domingo, janeiro 12, 2014

As 8 coisas que aprendi com Eusébio

RESPEITAR EUSÉBIO E A SUA MEMÓRIA
É TORNAR NOSSO O TESTEMUNHO DE JOÃO VIEIRA PINTO
É a minha opinião, nada mais do que isso. Vou muito intencionalmente tomar para mim o testemunho do João Vieira Pinto.
De tudo o que me esforcei por ver, ler e ouvir na semana que decorreu desde que Eusébio morreu, este testemunho é o que, no meu entender, melhor sintetiza o exemplo e o legado de Eusébio, o que vale a pena tomarmos em linha de conta do exemplo de Eusébio no futuro das nossas vidas. Eu leio as palavras de JVP, transporto-as para a minha vida, para a minha condição de cidadão e para o meu magistério de professor, e tudo mantém pleno sentido!

  1. BEM RECEBER.  Quando cheguei ao Benfica, em 1992, vindo do Boavista, já o conhecia, da seleção, e estabelecemos logo uma boa relação. Senti-me sempre protegido por ele. Ele gostava muito de mim como jogador e acolheu-me muito bem, como aliás fazia com toda a gente que chegava ao Benfica.
  2. MELHORAR. Depois dos jogos, costumávamos falar sobre o que tinha acontecido, analisávamos os lances e as movimentações que tinham corrido menos bem, para que no domingo seguinte isso já saísse perfeito - ou pelo menos melhor.
  3. ELOGIAR. Quando um jogo me corria bem, ele era o primeiro a vir ter comigo a dizer "estavas endiabrado", "partisre aquilo tudo", "estás em grande forma".
  4. LUTAR. Ele dizia sempre que nunca podíamos desistir de um lance, tínhamos de lutar, dar tudo em campo. Ele contava histórias das lesões e realçava que queria jogar sempre.
  5. JOGAR AO ATAQUE.  O Eusébio era muito objetivo, tinha uma enorme velocidade e potência de remate. E por isso dizia que a finta era apenas um recurso, que o jogo se fazia a avançar no terreno.
  6. REMATAR SEMPRE.  O Eusébio, até na bancada, a ver os jogos, quando via um avançado perto da área gritava: "Chuta." Esse também era um dos conselhos recorrentes dele. Perto da área, não valia a pena estar com rodriguinhos, era arranjar espaço e chutar, porque se não se chutasse não se marcavam golos de certeza.
  7. APURAR A TÉCNICA. Falava muito comigo sobre a forma de rematar, de colocar o pé na bola, de inclinar o corpo. Nos livres, treinava comigo a melhor maneira de colocar a bola em arco no lado contrário. Costumava marcar cantos do lado de fora da linha de campo, já atrás da baliza, e a bola descrevia um arco e entrava. No fim dos treinos ele desafiava-me, a mim e aos outros, a fazer melhor do que ele. Eu às vezes conseguia, mas ele ganhava quase sempre esses concursos de cantos diretos. Era isso ou ver quem é que acertava mais vezes na barra. Ou quem colocava a bola no meio das pernas de um jogador num passe de 30 metros. Fazíamos exercícios de grande precisão e de grande execução técnica.
  8. AMIZADE. Tornei-me amigo dele. Íamos muitas vezes almoçar ou jantar e falar dos seus grandes tempos de jogador. Tinha uma ótima relação com ele. Muitas vezes, quando o Benfica jogava no estrangeiro, no regresso o autocarro levava-nos até ao Estádio da Luz e depois eu é que o ia levar a casa.

1 comentário:

  1. Muito interessante também:
    5 lições que aprendemos com Eusébio
    (...)(ACTIVA.PT, 06JAN14)
    Eusébio da S. F. morreu na madrugada de 5 de janeiro, vítima de paragem cardiorespiratória. Enquanto um país comovido lhe presta a sua homenagem, lembramos alguns exemplos inspiradores e eternos que o Pantera Negra nos deixou.
    . Nunca devemos desistir de um grande sonho: Quando era miúdo, a mãe, D. Elisa, não achava muita graça a que Eusébio passasse o seu tempo livre a jogar futebol: "Apertava comigo para que eu me importasse com a escola e me deixasse de pontapés na bola, mas eu não sei explicar, havia qualquer coisa que me puxava, um frenesim no corpo que só se satisfazia com bola e mais bola", recordou o craque numa entrevista ao jornal A Bola. D. Elisa protestava e, de vez em quando, chegava a dar-lhe "umas sovas que não eram brincadeira nenhuma", mas Eusébio estava decidido e provou-lhe que o futuro podia estar mesmo naquilo que mais prazer lhe dava: o futebol. E não desistiu, mesmo quando o seu primeiro clube de sonho, o Desportivo de Lourenço Marques, não o aceitou por ser pequeno e franzino. Mas o Sporting de Lourenço Marques viu nele as qualidades que outros teimavam recusar... e daí para o mundo foi um pulinho. Lição: às vezes sabemos mesmo, desde pequeninos, para onde nos puxa o talento e a garra. E com determinação e confiança naquilo de que somos capazes, chegamos lá.
    . A humildade é a marca dos grandes: Foi sete vezes o melhor goleador do campenonato nacional e duas vezes o melhor marcador europeu (nas temporadas de 67/68 e 72/73), 11 vezes campeão nacional pelo Benfica e uma vez campeão europeu. O palmarés de Eusébio é impressionante. Mas se há característica que a maior parte das pessoas que com ele privaram lhe reconhece, é a humildade. Não era, contudo, um homem de falsas modéstias – era humilde mas sabia bem o que valia. Quando chegou a Lisboa, em outubro de 1961, com apenas 18 anos e vindo de Lourenço Marques (atual Maputo), terá dito sobre o Benfica: "Não me interessa que eles sejam campeões europeus; vou entrar nessa equipa."
    . Lutar sempre, mesmo quando tudo parece perdido: O famoso jogo contra a Coreia do Norte, no Mundial de Inglaterra em 1966, ainda hoje é mostrado em escolas de futebol de todo o mundo. Aos 25 minutos de jogo já perdíamos por 3-0 e parecia que íamos ficar pelo caminho. O resto já faz parte da História do Futebol. Ao intervalo ainda perdíamos mas Eusébio acabaria por ser o herói do jogo. Recusou-se a dar-se por vencido e marcou quatro dos cinco golos que nos garantiram a vitória (o outro seria de José Augusto).
    . Não nos devemos deixar intimidar por ninguém: Eusébio tinha força física mas, sobretudo, psicológica para não se deixar intimidar nem pelos adversários mais temíveis, mesmo quando era mal tratado em campo. Paddy Crerand, ex-jogador do Manchester United, defrontou-o na final da Taça da Europa, em 1968, no estádio de Wembley. "Tive pena do Eusébio porque o Nobby Stiles estava a marcá-lo e não da maneira como é suposto marcar-se um jogador. Ele levou pontapés violentos e nem se importou, continuou a jogar. Que jogador!"

    . Os bons rivais também se aplaudem: O Pantera Negra era conhecido por colegas de profissão de todo o mundo por respeitar o desportivismo, acima de tudo. Não eram raros os gestos de fair play como aquele com que Eusébio presenteou Alex Stepney, guarda-redes do Manchester United, em 1967 e que este último recorda, num artigo de homenagem publicado ontem pelo jornal Guardian. Eusébio rematara à baliza de Stepney e este defendeu. "Depois de fazer a defesa não percebi bem o que se passou. Mas vi na televisão depois e Eusébio tinha parado a aplaudi-la. Esse era o tipo de homem que ele era: o respeito que me prestou e ao futebol era tremendo. Jogar contra ele foi uma honra!"

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