Com este poema abro a época do Natal neste blogue, esperando que muitos mais outros se juntem.
Conheci-o pelas mãos do Acúrcio, irmão de tantos sonhos, entusiasmos e realizações, partilhados nessa enorme e mágica fornalha que é o espaço da escola Eça de Queirós.
O primeiro verso, sozinho, é já um poema, já não seria preciso ler mais nada.
Obrigado, mano!
O Natal não é ornamento: é fermento
É um impulso divino que irrompe pelo interior da história
Uma expectativa de semente lançada
Um alvoroço que nos acorda
para a dicção surpreendente que Deus faz
da nossa humanidade
O Natal não é ornamento: é fermento
Dentro de nós recria, amplia, expande
O Natal não se confunde com o tráfico sonolento dos símbolos
nem se deixa aprisionar ao consumismo sonoro de ocasião
A simplicidade que nos propõe
não é o simplismo ágil das frases-feitas
Os gestos que melhor o desenham
não são os da coreografia previsível das convenções
O Natal não é ornamento: é movimento
Teremos sempre de caminhar para o encontrar!
Entre a noite e o dia
Entre a tarefa e o dom
Entre o nosso conhecimento e o nosso desejo
Entre a palavra e o silêncio que buscamos
Uma estrela nos guiará
José Tolentino Mendonça
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