Há muitos, mas mesmo muitos anos, ofereceram-me, pelos meus anos (ena, tantos anos!...), um álbum para guardar discos (os singles). Como eu não tinha discos, - olha!... -, passei a ter uma razão para passar a tê-los.
Quase que posso dizer, com muita ironia à mistura (e, eventualmente, com alguma estupidez), eu tinha de justificar o investimento que a lógica da sociedade de consumo fazia em mim!
E ainda me lembro do dia em que fui comprar o meu primeiro single. Foi o Ben, do Michael Jackson.
Ainda hoje, este continua a ser o meu tema favorito de Michael Jackson. E o meu melhor single. E... bem, não há amor como o primeiro, não é verdade?...
[...]
Provavelmente, em Michael Jackson...
- corporizou-se o máximo de realização das potencialidades (artísticas) de uma pessoa, e da sua quase absoluta negação (étnica);
- deu-se forma gigantesca à realização do sonho da Terra do Nunca, e se operou também a sua tremenda contradição;
- sofisticou-se ao paroxismo a defesa pessoal contra a poluição ambiental, e se violentou, quase ao nível do horror, a saúde pessoal, física e psicológica.
Muita gente vai falar incansavelmente de Michael Jackson; e vai continuar a chorá-lo inconsolavelmente.
Escrevi assim, algures, comentando a versão do Ben que juntei neste apontamento:
More than tell us how Neverland is, I hope you can live there with lots of happiness and friends!
Thank you for all, Michael!
You know, Ben was my first single.
Eu vou voltar a ouvir, outra e outra vez, o Ben, o We are the World, e mais umas tantas coisas. E vou procurar vê-lo, nas gravações que dele ficam, nas fases anteriores aos seus absurdos pessoais e vitais.
Lamentando muito os chacais do Zeca Afonso que sugavam tudo à volta dele. A vida dele também tem muito da vida do Filipe II de António Gedeão: tinha tudo, sem peso nem conta; mas não tinha (não teria...) aquela centelha que faz feliz a vida das pessoas.
E, sobretudo, vou sentir muita ternura pela pessoa injustamente infeliz que ele foi sendo cada vez mais. E que me deu o velho Ben.
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