Já se disse tanto sobre o "canudo" de Miguel Relvas! Mais uma vez, hoje, num bem matinal programa de televisão. O que conheço, de experiência própria, é a dificuldade que alunos universitários têm de arranjarem equivalências em universidades portuguesas para cadeiras que fizeram (com frequência e sucesso comprovados!) no âmbito de programas de Erasmus, indo para universidades estrangeiras sem apoios (legais, prometidos, solicitados, obtidos; mas não chegados), com muito sacrifício pessoal e familiar. As leis e os regulamentos dos erasmus dos jovens e anónimos estudantes são as mesmas do "maduro" e bem conhecido político e governante. Essas leis, naqueles, são só dificuldades; neste, é a mais descarada facilidade.
Hoje, cheguei a este texto por amável envio da minha colega Eduarda Luz. Obrigado, Eduarda!
As oportunidades do ministro segunda-feira, 09-07-2012 Diário Económico / Emprego & Universidades |
PEDRO LOURTIE Professor do Instituto Superior Técnico Os notícias dizem que o ministro Miguel Relvas obteve uma licenciatura de três anos, tendo frequentado a Universidade Lusófona durante um ano, por lhe terem sido concedidos créditos por análise curricular. E sugerem que o processo é suspeito de favorecimento. Defendo a creditação de competências dos que têm um percurso de vida e profissional relevante, quer as tenham adquirido por via da experiência profissional e pessoal ou através de formações diversas. O que importa são as competências do candidato e a sua correspondência com os objetivos de aprendizagem do curso. O DL nº 74/2006 permite que os estabelecimentos de ensino superior creditem a formação anterior e a experiência profissional. É a aplicação ao ensino superior dos princípios do Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências (RVCC) e o que se faz há décadas em países como os Estados Unidos, o Reino Unido e até a França. Desconheço como foi determinado o número de créditos concedidos. Sendo uma licenciatura em Ciência Política e Relações Internacionais, e dada a experiência do candidato, parece-me natural a atribuição de créditos, pelo menos em Ciência Política. Se assim é, a redução de três para um ano não é usual, muito menos poucos meses após a publicação da legislação. Sendo legítima a suspeita, a Inspecção deverá esclarecer o caso, para que um eventual abuso não mate uma boa ideia. Tal como não se acaba com os Correios por haver cartas-bomba. Chamou-me a atenção serem creditadas competências àquele que é hoje um membro influente de um governo com uma atitude ideológica diametralmente oposta. Que quer exames e mais exames e que lança suspeitas sobre as Novas Oportunidades. Mas haver suspeitas sobre o processo não impede que os argumentos do ministro sejam bons. É citado como dizendo que “Tendo iniciado a minha atividade política e profissional ainda muito jovem (...) tornou-se incompatível com as obrigações académicas (...)”. Quem recorre ao RVCC fá-lo porque não teve sequer a possibilidade de completar o ensino secundário na juventude. E diz ter feito a licenciatura “por exigência pessoal e por corresponder a um imperativo de contínua valorização curricular”. Como muitos dos que têm recorrido às Novas Oportunidades, cujos resultados se pretende agora avaliar apenas pela alteração da sua situação de (des)emprego e do seu salário. O ministro Relvas faria um bom serviço à educação se convencesse o colega da Educação e Ciência destas razões. |
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