegas. Regressei depois com um deles à escola, ia ter uma reunião.

No espaço do refeitório, um ajuntamento invulgar: alguns professores e alguns alunos espalhavam-se à volta de algumas mesas que mostravam ainda algumas comidas, entre salgados e doces, que, logo me disseram, tinham sido levados por alguns alunos estrangeiros das outras escolas do Agrupamento.

Em rigor, assim que entrei no espaço interior da escola, um aluno meu, de fatiazinha de doce na mão, instigou-me logo para ir provar um bocadinho daquele doce, era muito bom, era um doce arménio.

Abeirei-me dos miúdos, ela por ela entre meninas e meninos, meti conversa com eles, perguntei-lhes os nomes e de onde eram. Arménio era um só, facilmente identificável; esta era ucraniana, este era russo, aquela era ucraniana, o outro era russo, aqueloutro também era russo...

Senti-me a ficar de coração apertadinho, todos eram das capitais dos seus países de origem: Erevã, Kiev, Moscovo.

Fiz questão de provar um doce de cada um dos países, e fui pedindo aos miúdos que me falassem dos doces; fiz-lhes perguntas sobre as suas línguas maternas, sobre a escrita das línguas. Prometi-lhes que os visitaria um dia destes numa das suas aulas.

Tentando ter controlo nas minhas projecções da guerra imposta pela Rússia à Ucrânia, procurei observar os miúdos, os seus actos, as suas palavras, os actos para lá das palavras.

Vi neles, sem que algum se destacasse especialmente dos outros, a alegria das crianças, alegria contida. Também lhes vi, incapaz de ser disfarçada, um olhar de insegurança e apreensão. Dois ou três deles, não se falavam, nem tão pouco se olhavam...

A Educação tem aqui uma oportunidade. Gostei de ver o contacto que a minha colega tem com estas crianças, é o primeiro passo da esperança.

Tomo consciência de que o meu primeiro desejo — desejo e conselho — é o de que haja Tolerância para com a intolerância que as crianças possam ter entre si. As intolerâncias, compreensíveis, pedem manejo sábio, paciente, tolerante. Outros valores, outras atitudes, outros processos relacionais terão, entretanto, concomitantemente ou sequencialmente, o tempo e a oportunidade pedagógica que lhes são próprios. Que não se apresse o tempo! Que não se perca a oportunidade!

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terça-feira, abril 29, 2025

#TOLERÂNCIA121 - A COLABORAÇÃO OU A COMPETIÇÃO

 #TOLERÂNCIA121 - A COLABORAÇÃO OU A COMPETIÇÃO

Hoje fui à Universidade Católica acompanhar um pequeno grupo de alunos ao evento "Cimeira das Democracias 2025", no Open Day do Instituto de Estudos Políticos daquela universidade.

A nossa escola foi representar Timor-Leste. Os alunos estiveram empenhadíssimos, e fui recebendo, ao longo do dia, manifestações de apreço, tanto pela organização do evento, como por outros participantes, do expressivo entusiasmo da jovem delegação de Timor-Leste criada ali nos Olivais, na Escola Secundária Eça de Queirós.

Tivemos o privilégio (único, entre todas as delegações participantes!) de ver a Senhora Embaixadora da República Democrática de Timor-Leste, Laura Soares Abrantes, e ainda enquanto a Assembleia de Países decorria, vir ter connosco e felicitar todos os delegados e o professor orientador pela maneira tão bonita, competente e entusiástica como desempenharam o seu papel.

Também lá do outro lado do Mundo, a Senhora Embaixadora de Portugal em Timor-Leste, Maria Manuela Freitas Bairos, foi tendo conhecimento do que ia acontecendo na Cimeira, e continuou a apoiar-nos e a dar-nos alento. Digo que continuou porque a sua colaboração já vinha de algumas semanas atrás.

Dentro e à volta deste evento, os espaços da Universidade fervilhavam de rapaziada jovem. A gente olhava aquela rapaziada toda, escutava, aqui e ali, uma conversa, outra conversa...

É-se tomado, em alternância, por sentimentos, digamos, opostos: é a energia, o poder construtivo da rapaziada — e isso é agradável e animador ver; mas é também a insinuação da disputa competitiva, os lugares que no futuro se almejam não vão, seguramente, chegar para todos.

O convidado especial da sessão, o dr. António Vitorino, Presidente do Conselho Nacional para as Migrações, confessou (e parece-me sincero no que disse) que sabe cada vez menos do que se passa à volta dele, os paradigmas referenciais que, aparentemente, estavam estabelecidos, estão todos virados ao contrário. E onde um jovem delegado, representante dum país central da União Europeia, dizia, ansiosamente, que era preciso controlar, o dr. António Vitoria contrapunha que não, que o que era preciso era regular, saber regular.

A formação dos jovens está num ponto crítico, tanto no ensino básico, como no secundário e também no universitário: serem os não as instituições académicas formadoras cultivarem os valores do Humanismo e da Solidariedade, em contraposição aos valores da Competição e do Individualismo sem Equidade.

Depois de fechada a sessão, no grupo do WhasApp que criámos para a realização da nossa participação na Cimeira das Democracias, os alunos escreveram, entre outras coisas, «Obrigada por nos acompanhar e por tornar possível essa experiência tão enriquecedora.» ou «Sim, subscrevo o que a ###### disse, com certeza sem a presença do professor não teríamos tido o aproveitamento desta atividade. Obrigada! Obrigada!!»

Este é o grande poder da Educação. Os professores ainda têm uma chance de influenciar as opções pessoais dos futuros diplomados nos mais diversos ramos do conhecimento humano.

Começamos, penso eu, a ter uma ideia consolidada da Tolerância Positiva, e dos afectos, sentimentos e emoções que a despertam e alimentam. Até à última oportunidade de influência educativa, que os professores não deixem de a aproveitar.

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#TOLERÂNCIA120 – AFINAL, NÃO VOU VER O CÉU ESTRELADO DE LISBOA

 #TOLERÂNCIA120 – AFINAL, NÃO VOU VER O CÉU ESTRELADO DE LISBOA 

Há pouquinho, a caminho de casa, tive um sobressalto de entusiasmo: por causa do apagão de hoje, que se previa ser de muito maior duração, veio-me à cabeça que ia ser uma grande oportunidade de ver o céu estrelado em Lisboa!

Já quase à porta, um antigo aluno, querido vizinho, veio na minha direcção, trocámos um abraço, falámos do apagão e eu disse-lhe do meu pensamento do céu estrelado de Lisboa. Teve uma reacção de espanto, que não tinha pensado nisso, mas que, não senhor, também não deixaria de aproveitar a noite excepcional que, naquele momento, os dois antecipávamos.

Ainda não tinham passado 5 minutos depois de ter entrado em casa, voltou a luz! Ouvi o pi do frigorífico e ouvi um bem audível bruá da rua. As lanternas e as velas da noite especial, tinha acabado de as posicionar na casa, estava a preparar o computador para escrever este apontamento. Confesso que fui tomado por uma pequenina decepção, já estava mesmo convencido de que ia desfrutar uma noite estrelada muito excepcional em Lisboa.

Continuo sem Internet e sem televisão. Tenho à minha beira um rádio transístor, está o sr. 1.º-Ministro a falar à Nação.

4 vezes subi e desci lanços de escadas de 9 andares e também de 7 andares.

Na rua, um movimento inusitado de pessoas. Vi muita gente carregada de garrafas de água de litro e meio; e mais gente ainda nas lojas dos chineses, a comprar lanternas, pilhas e velas.

Gostei do que vi na rua e nas lojas dos chineses! E o que vi eu? Vi serenidade, vi tranquilidade, vi bom humor; e vi Tolerância.

Por 3 ou 4 vezes tive de atravessar ruas e faixas rodoviárias de movimento intenso. Em todas as vezes, os condutores foram cautelosos e atenciosos e deram-me sempre prioridade de passagem; e vi fazerem o mesmo a outros transeuntes.

Nas lojas (as lojas de chineses são sempre de grande densidade de artigos e de corredores de prateleiras estreitos), as pessoas tinham de se atravessar umas à frente das outras e acumulavam-se desordenadamente junto às caixas de pagamento. Não vi um gesto de impaciência, de irritação, de disputas de prioridade no atendimento e no pagamento.

Sim, pareceu-me que as pessoas, em geral, reagiram com Tolerância ao apagão da energia eléctrica e à maneira como o apagão afectou, inesperadamente, as suas vidas. Gostei do que vi!

A intolerância desembocaria no “salve-se quem puder”; a Tolerância produziu a atenção, o cuidado, o saber esperar, a cordialidade e o bom humor.

Senhores governantes, saibam merecer cidadãos assim.

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domingo, abril 27, 2025

#TOLERÂNCIA119 - A INTOLERÂNCIA DO PAPA FRANCISCO

 #TOLERÂNCIA119 - A INTOLERÂNCIA DO PAPA FRANCISCO

Os jornais, as televisões e as redes sociais estão cheias, de dia 20 para cá, de coisas ditas pelo Papa Francisco, seja em homilias, discursos solenes, escritos oficiais, entrevistas, conversas informais (com jornalistas, cidadãos e crentes de todo o mundo. Líderes políticos de todo o mundo também o fazem, muitos põem-se em bicos dos pés ou chegam-se à primeira fila das fotografias.

Depois de morto, atraindo-os ao seu funeral, o Papa Francisco foi ainda capaz de pôr Trump e Zelensky face a face, um bem em frente do outro, sob o tecto do Vaticano, a falarem um com o outro! De quê? Espero que de Paz.

Hoje já me ri com um 'cartoon' em que, à porta da sala onde se vão reunir os cardeais para a eleição do novo Papa, um clérigo diz para outro: «São estes 50 Chefes de Estado que devíamos fechar aqui dentro para que possam pensar nas coisas durante alguns dias.» O Papa Francisco apreciava muito o humor, ele certamente se riria a bom rir desta piada, de bem apanhada que está. Pena que, na verdade, as coisas que precisam de ser pensadas pelos líderes políticos mundiais sejam mesmo muito sérias, fazia-lhes muito bem ficarem ali fechados até sair fumo branco para o mundo político e das guerras.

É claro que eu também dei atenção a fotografias, vídeos e notícias do Papa Francisco de dia 20 para cá. Ele tinha, de facto, o dom de dizer, de maneira simples, compreensível e envolvente, coisas muito difíceis e delicadas, numa tentativa de respeitar todos. Como se tornou marca da sua pessoa, «todos, todos, todos.»

Uma das que achei especialmente notável foi a maneira como ele respondeu a uma criança que, chorando, lhe perguntou em segredo se o pais, que era ateu, ia para o céu. O Papa Francisco foi dum respeito profundíssimo, não insinuou qualquer intenção de conversão, nem chamou a atenção para a situação de desamparo em que os ateus arriscam estar, condenando-se a si próprios a não entrarem no Reino dos Céus. Perante o miúdo, o Papa Francisco mostrou, repito, um profundíssimo respeito pela opção não-crente do pai (assim valorizando o pai aos olhos do filho), e procurou dar alívio à angústia da criança.

A dimensão da acção humana para a qual o Papa Francisco foi liminarmente intolerante foi para a ganância da apropriação e para a idolatria da organização económica das sociedades, sustentada no lucro infinitamente crescente.

«Se nos agarramos demasiado à riqueza, não somos ricos. Somos escravos.»

«Homens e mulheres sacrificados aos ídolos do lucro e do consumo: é a "cultura do desperdício". Se um computador se estraga, é uma tragédia. Mas a pobreza, as necessidades e os dramas de tantas pessoas acabam por ser considerados normais. [...] Quando a bolsa cai 10 pontos em certas cidades, isso constitui uma tragédia. Alguém que morre não é notícia, mas uma quebra de 10 pontos no lucro é uma tragédia! Desta forma, as pessoas são postas de parte como se fossem lixo.»

«Em muitos sítios, de uma maneira geral, devido ao humanismo económico que foi imposto ao mundo, a cultura da exclusão, de rejeição, está a espalhar-se. Não há lugar para o idoso ou para a criança que não foi desejada; não há tempo para a pessoa desprezada na rua. Às vezes, parece que, para algumas pessoas, as relações humanas são reguladas por dois "dogmas" modernos: eficiência e pragmatismo... [Tende] coragem para ir contra a corrente desta cultura. Sede corajosos!»

«A actual crise não é apenas económica e financeira mas está enraizada numa crise ética e antropológica. Seguir os ídolos do poder, do lucro e do dinheiro, em vez do valor da pessoa humana, tornou-se uma norma básica de funcionamento e um critério crucial de organização. Esquecemo-nos no passado e ainda nos esquecemos hoje que acima do negócio, da lógica e dos parâmetros do mercado está o ser humano e algo que se deve ao homem enquanto homem, em virtude da sua dignidade profunda: oferecer-lhe a possibilidade de viver uma vida digna e de praticar activamente o bem comum.»

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sábado, abril 26, 2025

#TOLERÂNCIA118 - É BOM PERDER PENSAMENTO

 #TOLERÂNCIA118 - É BOM PERDER PENSAMENTO

A expressão "perder pensamento" pode parecer estranha, mas se se disser que o seu autor é Mia Couto,

conhecendo-se razoavelmente os textos do escritor moçambicano, a estranheza dissolve-se e ficamos curiosos, queremos saber o que aí vem.

A expressão vem num dos seus livros de crónicas, cujo título nos prepara logo para o que a expressão possa significar. É o "Pensageiro Frequente", que junta textos que escreveu para a revista de bordo das Linhas Aéreas de Moçambique. Mia Couto avisa-nos logo à entrada do livro que «São textos ligeiros, cujo destinatário não é exactamente um leitor "típico", mas um passageiro que pretende vencer o tempo e, tantas vezes, o medo.»

A minha circunstancial perspectiva do "perder pensamento" é feita à volta da ideia de que vivemos tempos em que andamos constantemente — agora, mais do que nunca — carregados de pensamento, ou de pensamentos, sejam os de primeira linha (os conscientes), sejam os de 2.ª, 3.ª, 4.ª e 5. º linha (cada vez mais inconscientes, não obstante, activos) e que tal carga pesada reduz-nos a disponibilidade para os afectos e para o contacto social.

No que especificamente diz respeito à Tolerância, limita-nos nas variáveis que se agregam à volta do sentimento da Tolerância e, sem pachorra, nos fazem descambar para o evitamento social e para a intolerância.

É por assim livremente especular que me apetece pôr a hipótese de que, se (como num avião, ou navio, que precisa de aliviar a carga que tem dentro de si porque está à beira de um risco catastrófico) aliviarmos a carga do que temos no pensamento, o apaziguamento interior, por alívio da tensão dos afectos, tornamo-nos mais disponíveis para o contacto social e para a Tolerância.

No pequenino texto de Abril de 2004, "O riso das baleias", Mia Couto escreve assim: «Parte dos turistas toma banho, outros se ocupam a apanhar conchas e búzios. O meu afazer é não me ocupar de nada. A minha felicidade é perder pensamento, deixar-me ocupar por aquela leveza, esquecendo-me de que, perto, existe algo chamado "realidade. As garças cinzentas passam com lentidão de barco e parecem dar-me razão: o paraíso não é um lugar, é um breve momento que conquistamos dentro de nós.»

Vá, alinhemos nesta proposta do biólogo moçambicano: de vez em quando, entretamo-nos a perder pensamento e sintamo-nos leves... leves... leves...

Não é que os resultados surjam logo, de repente. Mas, ao fim de algum treino deste esvaziamento mental, experimentemos em alguém com quem, por alguma razão (pessoal ou profissional) temos de contactar regularmente e para quem já não temos pachorra... Quem sabe, tornamo-nos, aos poucos, menos prisioneiros dos nossos impulsos intolerantes para com ela. Não é que não tenhamos razão ou motivos legítimos, mas pelo menos não nos deixamos afectar tanto pela negatividade ou repulsa que tal pessoa nos desperta.

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sexta-feira, abril 25, 2025

#TOLERÂNCIA117 - OS DECIBÉIS DA INTOLERÂNCIA

 #TOLERÂNCIA117 - OS DECIBÉIS DA INTOLERÂNCIA

A primeira ideia que se tem, que a generalidade das pessoas tem, acerca das diferenças entre a intolerância e a Tolerância, é de que a intolerância é ruidosa, tem muitos decibéis, e que a tolerância é

mais discreta nas vozes.

Ouvi hoje partes dos discursos do 25 de Abril na Assembleia da República; outros não ouvi, mas observei as expressões faciais dos senhores deputados que discursavam em nome dos seus partidos.

À tarde, na tradicional Manifestação que desce do Marquês de Pombal à Praça do Rossio, também ouvi vozes e observei rostos.

Se tivesse que classificar as vozes e os rostos da manhã e da tarde, ou seja, se tivesse que classificar as vozes e os rostos dos representantes do Povo, dos Cidadãos, e as vozes e os rostos dos deputados que representam os Cidadãos na Assembleia da República, a classificação dos cidadãos seria bem melhor que a classificação dos seus representantes na Assembleia da República.

A mesma diferença encontraria se medisse, nuns e noutros, a expressão da Tolerância: voltariam a ter muito melhor classificação os Cidadãos; se, por outro lado, medisse a expressão da intolerância nas vozes e nos rostos, desta vez as classificações mais elevadas seriam, sem qualquer sombra de dúvida, dos senhores depurados representantes dos Cidadãos.

Dir-me-ão que, não obstante o número de cidadãos na Manifestação elevar-se a milhares, em oposição aos dos deputados, que ronda as duas centenas e meia, a uniformidade ou identidade desses milhares de pessoas é maior do que a dos deputados representantes. Pois, percebo, admito, mas não explica tudo. Os políticos representantes dos cidadãos têm responsabilidades acrescidas e não podemos, isso mesmo, tolerar que se entreguem a excessos, provavelmente ao serviço de objectivos calculistas de disputa de votos para as eleições que vão realizar-se daqui a 3 semanas, mais ou menos.

Entretanto, o ruído não é um monopólio da intolerância e o silêncio da Tolerância. Bem, se calhar não é bem isto que eu quero dizer. Provavelmente, diferentemente do que eu estava a pensar dizer, a intolerância é mesmo, em geral, mais barulhenta do que a Tolerância. Seja a intolerância negativa ou positiva.

Quando a intolerância é desejável, por exemplo, em contextos de repressão e injustiça ilegítimas, é bom que grupos tolerantes sejam capazes de "fazer grande barulho" para romper estruturas de silêncio e de invisibilidade, como será no caso dos protestos contra regimes autoritários ou decisões discriminatórias que não respeitem os direitos civis.

Quanto à intolerância silenciosa, sim, podemos identificá-la quando vemos que os comportamentos ajudam a manter normas sociais, leis ou instituições que permitem perpetuar diferenças e discriminações (que cada vez mais são designadas como estruturais), como é o caso das diferenças salariais entre homens e mulheres para os mesmos postos e condições de trabalho.

Voltando à Manifestação do 25 de Abril de hoje: foi barulhenta e foi tolerante. A parte barulhenta foi-se fazendo das palavras de ordem, num ambiente de celebração festiva. É, não há festa sem muitos decibéis. A tolerância foi o clima de contacto e comunicação entre as pessoas, lado a lado umas das outras, para além dos grupos organizados, fossem quais fossem as suas naturezas.

Barulho diferente fez-se ali mesmo ao lado, no Largo de São Domingos, que tão carregado está de trágicas histórias ligadas à intolerância religiosa. Hoje carregou mais uma ocorrência de intolerância, política, social e cultural. Já várias vezes lamentei que tivessem apagado de lá as inscrições, em várias línguas, que afirmavam Lisboa como a cidade da Tolerância. Será que está realmente a deixar de o ser?

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quinta-feira, abril 24, 2025

#TOLERÂNCIA116 - 25 DE ABRIL SEMPRE!

 #TOLERÂNCIA116 - 25 DE ABRIL SEMPRE!

Que a Tolerância tolere que eu agora não fale especialmente dela. É por causa do 25 de Abril.

Como ontem aqui disse, o 25 de Abril de 1974 trouxe-nos a preciosa oportunidade de aprendermos o valor da Tolerância e a força que ela tem sobre a intolerância.

Hoje quero recarregar-me um pouco dessa força germinal. 25 de Abril sempre!


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quarta-feira, abril 23, 2025

#TOLERÂNCIA115 - A TOLERÂNCIA QUE O 25 DE ABRIL TROUXE

 #TOLERÂNCIA115 - A TOLERÂNCIA QUE O 25 DE ABRIL TROUXE

Fui hoje numa visita de estudo com colegas e alunos a Peniche.

Fomos, mais que tudo, para visitar a Fortaleza de Peniche e o Museu Nacional Resistência e Liberdade. Pudemos também fazer uma viagem de catamarã, que nos deu uma perspectiva fantástica da velha e ignominiosa prisão de antes do 25 de Abril.

Estar ali, naquele lugar, com 11 colegas professores e 140 alunos, num dia de sol lindo, permitiu-me, bem à beirinha do 25 de Abril deste ano, tomar consciência quanto a Revolução de Abril de 1974 foi importante para o desenvolvimento da Tolerância entre as pessoas, as oposições políticas, e as outras oposições.

O Museu é testemunho vivo de que o 25 de Abril valeu a pena. Entre outras coisas, porque nos deu a

oportunidade de praticarmos a Tolerância.

Ficou para sempre a Tolerância? Não, infelizmente, tenho a profunda convicção de que a Tolerância está em perigosa perda na relação entre os cidadãos e os grupos humanos. A Tolerância, bem como os outros ideais e valores do 25 de Abril precisam de dedicação constante, de esforço pessoal permanente.

Numa carta que há pouco escrevi aos meus alunos, em eco da visita, entre outras coisas disse-lhes o seguinte:

Perguntar-me-ão se estou satisfeito com o que depois do 25 de Abril os políticos e os governos portugueses construíram. Não, não estou. Estou até cada vez mais insatisfeito porque tenho a certeza de que os nossos governantes, em geral, poderiam ter feito muito mais e muito melhor do que foi feito nestes 51 anos.

A partir de agora, o desafio é mais vosso do que meu. Por mim, ficarei naquele estado dos versos cantados pelo notável autor de canções de intervenção política José Mário Branco: "Tenho esta viola numa mão / Tenho a minha vida noutra mão / Tenho um grande amor / Marcado pela dor / E sempre que Abril aqui passar / Dou-lhe este farnel para o ajudar".

Queridos alunos, desejo-vos a todo a Vida Justa, Fraterna, Solidária, Respeitosa e Alegre que passei a tentar construir à minha volta quando o 25 de Abril passou à minha porta e me convidou a ir com ele. E eu fui. Aliás, tenho tentado estar sempre com ele.

Sim, aqui e ali tenho tropeçado. Levantando-me do chão depois de ter tropeçado. Para ser melhor e fazer mais.

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terça-feira, abril 22, 2025

#TOLERÂNCIA114 - OS VALORES EUROPEUS

 #TOLERÂNCIA114 - OS VALORES EUROPEUS

«Se a Europa tem valores realmente fundamentais, então esses valores são os valores liberais da tolerância e da liberdade, o que implica que os europeus também devem mostrar tolerância para com os imigrantes e permitir-lhes tanta liberdade quanto possível para que sigam as suas próprias tradições, desde que estas não tragam prejuízo às liberdades e aos direitos de outras pessoas.»

Quem diz assim é Yuval Noah Harari nas "21 Lições para o Século XXI" no capítulo Imigração da 2.ª parte do livro, a dos Desafios Políticos.

Quanto tempo de reflexão e discussão pede esta afirmação do famoso historiador? Muitas, e com alguns dias de intervalos entre elas, agrupadas a 2 ou 3 de cada vez.

Na minha opinião, um primeiro perigo espreita a reflexão e discussão da afirmação. Talvez seja mesmo o mais grave de todos, já que, estando ele na base de qualquer discussão, pode miná-la do princípio ao fim e o resultado não ser satisfatório: esse primeiro perigo é o duma visão mitificada da Europa, e nem sequer estou a dizer que seja uma imagem de favorável narcisismo da Europa e dos europeus!

Não é fácil aos europeus pensarem numa Europa sem a terem no centro do Mundo... Chego a pensar que é quase a primeira coisa de que lhes falam assim que nascem...

Hoje já dispomos de fontes documentais históricas, sociológicas, antropológicas, arqueológicas, genéticas, sei lá, tantas!, que nos ajudam a conhecer o espaço de vida, afinal, tão pequenino que tanta gente procura.

Para além da informação, é necessário cuidar da atitude com que se participa na reflexão-discussão: humildade, mente aberta para ouvir o que se gosta e o que não se gosta, disponibilidade para acolher a informação, vontade de opinar, não ter receio do contraditório; aceitar-se na identidade europeia e não se inibir na satisfação de ser europeu.

Este é só mesmo o primeiro passo, e é um passo pequenino, mas é necessariamente o primeiro da grande caminhada.

Não se caia na tentação de tomar o que Harari diz como premissas inquestionáveis, óbvias ou naturais dos valores europeus. Para lá da natureza, há o labor civilizacional, ou melhor, os labores civilizacionais dos grupos humanos e dos povos europeus ao longo da ocupação humana da geografia europeia, e esses legados, no bom e no mau que têm, consolidaram matrizes culturais, ou bio-culturais que devem ser passadas à lupa... pacientemente, tolerantemente, sem pressas.

Harari pode dizer o que quiser, ele até nem é europeu... Os europeus é que não podem dizer que não são, devem ter orgulho em sê-lo e não devem delegar motivação e responsabilidade nem no mais dos pintados ou afamados autores do Mundo.

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#TOLERÂNCIA113 – O PAPA FRANCISCO E A TOLERÂNCIA

 

#TOLERÂNCIA113 – O PAPA FRANCISCO E A TOLERÂNCIA


«A única oportunidade, o único momento em que é lícito olhar uma pessoa de cima para baixo é para ajudá-la a

levantar-se.»

Naturalmente, a morte do Papa Francisco é um acontecimento cujas notícias ganham especial predominância sobre todas as outras.

Quase automaticamente, perguntei-me que coisas disse ele a propósito da Tolerância. Fui à Net à procura, investiguei em ‘sites’ e pedi aos ‘chatbots’ que se esmerassem na procura. Juntei uma boa quantidade de material.

Para já, destaco uma ou duas coisas. Depois virei aqui juntar mais algumas.

Não sou crente em Deus, mas acredito na força das crenças espirituais e religiosas que são partilhadas por muita gente em todo o mundo. Penso que a fé católica apostólica romana está em tempos de vacas magras; e, preocupantemente, credos menores, quase subsidiários da matriz que tem o chefe espiritual em Roma, no Vaticano, florescem com sinais cada vez mais nítidos e espalhados de fanatismo religioso, roçando o irracional, abafando a essencial natureza da Vida Humana que, em cada pessoa e em todas as pessoas, deve ser preservada, tolerada, respeitada — seja pela semelhança, seja pela diferença; seja pela identidade, seja pela alteridade.

Que o exemplo do Papa Francisco, enquanto líder religioso, inspire «todos, todos, todos» os líderes religiosos e políticos na condução das suas missões.

«Enquanto a tolerância protege simplesmente o Outro, o respeito vai além: promove a convivência pacífica e a harmonia para todos.» (Reflexão sobre a diferença entre tolerância e respeito, destacando que este último implica participação ativa na construção da paz.)

«Em Cristo, a tolerância transforma-se em amor fraterno, em ternura, em solidariedade operativa.» Ensinamento em que Francisco lembra que a verdadeira tolerância cristã não é passiva, mas converte-se em gestos concretos de cuidado.

«Isso faz-nos perder o sentido de ser família, do respeito e da tolerância com as nossas diferenças e dificuldades.» Palavras dirigida a empresários mexicanos, apontando que o individualismo corrói a capacidade de conviver tolerante e solidariamente.

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domingo, abril 20, 2025

#TOLERÂNCIA112 - SER TOLERANTE SIGNIFICA RENUNCIAR À VERDADE?

 #TOLERÂNCIA112 - SER TOLERANTE SIGNIFICA RENUNCIAR À VERDADE?

Digamos que o texto de hoje é um texto pascal. Se a Verdade é questionável, pela mesma razão a Tolerância também deve ser constantemente questionada. Encontrei o texto na Net. Hoje. Foi escrito pelo padre jesuíta Michel Souchon sj (1929-2020), em 2019. Ele veio a falecer no ano seguinte, vítima da covid-19.

"— Será que a tolerância significa necessariamente cair no relativismo que diz que tudo é igual? Para os cristãos, a verdade não é algo imutável que se transmite aos outros, mas uma viagem na companhia de Cristo.

Como é que podemos salvar a ideia de que existe uma coisa chamada verdade e, ao mesmo tempo, continuar a promover a Tolerância? Talvez questionando a forma como pensamos sobre a verdade. Porque há uma forma de olhar para a verdade que é semelhante à idolatria! É o que acontece quando a verdade é tornada sagrada, um objecto intemporal e inquestionável. No passado, a Igreja Católica encorajou esta concepção rígida da verdade. Durante muito tempo, opôs os direitos da Verdade aos direitos do Homem e identificou qualquer opinião contrária à sua como contrária à Verdade. Basta recordar o exemplo de Bossuet, que defendia a verdade da Igreja Católica e denunciava a Tolerância como veneno…

No entanto, podemos acreditar que a verdade é uma só e sermos tolerantes. E porquê? Porque qualquer expressão da verdade é limitada. «A própria verdade que reivindico, reivindico-a numa expressão ainda imperfeita», sublinha o teólogo católico Claude Geffré.

— A verdade é um trabalho em curso

Para os cristãos, a verdade é um caminho para seguir as pegadas de Jesus que é «o caminho, a verdade e a vida». Os cristãos não acreditam em verdades, acreditam numa pessoa, Jesus Cristo. A fé não é a adesão a verdades, por maiores, sublimes ou subtis que sejam. É um acto de confiança num Deus que revela o seu amor e a sua fidelidade nos acontecimentos da História. A verdade do cristianismo está na pessoa de Jesus, uma figura enigmática, ainda por decifrar e descobrir.

E esta descoberta nunca está completa. No seu discurso depois da Última Ceia, Jesus disse que nos enviaria o Espírito: «Ele recordar-vos-á tudo o que vos tenho dito», “Ele conduzir-vos-á a toda a verdade” (João 14,26 e 16,13). Assim, os discípulos, tal como os cristãos de hoje, ainda não estão a nadar na verdade!

Assim, a abertura às diferenças não é um luxo, nem um perigoso declive para o relativismo. Aceitar as diferenças, esperar algo do trabalho conjunto, é Tolerância no sentido mais forte. «Não dêem lugar a partidarismos nem a vanglórias, mas, com humildade, cada um considere os outros superiores a si próprio», diz Paulo (Epístola aos Filipenses, cap. 2, v. 3). É trabalhando em conjunto que encontramos as formas mais adequadas de exprimir a verdade. Por outras palavras, a Tolerância e a verdade são amigas e não inimigas!"(1)

É mais um texto-gatilho para a formação extensiva da Tolerância.

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(1) Traduzido com a versão gratuita do tradutor - DeepL.com

sábado, abril 19, 2025

#TOLERÂNCIA111 - PANCADARIA EM FUTEBOL JUVENIL

 #TOLERÂNCIA111 - PANCADARIA EM FUTEBOL JUVENIL

A educação está a falhar. A Intolerância tem de ser total, tem de ser firme. Pelo que leio na notícia, os dirigentes do clube galego chegaram-se bem àquele ponto de confluência entre a Educação, a Tolerância (não reagiram com raiva, nem despeito), a Intolerância (desporto é saúde, competição convívio e aprendizagem social), a Firmeza e o Respeito pela Ética Desportiva.

Limito-me a transcrever a notícia do jornal Record. Os vídeos que o jornal junta ao texto da notícia são elucidativas acerca dos comportamentos lamentáveis ocorridos. Há uma notícia complementar do Jornal de Notícias, mas a do Record basta.

Título: "Equipa espanhola desiste de torneio de jovens no Porto devido a constantes cenas de pancadaria"

Subtítulo: Orillamar SD não esteve envolvido em nenhuma das confusões, mas decidiu tomar medidas

Os espanhóis do Orillamar SD, um clube da Galiza, decidiram este sábado retirar-se do Porto

Internacional Cup, um torneio de camadas jovens que se realizou nos últimos três dias na Invicta, com presença de jovens dos Sub-10 aos Sub-19. Em causa, segundo justificação apresentada pelo seu diretor desportivo, estão as constantes cenas de pancadaria que se foram observando durante e no final das diversas partidas, algumas delas partilhadas nas redes sociais (como pode ver abaixo dois exemplos). O Orillamar não terá estado envolvido em nenhum desses casos, mas os seus dirigentes entenderam que era a decisão certa a ser tomada.

"A coisa já estava muito tensa e não queríamos, de modo algum, estar envolvidos em nenhum tipo de história. Não viemos aqui para isso. Porque isto depois é quase como se fosse um efeito de contágio", explicou Iván García, diretor do clube que se apresentou na Invicta com cinco equipas.

Dessas cinco equipas, três ainda tinham partidas por disputar quando os responsáveis tomaram essa decisão - uma delas jogava pelo 5.º posto. "Não estávamos aqui para andar à pancada com ninguém, nem queremos este clima de tensão. Tendo em conta a situação que estava a produzir-se, não íamos colocar em risco nenhum miúdo. Mesmo que tivesse sido na final, teríamos tomado a mesma decisão, pois entendemos que isto não tem espaço no futebol. Os rapazes vão aprender mais connosco pela decisão que tomámos de abandonar, porque sabem que não estamos de acordo com estes comportamentos", acrescentou o mesmo responsável, em declarações prestadas ao portal DxT Campeón.

O Porto Internacional Cup decorreu entre quinta-feira e este sábado, tendo sido disputado em 4 espaços distintos: no Estádio do FC Foz, Estádio Universitário do Porto, Campo Municipal do Outeiro e Parque Desportivo de Ramalde.

La Voz de Galicia: "El Orillamar se retira de un torneo en Portugal tras varias batallas campales en otros partidos. Los coruñeses, que nada tuvieron que ver en los altercados, adoptaron esta medida en señal de protesta y para evitar algún posible conato."(1)

Nota: a imagem foi criada pelo Gemini.

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(1) https://www.record.pt/multimedia/videos/detalhe/as-cenas-de-pancadaria-em-torneio-de-jovens-no-porto-que-levaram-equipa-espanhola-a-desistir?ref=HP_1BucketDestaquesPrincipais

sexta-feira, abril 18, 2025

#TOLERÂNCIA110 - DESEJAR E NÃO REALIZAR. HAJA TOLERÂNCIA.

 #TOLERÂNCIA110 - DESEJAR E NÃO REALIZAR. HAJA TOLERÂNCIA.

O sonho comanda a vida, não é?, e tentamos que a vida seja preenchida com a realização de desejos. Desejos de realização pessoal, profissionais, de sucessos desportivos ou artísticos; amorosos e de reconhecimento pessoal; sociais e políticos.

Entretanto, há momentos em que, por mais que nos esforcemos, sonhos e desejos há que parecem inalcançáveis — angustiamo-nos na dúvida e na incerteza, redobramos a ânsia de não os perder. Ou então tomamos consciência de que são mesmo inalcançáveis. Nestes instantes, a tolerância não é apenas uma virtude, mas um acto de apaziguamento emocional.

Tolerar não significa desistir, e a consciência de desistir, por princípio, provoca danos na auto-estima de

cada um de nós. Desistir é, antes, reconhecer que existem influências e determinantes que estão fora ou para além do nosso controlo. Quando um objectivo, ou sonho, ou desejo não se concretiza, a frustração pode ser amarga, desalentadora, mas a Tolerância age como um antídoto, ensinando-nos a conviver com as vicissitudes da vida, que, o mais das delas, cegas aos desejo individual, seja de quem seja, parecem ter imperial desprezo pela nossa pessoa. Mas não, é tudo construção das nossas mentes egocentradas.

Talvez ajude o crescimento da Tolerância a dinâmica pessoal duma espécie de diálogo íntimo. Podemos perguntar-nos: «O que este desejo diz de mim?»; e depois «O que é que a não realização deste desejo diz de mim?»; ou ainda «O que me custa especialmente na frustração deste desejo?» Pode ser, após o desalento e a frustração, em resultado da aceitação tolerante do desenlace que se queria evitar a todo o custo, desperte em nós um sinal de coragem, de ambição saudável, ou, no mínimo, o que já seria um resultado muito bom, um alerta para repensar caminhos.

Aceitar que certas metas escapam às nossas mãos não é fraqueza, mas maturidade. A história humana está repleta de exemplos: artistas cujas obras só foram valorizadas após a morte, cientistas rejeitados enquanto estavam vivos, amores que se perderam no vai e vem das estações. Todos eles carregaram o peso do "não", mas muitos encontraram, na Tolerância ao inesperado, ou melhor, ao desenlace indesejado, a força para seguir.

Há aqui qualquer coisa da exortação essencial da logoterapia de Viktor Frankl: o empenho pessoal em novos objectivos, de preferência, que sirvam as comunidades humanas.

A Tolerância aos desejos não realizados também nos humaniza. Bem pensada, permite-nos, em espelho, tomarmos consciência da vulnerabilidade do Outro, pois certamente todos carregam frustrações silenciosas que se vão acumulando ao longo da vida. Quando somos capazes de olhar os nossos vazios, as nossas incompletudes, tornamo-nos mais compassivos — connosco mesmos e com os outros. Afinal, e talvez influenciado pela circunstância do lugar em que neste momento me encontro, ninguém é uma ilha de sucessos; somos arquipélagos de tentativas, algumas afundadas, outras ainda à deriva. E em todas as ilhas encontramos realizações, fracassos e insuficiências.

Por fim, essa Tolerância é um convite à reinvenção (voltamos a Viktor Frankl). O que não floresceu num terreno pode brotar noutro, se lá lançarmos outra semente, e de formas que nem imaginávamos.

No fim, tolerar não é desistir de sonhar, mas sonhar com os olhos abertos — enxergando, na paisagem do real, possibilidades que a obsessão ansiosa ou angustiante não permitia ver. E é nesse equilíbrio que descobrimos a verdadeira liberdade: a de seguir em frente, leves, mesmo carregando o que não pôde ser.

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quinta-feira, abril 17, 2025

#TOLERÂNCIA109 - DESCANSAR NO AMBIENTE DA PÁSCOA

 #TOLERÂNCIA109 - DESCANSAR NO AMBIENTE DA PÁSCOA

Há pouco "tropecei" na conversa, publicada há uma semana, de Eric Schmidt, à volta da convergência entre a Inteligência Artificial e a Biotecnologia.(1) O senhor é um dos famosíssimos da Goggle, do Gmail e do Goggle Maps, entre outras coisas; e talvez mesmo o mais famoso de todos.

O que ele vai discorrendo, tentando fazê-lo de forma clara, chega a ser arrepiante. No mínimo, é fascinante, se acreditarmos que, dentro de nós, dentro de todos nós, o lobo bom vencer o lobo mau. Entre outras coisas, quase como quem não quer a coisa, ele diz que se espera que dentro de 6 anos a ASI (Super-Inteligência Artificial) será maior que a soma de toda a Inteligência Humana.

Bem, os desenvolvimentos da Inteligência Artificial tão depressa não nos darão descanso. Como,

entretanto, estou em período de descanso, graças à Época Pascal, guardo para depois a ruminação, dura e resistente, desta conversa, e preguiçosamente (na assumida determinação pessoal de aprender o que possa acerca dos desenvolvimentos da Inteligência Artificial na óptica do utilizador — utilizador inteligente e informado) faço aos chatbots este pedido (inspirando-me titubeantemente num dos exemplos que ele dá):

« Páscoa e Tolerância. Cria-me frases originais que associem a Páscoa à Tolerância.»

Aqui está a resposta, bem pronta (do DeepSeek), é uma espécie de 10 Mandamentos (fiz uns acertos, qual revisor de escrita):

Primeiro: "Assim como a Páscoa renova a esperança, a Tolerância renova os laços que nos tornam humanos: respeito, diálogo e amor ao próximo."

Segundo: "Na partilha do ovo de Páscoa, lembramos que a vida é feita de diferentes sabores – e é na Tolerância que encontramos a doçura da convivência."

Terceiro: "A Ressurreição simboliza recomeços; a Tolerância, a coragem de recomeçar juntos, mesmo nas diferenças que nos dão cor."

Quarto: "Páscoa é luz que vence a escuridão; Tolerância é a chama que ilumina caminhos diversos rumo à mesma paz."

Quinto: "O coelho traz ovos de múltiplas cores; a Tolerância ensina-nos que cada cor tem seu valor na teia da Humanidade."

Sexto: "Celebrar a Páscoa é honrar a vida que se renova; praticar a Tolerância é honrar as vidas que, diversas, merecem igual reverência."

Sétimo: "Na mesa da Páscoa, cabem pães, peixes e doces; no coração tolerante, cabem histórias, crenças e afectos únicos."

Oitavo: "A Páscoa lembra que até da pedra fechada brota luz; a Tolerância lembra que até do desconhecido nasce compreensão."

Nono: "Como o girassol que busca o Sol, a Páscoa inspira renovação; como o vento que abraça todas as direcções, a Tolerância inspira conexão."

Décimo: "A Ressurreição fala de transformação; a Tolerância, de transformar medos em pontes – para que todos possam cruzar a mesma esperança."

Noutro chatbot (ChatGPT), que me perguntou «Queres que siga numa linha mais religiosa, mais poética ou mais voltada para educação ou cidadania? Posso adaptar conforme o estilo ou objetivo que tenhas em mente.», e ao qual respondi que queria mais voltado para a a Educação e a Cidadania, as sugestões foram estas:

Primeira: "A Páscoa é tempo de renovar também a forma como educamos: com mais empatia, diálogo e respeito pelas diferenças."

Segunda: "Educar para a cidadania é ensinar que, tal como na Páscoa, a verdadeira transformação começa no coração e se reflecte em gestos de Tolerância."

Terceira: "Na escola e na vida, que a mensagem da Páscoa nos ensine que construir um mundo melhor passa pela aceitação do outro."

Quarta: "Páscoa e cidadania caminham juntas quando escolhemos a escuta, o respeito e a cooperação como caminhos para o bem comum."

Quinta: "A educação é ponte para a paz, e a Páscoa relembra que essa paz só floresce onde há Tolerância."

Sexta: "Ser cidadão é também saber conviver; que a Páscoa nos eduque para uma convivência mais justa, mais humana, mais solidária."

Sétima: "Neste tempo pascal, que a escola seja espaço de renascimento de valores: onde a Tolerância seja semente e a Cidadania, colheita."

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(1) https://youtu.be/L5jhEYofpaQ?si=MNzI7j7wWxageu9e

quarta-feira, abril 16, 2025

#TOLERÂNCIA108 - A TOLERÂNCIA À MUDANÇA, NA PRIMEIRA PESSOA

 #TOLERÂNCIA108 - A TOLERÂNCIA À MUDANÇA, NA PRIMEIRA PESSOA

«Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, / muda-se o ser, muda-se a confiança; / todo o mundo é

composto de mudança, / tomando sempre novas qualidades.»

Estou à beira de mudanças, digamos, formais, da minha vida. Tem a ver com a aproximação da reforma, está a acabar o tempo das minhas obrigações profissionais. Os psicólogos, naturalmente, classificam esta fase da vida como uma fase crítica, desafiante, da vida pessoal, os autores de inspiração eriksoniana dizem tratar-se duma crise psicossocial do desenvolvimento individual.

Quando, primeiramente, acabei o ensino secundário, em Junho de 1975; e depois, quando acabei a licenciatura em Psicologia, em Novembro de 1981, tinha na cabeça o desenho total, claro, do que iria ser a minha vida até à idade da reforma.

Numa espécie de parêntesis, direi que chego ao tempo de actividade profissional, objectivamente, como se tivesse reprovado 2 anos, sem nunca ter reprovado! Como fiz o percurso escolar, após a 4.ª classe, no ensino técnico, tive de fazer, entre a conclusão do Curso Geral de Comércio e o Curso Complementar de Contabilidade e Administração, a Secção Preparatória (no ano lectivo logo a seguir, acabaram com esse ano escolar, que se reduzia à frequência de 3 disciplinas; Português, Matemática e Físico-Química). Isso aconteceu no ano lectivo 1972/73. Depois, no ano lectivo de 1975/76, em resultado das mudanças turbulentas trazidas pelo 25 de Abril, tive de fazer o Serviço Cívico.

Aos 19/20 anos, e a seguir, aos 26 anos, esses anos "perdidos" não me afectavam, até porque o que fiz no ano lectivo do Serviço Cívico foi absolutamente determinante para o rumo que tomei na vida. Agora, que o fim das obrigações profissionais chega, tomo consciência de que esses anos "perdidos" me afectam bastante nas condições remuneratórias e assistenciais da reforma.

Ao longo de todos estes anos, de 1976 a 2025, tudo o que podia estar determinado desapareceu e tudo o que podia ter mudado mudou, mas mesmo tudo!

Voltando aos versos de Camões e ao que eles nos avisam, direi que não sou, quase de certeza, o primeiro a dizer que nem toda mudança é positiva, e nem toda resistência é irracional.

Procurei ser tolerante com todas as mudanças, profissionalmente, se elas favoreciam alguns e chegavam a desfavor de outros, eu estive sempre do lado dos desfavorecidos. Tudo sempre procurei tolerar e adaptar-me, mais do que tolerar e aceitar. Sim há coisas que eu continuo a sentir que nunca aceitei.

Reconheço que estou a tentar chegar os fim do meu magistério de professor sem, como se costuma dizer, sem amargos de boca, sem ressentimentos, dominando o sentimento de ter sido injustiçado. Mais que nunca, penso em tantos milhares de portugueses que se sentirão como eu agora tento não sentir.

Tenho consciência de que vou ter de me confrontar, com o olhar da memória, com vários nós que se formaram e nunca se desataram na minha condição de professor do ensino público — a que me dediquei com o ideal de Abril. Sei que, na minha mundividência e na minha condição de cidadão do mundo, de que não abdico de manter activa, há coisas, há ocorrências que nunca aceitarei. Terei de pedir à Tolerância que me ajude a viver com elas, há muito que quero ainda fazer, talvez nem 100 anos de vida cheguem para fazer o que ainda quero, e que não se resumem a pura fruição pessoal, mas mantêm a opção e a coerência do meu caminho: estar e fazer com os outros, dando primazia ao comunitário, ao colectivo em detrimento do pessoal e individual. Doutra maneira teria de reconhecer que andei toda a vida enganado e por agora tenho a certeza de que não.

Se alguma dúvida tivesse, a leitura integral do trabalho dum aluno, que fiz hoje de manhã, seria o suficiente para ter a certeza de valeu a pena o que fiz desde que, logo no início do ano de 1982, me entreguei à profissão para que me preparei na Faculdade: a prática profissional da Psicologia, em que sempre preferi a vertente da Educação relativamente à vertente de Consulta Psicológica individual.

Neste trabalho está uma capacidade realizadora tremenda do aluno, carregada duma profunda motivação pela tarefa; mas está também tudo aquilo que eu sempre quis que fosse a visão dum aluno em relação ao que é a riqueza do conhecimento psicológico e a disciplina do espírito de exploração científica determinada e sistemática.

Jane Goodall, a notável primatóloga que tenho o privilégio de conhecer pessoalmente e de com ela ter conversado, e que está presente nas minhas aulas há praticamente 30 anos, continua a viajar por todo o mundo — não obstante a idade, com muita frequência. Com ela leva sempre, desde que um dia lho ofereceram, um pequeno macaquinho de peluche. A mim fica-me a apetecer levar, vá para onde vá, o trabalho escolar que hoje li, feito por um aluno meu.

Quando a intolerância espreitar, a tentar despoletar dentro de mim sentimentos negativos ou tóxicos, se necessário vou à releitura do trabalho buscar a força da Tolerância apaziguadora e que liberta as energias para o que de bom a Vida tem por todo o lado.

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