Deu-me a vertigem do Menino Jesus, perante a caixa dos segredos de Fernando Pessoa, e pensei em lhos tirar. Não foi preciso, ela passou-mos muito amavelmente para as mãos.
De um deles ainda estou a fazer cópia. É de seu pai, o senhor Arlindo Mota. Deles, do senhor Arlindo e do seu livrinho, falarei ainda antes do dia de Natal.
Agora aqui deixo o que, no meu entender, é o mais simples e mais mimoso dos poemas do outro livrinho, de David Mourão-Ferreira, "Cancioneiro de Natal", uma coletânea publicada há alguns anos. É um poema do avô para os netos. Por isso tinha de ser escrito com a alma e o entusiasmo incrédulo das crianças.
Ó David Ó Inês
Vamos ver o Menino
inda mais pequenino
que vocês
Vamos vê-lo tapado
sob o céu do futuro
com a sombra de um muro
a seu lado
Vamos vê-lo nós três
novamente a nascer
Vamos ver se vai ser
desta vez
Vamos ver o Menino
inda mais pequenino
que vocês
Vamos vê-lo tapado
sob o céu do futuro
com a sombra de um muro
a seu lado
Vamos vê-lo nós três
novamente a nascer
Vamos ver se vai ser
desta vez
David Mourão-Ferreira, 1981
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