Na noite de 29 para 30 publiquei no YouTube um pequeno vídeo que denunciava a minha tristeza do momento, apesar de conhecer as razões, e querer acreditar nas suas boas intenções.
No dia 30, a minha colega Isabela mandou-me um e-mail de apreciação do vídeo que, no eco empático da minha tristeza, a apaziguou e me fez sentir que vale a pena fazer coisas...
A Isabela acabou por publicar o vídeo no blogue da sua turma. Saúdo o blogue, que já visitei; e agradeço vivamente a publicação do meu vídeo.
Deixo-o agora aqui:
Deixo aqui também o link para o blogue do 9.º A da Eça de Queirós: http://aturmaa.blogspot.com/. Vale bem a pena faze lá uma visita.
Entretanto, nesta fase, que ainda é de "luto", como dizem os psicólogos clínicos, não posso deixar de pensar em algumas de referências que balizam o meu pensamento e a minha maneira de ver e de me dar com o mundo.
Por exemplo, Jane Goodall, que tenho numa gravura, na parede, bem junto à minha mesa de trabalho em casa. Ainda há dois dias a minha sobrinha Mariana me perguntou: - Ó tio, porque é que tens um quadro assim aqui, com uma senhora e um macaco?... Na gravura, Jane Goodall olha interrogativamente, em serena expectativa, um dos chimpanzés que estudou no Gombe, na Tanzânia. Jane procura no chimpanzé o segredo da natureza humana. Ela, em resultado da observação sistemática de 30 longos anos, e do enredo cultural e científico que subrepticiamente determinava o seu pensamento, tinha baptizado o chimpanzé com o nome de Freud. Simbolicamente. Bem significativamente. O quadro tem o nome de "Thinkers", Pensadores.
Penso também em Konrad Lorenz, que um dia escreveu que um dos pecados mortais da civilização [actual] era a devastação do espaço vital. Noutro lado, ele diz também que tanto a beleza do mundo natural, bem como a beleza do mundo cultural são necessários para manter o Homem espiritualmente são, como eu já disse algures neste blogue.
Os eucaliptos e os pinheiros deitados agora abaixo na Escola não faziam parte da natureza "selvagem" ou "natural" do local onde a Escola está implantada. Isso sim, da natureza domesticada pelo homem. Ora, domesticada não quer necessariamente dizer mau, ou menor. Esse é o grande desafio do Homem: o equilíbrio adequado entre a Natureza selvagem e a acção transformadora dos grupos humanos.
No mínimo, com este abate de árvores de porte e presença magníficos, vamos trocar um espaço de vida aberto por um espaço de vida fechado. Deixamos o contacto directo com elementos da Natureza, mesmo que distraído ou inconsciente, e ficamos de costas voltadas para as árvores e para o ambiente. Mais uma razão porque o novo edifício, razão de ser do abatimento das árvores, tem de justificar a sua construção.
Finalmente, sempre que os pensamentos e os afectos me levam de novo à Natureza, volto aos textos e às fotografias dos povos índios da América do Norte, que tão magnificamente souberam estar na Natureza e dela falar. Antes que os pecados mortais da "devastação do espaço vital", da "competição contra si mesmo" e da "rotura com a tradição", entre outros, sobre eles se abatessem.
Em homenagem destes povos nativos, de que já aqui também falei, e como que procurando neles e na magia da manhã - de todas as manhãs - a força da esperança de que vale a pena ser optimista, aqui deixo um belo testemunho, que, hoje em dia, a Internet tão facilmente põe ao nosso alcance.
E em homenagem também aos alunos do 9.º A da Escola Secundária Eça de Queirós e da sua professora, e minha querida colega, Isabela.
Cherokee Morning Song (A beautiful Native American song)
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