sexta-feira, julho 27, 2012

Citius, Altius, Fortius

Começam hoje, oficialmente, os Jogos Olímpicos de Londres.
São coisas destas que o mundo, absurdo, da formalidade, da política, da organização dos grandes dinheiros e grandes lucros; e, finalmente, das conveniências televisivas vai fazendo: hoje começa, hoje inaugura-se, em jeito de cerimónia de abertura oficial, o que já começou, o que já está a acontecer há dois dias. Pensando bem, se calhar, já há muito tempo que é assim, a gente é que andará mais atentos a estas coisas e dá-lhes outra importância. Quem sabe, há mais tempo que deveríamos ligar a estas coisas...
Enfim, como desabafa tolerantemente o povo, que seja pelo bem das almas. Que seja pelo bem do espírito olímpico, que entrelaça simbolicamente, numa bandeira, cinco arcos coloridos, representando cada um deles  uma parte do mundo:
Citius, Altius, Fortius
Folheei há pouco um pequeno livro que, em 1999, pretendeu juntar alguma sabedoria do milénio. Reconheci um ou outro que já lá tinha lido noutra qualquer altura. Encontrei um provérbio chinês (pelo menos -  o seu a seu dono -, a autoria da sabedoria condensada no pequenino texto é no livrinho atribuída ao povo chinês) que, desta vez, me prendeu mais a atenção. Ruminei... Passei à Net. Encontrei outro provérbio chinês que li também com muita atenção.
Ao lê-lo, saltou-me ao pensamento uma uma analogia que aproxima o atleta do Jogos Olímpicos de Londres do espetador que, bem sentadinho, em qualquer parte do mundo o veja na televisão.
Diz assim o provérbio: 

If you want happiness for an hour -- take a nap. If you want happiness for a day --go fishing. If you want happiness for a month -- get married. If you want happinessfor a year -- inherit a fortune. If you want happiness for a lifetime -- help someone else.
(Se queres ser feliz por uma hora, dorme uma sesta. Se queres ser feliz por um dia, vai à pesca. Se queres ser feliz por um mês, casa-te. Se queres ser feliz por um ano, herda uma fortuna. Se queres ser feliz a vida inteira, ajuda alguém.)
Ora, a tragédia do atleta olímpico comporta estes momentos todos de felicidade: numa hora, num instante, joga a sorte daquele dia, a preparação de todo um mês, as circunstâncias de vida durante um ano; a interrogação da vida que um dia o poeta plasmou: "Valeu a pena?..."
É... talvez o que valha mesmo mais a pena na festa tremenda que hoje começa... oficialmente... seja o espírito olímpico que aproxima, em competição saudável e amiga, os atletas e os povos.
No tempo da Velha Grécia, suspendiam-se as guerras durante a realização dos Jogos, não era?
Londres está coberta de sofisticados equipamentos anti-mísseis.

quarta-feira, julho 25, 2012

Dalai Lama, inteligência, generosidade, valores morais



20/07/2012  -  Público
As human beings we are all the same. We have this marvelous intelligence, which sometimes creates problems for us, but when influenced by warm-heartedness can be very constructive. In this context we need to appreciate the value of having moral principles.

Foi assim que Dalai Lama deixou escrito no Google+, que me permito traduzir livremente:
"Como seres humanos, somos todos iguais uns aos outros. Possuímos uma inteligência maravilhosa, que, não obstante, às vezes nos cria problemas; mas quando recebe a influência da generosidade posse ser poderosamente construtiva. Por ser assim, precisamos de saber apreciar a riqueza que é termos princípios morais."

terça-feira, julho 24, 2012

Tom Daley: Diving for Britain - BBC Documentary

Um documentário magnífico, que pode ser explorado na educação de jovens, professores e pais, vezes sem conta. Se calhar, a sua estreia ontem, na BBC1, não foi oportuna. Coloca sobre o Tom Daley uma pressão emocional tremenda que ele até pode conseguir suportar, mas era mesmo necessário sujeitá-lo a ela? Mais uma vez, o equilíbrio pessoal, o bom senso e o bem-estar são testados ao limite. Para já, ao Tom Daley desejo o melhor numa luta justa com adversários que muito provavelmente merecem tanto quanto ele. Ninguém se esqueça como a Comunicação Social trata os seus heróis: explorando ao máximo o drama da subida, tanto quanto a da descida dos pedestais.

segunda-feira, julho 23, 2012

- Ouve lá, sabes quem foi Manuel de Arriaga?...

Ao meio da tarde de hoje fui, como é meu hábito fazer quando estou fora de Lisboa, comprar postais ilustrados.
Atravessei a rua, do outro lado, a Tabacaria da Sorte - boa! - tem novas edições. São postais do Faial da mesma coleção dos da Terceira, que conheci há dias, no trânsito de Lisboa para a Horta.
Vi, mas não comprei... Desconfiei do preço, caros para o que costumo encontrar aqui nas ilhas. Saí, fui à loja do Telegrapho. Afinal, a coleção é muito maior... E aqui cada postal custa menos 10 cêntimos! Quer dizer, cada um custa 30 cêntimos. Comprei 20, ou seja, poupei 2 euros. Nada mau!...
Enquanto escolhia os postais, uma senhora falava com uma das funcionárias do outro lado do balcão. Falavam sobre a recuperação da casa de Manuel de Arriaga, agora transformada em museu - e que de que eu fui um dos primeiros visitantes da última vez que cá estive!
Dizia a senhora:
- Num destes dias passei com a minha filha pela casa do Manuel de Arriaga, e disse-lhe que agora a casa está muito bonita.
A filha da senhora é ainda pequenita, anda há pouco tempo na escola, mas como é homem ilustre da terra, a mãe perguntou à filha:
- Ouve lá, sabes quem foi o Manuel de Arriaga?...
A filha respondeu à mãe que sim, que a professora já tinha falado lá na escola, em História.
A mãe da menina disse à senhora que a ouvia do outro lado do balcão que comentou para a filha que tinham feito um bom trabalho lá na casa e repetiu que a casa estava outra vez muito bonita.
A filha, segundo a mãe, terá ficado um pouco pensativa e depois voltou-se para a mãe e deixou-a sem fala, só depois a mãe se riu:
- Ó mãe, mas se o senhor já não vai viver na casa para que é que andaram a recuperá-la?

terça-feira, julho 17, 2012

A "pose de vitória" é um gesto universal de triunfo e não de orgulho pessoal

A "pose de vitória" é um gesto universal de triunfo e não de orgulho pessoal - Ciências - PUBLICO.PT


Estudo realizado com base em fotos de campeões olímpicos de judo

A "pose de vitória" é um gesto universal de triunfo e não de orgulho pessoal

17.07.2012 - 17:52 Por Ana Gerschenfeld
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As expressões de triunfo (à esquerda) e de orgulho (à direita) são distintasAs expressões de triunfo (à esquerda) e de orgulho (à direita) são distintas (Bob Willingham FRPS)
 Braços estendidos em forma de “V”, punhos fechados, expressão tensa do rosto, por vezes acompanhada de um grito. É a chamada “pose de vitória”, a que já nos habituámos quando um atleta ganha uma competição. Mas qual é a emoção que a motiva?
Há uns anos, David Matsumoto, da Universidade Estadual de São Francisco, e colegas, tinham analisado uma série de atletas olímpicos e chegado à conclusão de que as suas reacções emocionais imediatas a uma vitória ou a um fracasso – que para os cientistas revelavam, respectivamente, sentimentos de orgulho e de vergonha – eram independentes da cultura do desportista e estavam “programadas” nos circuitos cerebrais de todos os seres humanos.

Mas agora, Matsumoto quis saber se algumas das expressões que na altura tinham sido classificadas como sendo de orgulho não seriam indicadoras de uma outra emoção, bem diferente. Mais precisamente: seria a pose de vitória o reflexo, não do orgulho pessoal sentido pelo atleta no momento da vitória, mas uma emoção ainda mais imediata?

Num estudo que deverá ser publicado na edição de Setembro da revista Evolution and Human Behavior, a sua equipa sugere agora que, efectivamente, a pose de vitória – tão característica, universal e inata – é, afinal, uma expressão de triunfo. A confirmar-se este resultado, o triunfo passaria a ter o estatuto de emoção de pleno direito e não o de componente de outra emoção humana mais complexa.

No novo estudo, os cientistas mostraram a um grupo de voluntários de duas culturas bastante diferentes – norte-americana e sul-coreana – fotografias de judocas de 17 países que tinham acabado de ganhar uma medalha nos Jogos Olímpicos de 2004. E pediram-lhes para definir a emoção retratada, escolhendo-a numa lista de possibilidades que lhes fora fornecida (e da qual constavam, obviamente, “triunfo” e “orgulho”).

Após uma série de testes deste tipo, constataram que a pose da vitória tinha sido classificada como sendo uma expressão de triunfo. Pelo contrário, nas que foram classificadas como expressões de orgulho, a atitude do atleta era diferente: braços afastados do corpo, mãos abertas, um ligeiro sorriso.

“Uma das maiores diferenças entre o triunfo e o orgulho é visível na cara”, diz Matsumoto (ex-treinador olímpico de judo premiado) em comunicado. “Quando alguém se sente triunfante após um concurso ou um desafio, a cara pode apresentar uma expressão bastante agressiva. Como o Michael Phelps quando ganhou os JO [de natação] de 2008. É muito diferente do pequeno sorriso que vemos quando alguém se sente orgulhoso de si próprio.”

Uma análise mais aprofundada das fotografias apresentadas aos participantes mostrou ainda que a expressão de triunfo surgia, em média, quatro segundos depois da vitória do judoca, ao passo que as expressões de orgulho surgiam, em média, 16 segundos depois do desfecho do encontro. Para Matsumoto, o facto de a expressão de triunfo anteceder a de orgulho tem uma explicação simples: as expressões de triunfo são declarações de sucesso, enquanto as de orgulho ocorrem quando a pessoa se sente satisfeita de si própria – o que exige alguns instantes de auto-avaliação.

terça-feira, julho 10, 2012

O ministro Miguel Relvas - dar a bota com a perdigota

Há dias escrevi assim no Facebook:
Já se disse tanto sobre o "canudo" de Miguel Relvas! Mais uma vez, hoje, num bem matinal programa de televisão. O que conheço, de experiência própria, é a dificuldade que alunos universitários têm de arranjarem equivalências em universidades portuguesas para cadeiras que fizeram (com frequência e sucesso comprovados!) no âmbito de programas de Erasmus, indo para universidades estrangeiras sem apoios (legais, prometidos, solicitados, obtidos; mas não chegados), com muito sacrifício pessoal e familiar. As leis e os regulamentos dos erasmus dos jovens e anónimos estudantes são as mesmas do "maduro" e bem conhecido político e governante. Essas leis, naqueles, são só dificuldades; neste, é a mais descarada facilidade.


Hoje, cheguei a este texto por amável envio da minha colega Eduarda Luz. Obrigado, Eduarda!

As oportunidades do ministro
segunda-feira, 09-07-2012
Diário Económico / Emprego & Universidades
PEDRO LOURTIE
Professor do Instituto Superior Técnico

Os notícias dizem que o ministro Miguel Relvas obteve uma licenciatura de três anos, tendo frequentado a Universidade Lusófona durante um ano, por lhe terem sido concedidos créditos por análise curricular. E sugerem que o processo é suspeito de favorecimento.
Defendo a creditação de competências dos que têm um percurso de vida e profissional relevante, quer as tenham adquirido por via da experiência profissional e pessoal ou através de formações diversas. O que importa são as competências do candidato e a sua correspondência com os objetivos de aprendizagem do curso. O DL nº 74/2006 permite que os estabelecimentos de ensino superior creditem a formação anterior e a experiência profissional. É a aplicação ao ensino superior dos princípios do Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências (RVCC) e o que se faz há décadas em países como os Estados Unidos, o Reino Unido e até a França.
Desconheço como foi determinado o número de créditos concedidos. Sendo uma licenciatura em Ciência Política e Relações Internacionais, e dada a experiência do candidato, parece-me natural a atribuição de créditos, pelo menos em Ciência Política. Se assim é, a redução de três para um ano não é usual, muito menos poucos meses após a publicação da legislação. Sendo legítima a suspeita, a Inspecção deverá esclarecer o caso, para que um eventual abuso não mate uma boa ideia. Tal como não se acaba com os Correios por haver cartas-bomba.
Chamou-me a atenção serem creditadas competências àquele que é hoje um membro influente de um governo com uma atitude ideológica diametralmente oposta. Que quer exames e mais exames e que lança suspeitas sobre as Novas Oportunidades. Mas haver suspeitas sobre o processo não impede que os argumentos do ministro sejam bons.
É citado como dizendo que “Tendo iniciado a minha atividade política e profissional ainda muito jovem (...) tornou-se incompatível com as obrigações académicas (...)”. Quem recorre ao RVCC fá-lo porque não teve sequer a possibilidade de completar o ensino secundário na juventude.
E diz ter feito a licenciatura “por exigência pessoal e por corresponder a um imperativo de contínua valorização curricular”. Como muitos dos que têm recorrido às Novas Oportunidades, cujos resultados se pretende agora avaliar apenas pela alteração da sua situação de (des)emprego e do seu salário.
O ministro Relvas faria um bom serviço à educação se convencesse o colega da Educação e Ciência destas razões.
«o texto constante desta página foi gerado automaticamente por OCR (Optical Character Recogniser), pelo que é passível de conter gralhas ou erros ortográficos resultantes dessa conversão.»
(
http://umonline.uminho.pt/uploads/clipping/NOT_67490/4270253442702534.pdf)

domingo, julho 08, 2012

O crescimento populacional, a urbanização e o consumismo

Relatório GEO-5 (PNUMA) alerta para danos irreversíveis ao ambiente

"Se as tendências actuais continuarem, se os actuais padrões de produção e consumo de recursos naturais prevalecerem e não puderem ser revertidos e 'desacoplados', então os governos irão presidir a níveis sem precedentes de danos e degradação", referiu  Steiner num comunicado.
Das 90 metas ambientais mais importantes que agora existem, apenas quatro estão a fazer progressos significativos, pode ler-se no relatório da UNEP. Algumas das metas mais bem sucedidas incluem as que têm como objectivo impedir a destruição da camada de ozono e permitir o acesso a fornecimento de água limpa mas pouco ou nenhum progresso foi registado em 24 outras metas, nomeadamente as que lidam com as alterações climáticas, degradação dos stocks pesqueiros e aumento da desertificação.


Ver aqui o vídeo: http://www.unep.org/flvPlayer/videoplayer.asp?id=27462&l=en


Vale a pena ver também esta pequena notícia jornalística, muito fiel:



O site das Nações Unidas para este assunto está aqui:
http://www.unep.org/portuguese/geo/
O vídeo completo da apresentação integral do relatório está aqui:
http://www.youtube.com/watch?v=sg6mgVcjArc&feature=player_embedded
(Penso que ainda não há uma versão com legendas em português)
O relatório (em pdf) está aqui:
http://www.unep.org/geo/pdfs/geo5/GEO5_report_full_en.pdf
(Embora tenha encontrado uma hiperligação para a edição em português, a hiperligação não funciona)

quinta-feira, julho 05, 2012

Rajendra Singh, o homem que faz nascer rios

Já aqui falei sobre o passarinho da Floresta de Sariã.
(http://fernandonaescola.blogspot.pt/2010/05/fernando-nobre-presidente-da-ami-esteve.html)
A edição de hoje da Visão (n.º 1009, p. 78-79) fala-nos de mais um desses passarinhos:
Rajendra Singh, o homem que faz nascer rios:
"Rajendra Singh conseguiu, através do uso de técnicas ancestrais de aproveitamento da chuva, dar vida a cursos de água secos há mais de 60 anos."
Diz o artigo que este homem, quando lhe pediram que os ensinasse a fazer johads [reservatório tradicional de recolha de chuva], pôs condições: tinham de formar um Gram Sabha, uma assembleia local, onde cada família tivesse o seu representante. Além disso, todas as decisões relativas ao uso da água e à gestão das florestas e das pastagens tinham de ser tomadas em conjunto.
Foi acusado 377 vezes e foi sempre absolvido. Correu riscos de vida. No final do texto, o articulista Pedro Miguel Santos, cita Singh: Se vives para a natureza, ela dá-te sempre a proteção de que precisas."
Rajendra Singh esteve em Portugal este ano, em Abril (http://tamera.org/index.php?id=904&L=2)

quarta-feira, julho 04, 2012

As línguas em perigo no mundo

http://manuelcarvalho.8m.com/AFMIRANDES.html
TEXTO ESCRITO EM MIRANDÉS: La cada dues sumanas ua léngua stingue-se ne l mundo. Ls specialistas stiman qu'até finales deste seclo poderán perder-se quaije metade de las lénguas de l planeta a la medida que ls sous falantes ban abandonando an fabor de las lénguas maioritárias. (National Geographic Pertual, júlio 2012).
Stá decidido: ne l'anho que ben, bou liebar ls mius alunos la Miranda de l Douro!
http://tradutormirandes.pt.vc/


O Canal História tem um excelente documentário sobre o mirandês. Está disponível no YouTube. Começar por este vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=3SIv2sF5jOM&feature=player_embedded#!