quarta-feira, junho 10, 2015

Ora bolas!, a gente a pensar que isto era mesmo sobre os portugueses!...

Ora  bolas!,
a gente a pensar que isto era mesmo dos portugueses!...

Na última edição de "Os prós e contras", da RTP1, no dia 7 de Junho, o tema foi A FELICIDADE.
As Nações Unidas, por votação unânime (claro, fica bem a todos, pois então!, o pior é quando têm que decidir sobre as coisas sérias, concretas, materiais que efectivamente fazem a felicidade; nestes casos, a bondade dos países é bem outra coisa...), dizia eu, por votação dos 193 países membros, estabeleceram, em 2012, o dia 20 de Março, como o Dia Internacional da Felicidade (1).
Quanto lhe foi dada a palavra, o humorista Herman José mostrou que as pequenas anedotas, tal como as imagens, também valem mais que mil palavras.
Lembrou-se ele de uma anedota "que a minha querida Amália Rodrigues, que eu amava, contava". Diz ele que a anedota espelhava o espírito português na perfeição.
A anedota fala de uma senhora que ia no comboio e sentia muita sede. Lamentava-se repetidamente "Ai que sede que eu tenho!... Ai que sede que eu tenho!..." Até que um senhor, que viajava também naquela carruagem, lhe deu água a beber. Depois de beber a muito oportuna dádiva do senhor, a senhora passou a repetir, com o mesmo tom lamuriento, "Ai que sede que eu tinha!... Ai que sede que eu tinha!..."
Acontece que eu lembrava-me vagamente de qualquer coisa que conhecia. Como preguiçava àquela hora, em vez de me levantar do sofá, pequei no computador que tinha ali ao pé e pesquisei no Google. Pois, estava correcta a minha vaga lembrança. É que lá encontrei esta história, que faz parte, como tantas outras, de conjuntos de textos, parábolas, tão caras ao Oriente, para educar as pessoas com as lições dos velhos Sábios, Mestres e Anciãos.
O VIAJANTE SENDENTO 
[adaptado; no fundo o velho ditado que diz que quem conta um conto, acrescenta-lhe um ponto]
Lentamente, o sol tinha-se ocultado e a noite tinha caído por completo. Pela imensa planície da Índia deslizava um comboio, como uma descomunal serpente queixosa. Vários homens compartilhavam um vagão e, como faltavam muitas horas para chegar ao destino, decidiram apagar a luz e porem-se a dormir. O comboio prosseguia a sua marcha. Passaram alguns minutos e os viajantes começaram a conciliar o sono. Levavam já um bom número de horas de viagem e estavam muito cansados. A certa altura, começaram a escutar uma voz que dizia:
- Ai que sede que eu tenho! Ai que sede que eu tenho!
Assim, uma e outra vez, insistente e monotonamente. Era um dos viajantes que não cessava de queixar-se da sua sede, impedindo de dormir ao resto de seus companheiros. Já resultava tão molesta e repetitiva a sua queixa, que um dos viajantes se levantou, saiu, foi ao lavabo, e trouxe-lhe um copo de água. O homem sedento bebeu com avidez a água. Outra vez apagaram a luz. Os viajantes, reconfortados, dispuseram-se a dormir. Transcorreram mais uns minutos. No silêncio que se instalou, surpreendentemente, insinuou-se a mesma voz de antes, que começou a dizer:
- Ai, que sede que eu tinha, mas que sede que eu tinha!
O Grande Mestre disse: A mente sempre tem problemas. Quando não tem problemas reais, fabrica problemas imaginários e fictícios, tendo inclusivé que buscar soluções imaginárias e fictícias.
Ora bem, há outras versões por aí espalhadas; das que entretanto pesquisei entretanto, constante, só mesmo os queixumes em volta dos quais o conto, a anedota ou lição se tece.
Fará parte dos estereótipos culturais do nosso País, da maneira de ser dos Portugueses, que faça mais sentido que os queixumes sejam feitos por uma mulher do que por um homem. Seja, mas isto também nos alerta para o facto poderoso da miscigenação das culturas, que levou a que as Nações Unidas, a partir de certa altura, por pressão das realidades políticas e sociais mundiais, também passassem a tomar como uma das suas grandes bandeiras o lema "Todos diferentes, todos iguais."

(1) A ONU até criou uma lista "oficial" de temas musicais para mostrar como soa a felicidade. Obrigado! Fica-lhes bem darem-nos música. São mais agradáveis de ouvir do que os lamentos das mães sem condições para criarem os seus filhos; os choros das crianças que têm fome; os gritos dos cidadãos que tentam fugir aos tiros e às bombas que caem sobre as suas povoações; os gemidos dos velhos indefesos, deixados à impotência de não poderem já fazerem nada para se protegerem e protegerem os seus.

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