Se amanhã, durante a Manifestação dos Professores, um repórter da televisão ou dos jornais me perguntasse o que é que eu estava ali a fazer, porque é que eu protestava ali com os meus outros colegas todos, eu responderia qualquer coisa do género:
Sabe, senhor jornalista, vamos até pensar que a Senhora Ministra, a dr.ª Maria de Lurdes Rodrigues está de boa fé, assim como toda a sua equipa de trabalho. Vamos pensar que todos eles acreditam sinceramente que os professores são profissionais também de boa fé, fundamentalmente competentes, briosos e motivados. E ainda que os documentos, as leis e as decisões que a equipa ministerial tem produzido são todos produções notáveis, de grande rigor científico e pedagógico.
Pois bem, senhor jornalista, mesmo considerando tudo isto assim desta maneira, vem-me à cabeça a imagem de alguém que, quaisquer que fossem as razões, se encontrasse num estado de saúde debilitada, necessitando de um alimentação reequilibradora e fortificadora. Assim, alguém que dessa pessoa cuidasse, esforçar-se-ia por lhe preparar um energético pequeno-almoço, um almoço rico e variado, um lanche adequado e finalizasse com um jantar tranquilizador.
Só que, na ânsia, de rapidamente recuperar a pessoa fragilizada, o cuidador ansioso, apressava os tempos de digestão e avançava com o almoço logo a seguir ao pequeno-almoço; de enfiada, o lanche, logo a seguir ao almoço; e, ainda antes do arroto dos bebés que tanto consola as mães, enfiava o jantar pela boca do ser inicialmente tão fragilizado... só que agora tão empanturrado com os cuidados solícitos assim tão atropelados.
Não será que verdadeiramente possam entender que, independentemente da justeza das suas intenções [as da equipa ministerial], quiçá seja assim que hoje em dia se vive nas escolas, com a catadupa de leis e regulamentos sobre o estatuto do aluno, o diploma das carreiras dos professores, o modelo de gestão das escolas, etc.?
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário