É claro que fiquei muito satisfeito com a revogação da avaliação dos professores, votada na semana passada pela Assembleia da República. [O Governo e a liderança dos deputados do Partido Socialista falam em aproveitamento eleitoralista... não sei (e interessará saber?, no meio de tanta coisa que tem acontecido na governação e na política do País?... Prefiro pensar: "Deus escreve direito por linhas tortas"]
Na altura em que foi o momento próprio para o fazer (2009, 2010), protestei pessoalmente, por escrito, contra este modelo de avaliação dos professores. Ato contínuo, reclamei ser submetido à forma mais exigente de avaliação prevista pelo modelo, para publicamente mostrar que o não temia.
Por isso, nesta hora, tomado, naturalmente, ainda por alguma inebriante satisfação, exorto (Que legitimidade tenho eu para o fazer?...) os meus companheiros de célebres manifestações na rua, a que o poder político nos obrigou, a apurarmos o rigor e a exigência no nosso trabalho, assim mostrando a zelosos fiscalizadores burocratas, que não necessitamos do seu olhar desconfiado, denegridor e inquisitório, ali mesmo em cima dos nossos atos e dos nossos procedimentos. Menos inquisição anatómica de métodos, mais enobrecimento de almas entusiasmadas na partilha de saberes, como logo aos 24 anos muito sabiamente intuiu Sebastião da Gama, quando se apresentou aos seus alunos, no início do seu estágio de professor.
Proponho duas frases, geograficamente vizinhas (páginas 216 e 217, na edição portuguesa da Porto Editora) na obra de Daniel Pennac, Mágoas da escola: "Neste mundo, é preciso ser bom demais para ser o suficiente." [Dans ce monde il faut être un peu trop bon pour l'être assez.] e "Basta um professor - um único! - para nos salvar e nos levar a esquecer todos os outros." [Il suffit d'un professeur - un seul - pour nous sauver de nous même et nous faire oublier tous les autres.]
Esforcemo-nos todos por um dia sermos este professor assim.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário