domingo, junho 29, 2008

Al Gore, anti-Algores. Mitos e contra-mitos.

O tema das alterações climáticas e o tema do aquecimento global são temas que não consigo (ainda) observar e pensar com aquela distância pessoal (cognitiva e afectiva) que me dê a segurança conveniente para os abordar da maneira que convém aos professores em face dos seus alunos.
Assim, tudo o que for dizendo, nestes tempos em todo o lado sobre-agitados, é provisório, insuficiente e "verdadeiro-até-ver".
Assumo claramente que poderei estar a ser "redutor", "sectário", "enviesador", sei lá que mais... mas não posso deixar de dizer o seguinte:
Pretenciosamente, na mais pura tradição do "eu"-habitante da estrela Sirius, de Augusto Abelaira, desco à Terra e o que vejo?...
Vejo que os políticos e governantes do mundo discutem o assunto do Aquecimento Global; vejo que os cinetistas especialistas e os jornalistas especializados discutem o assunto do Aquecimento Global; vejo que os interesses económicos e os lobbies discutem o tema do Aquecimento Global; vejo o cidadão comum virando a cabeça, ora olhando um deles, ora escutando outro, ora lendo um terceiro; vejo um professor - ao mesmo tempo, cidadão comum - a seguir para as suas aulas, apressadamente, tentando ler as últimas coisas que por aí se dizem sobre estes assuntos...
Vejo Al Gore de livro na mão, An Inconvenient Truth [Uma verdade inconveniente]; vejo Marlo Lewis, Jr, também de livro na mão, Al Gore's Science Fiction: A Skeptic's Guide to An Inconvenient Truth [A ficção científica de Al Gore]. Al Gore grita que a floresta atrás de Marlo Lewis está a arder e aponta um suspeito que corre ali à vista dos dois. Várias pessoas e os bombeiros correm para apagar o fogo, mas Marlo Lewis grita que parem, que se deixem estar onde estão, não há perigo, o criminoso não é de certeza aquele... que só a má intenção de Al Gore o elevou a bode expiatório...
Ora, há um absurdo nesta situação, não há?... A floresta está mesmo a arder, não está?...

3 comentários:

  1. Boas. A analogia com a floresta a arder não está bem feita. A analogia mais correcta seria:
    Um homem vai à floresta e desencadeia um incêndio de proporções épicas. Al Gore vem a correr afirmar que o fim do mundo está próximo se não fizermos nada, que nunca houve tantos incêndios no planeta e que os incêndios estão a libertar quantidades enormes de CO2 para a atmosfera. E apresenta a solução: investir 180 biliões de dólares anuais durante não sei quantos anos para o protocolo de quioto. Marlo Lewis diz algo do género: é verdade que a floresta está a arder mas o responsável não é o aquecimento global mas sim a pessoa que iniciou o fogo. É preferível investir dinheiro a proteger a floresta de incendiários. Este investimento é bem inferior ao exigido pelo protocolo de quioto. Com o resto do dinheiro podemos investir em problemas bem mais sérios como a pobreza mundial.
    É dificil endetnder onde está a razão?

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  2. Caro Nuno, querido amigo:
    Contigo, "descanso" e resolvo as minhas dúvidas: a floresta está mesmo a arder; há mesmo um incendiário; não é importante saber quem é o incendiário, só temos é de discutir qual é a maneira mais barata de proteger a floresta dos seus futuros ataques.
    Deixo-te uma pergunta: achas que vai sair fumo branco da discussão?
    Afinal, mais uma: não te parece que haverá quem queira que que a discussão nunca acabe?...
    Eu até penso que os que não querem que a discussão nunca acabe são os mesmos que precisam que a fome continue, fome que é o combustível que mantém a engrenagem que consolida o tal 1% mundial que domina 35% da riqueza mundial.
    A ser assim, nova dúvida será se Al Gore e Marlo Lewis são os palhaços ou os donos do circo em que todos andamos... à força!...

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  3. Boas psikus. Os problemas levantados são interessantes.
    Da nossa discussão não tenho dúvida que sairá fumo branco. lol
    Das discussões dos outros já não sei. lol
    Não creio que a questão esteja num grupo de pessoas que não queira que a discussão termine. O problema é que existem muitos interesses financeiros de ambos os lados. Sejamos honestos numa coisa: existem interesses financeiros cujo interesse é negar tudo relativamente ao aquecimento global e existem interesses contrários... e não, necessariamente, benéficos. Al-Gore não fala muito destes. lol
    O problema é que as pessoas andam a perder tempo com discussões fúteis sobre o ambiente. Se formos aos países pobres, veremos que as prioridades são bem diferentes. Quando as pessoas morrem de fome o ambiente fica para segundo lugar.
    O problema da fome é mais complicado e mexe muito com as nossas vidas. Por exemplo, na UE, uma vaca recebe 2 euros por dia. Milhões de pessoas vivem com 85 cêntimos ou menos. Mas poderia o nosso povo admitir a eliminação de benefícios para agricultura de forma a estimular a produtividade mundial? Parecendo que não, as barreiras aduaneiras são excelentes para nos providenciar boa qualidade de vida e boa qualidade de pobreza a muitos outros. O problema não está no 1% mas sim em toda a população do mundo rico.

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