Hoje, quando procurava absorver tudo o que a espantosa exposição que a Casa Manuel de Arriaga, na Horta, tem para mostrar aos seus visitantes, reencontrei, entre as coisas que a exposição revela, duas dessas tiradas, que guardei como testemunham as fotografias que aqui junto.
A primeira é, hoje em dia, como que um dos arquétipos que formam a identidade, a individualidade e a idiossincrasia dos portugueses enquanto povo. É um quase-arquétipo quer quer fazer-nos crer que estas coisas têm a ver com os genes, certamente, mas também com o chão que pisamos e que nos alimenta; e também com o Sol que nos ilumina e aquece; finalmente, tem ainda a ver com com os horizontes geográficos - dum lado, a secura de Castela e, do outro, a lonjura do mar.
"Há nos confins da Ibéria um povo que nem se governa nem se deixa governar." afirmou (terá afirmado) Júlio César.
Se o tema dos arquétipos me atraiu por formação académica, a segunda afirmação atraiu-me a atenção pela minha própria identificação ao nome do seu autor e à escola a que me dedico na minha profissão de todos os dias: a escola Eça de Queirós. Diz ele na citação que alguém quis destacar na projeção de slides que, num dos cantos da Casa-Museu, homenageia e consagra Manuel de Arriaga:
"Que fazer? Que esperar? Portugal tem atravessado crises igualmente más: - mas nelas nunca nos faltaram nem homens de valor e carácter, nem dinheiro ou crédito. Hoje crédito não temos, dinheiro também não - pelo menos o Estado não tem: - e homens não os há, ou os raros que há são postos na sombra pela política. De sorte que esta crise me parece a pior - e sem cura."
Entretanto, para quem tiver curiosidade, aconselho uma olhadela à morada virtual da casa-museu:
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