Esta Sexta Feira, 18 de Setembro, a República do Chile está de aniversário.
A 18 de Setembro de 1810, o Governante do Reyno do Chile, Mateo de Toro e Zambrano, intitulado Conde da Conquista, informa que o Rei de Espanha, Carlos IV de Borbon e Navarra e o seu filho Fernando, príncipe da coroa, estavam presos em França. Espanha estava sem Rei. Governava Napoleão Bonaparte através do seu meio-irmão José.
Vi o meu longo texto no blogue de Fernando Pinto, que ainda guardo, escrito no ano de 2008, para explicar o que era o Chile e como, pela inexistência do rei, a colónia passou, com orgulho, a governar-se a si própria. 199 anos menos 19, são 180 anos de glória, os restantes 19, todos do século XX, foram anos de ferozes perseguições, 19 anos de assassinatos e sequestros de chilenos no Chile e fora do Chile. Restituída a democracia, comemoramos, em 2009, 180 anos de independência.
No texto supra referido, lamentavelmente, esqueci-me dessa simples operação de subtracção, como acima também explicitei, simples operação dizia, mas simbólica e materialmente marcante. O ditador, cujo nome propositadamente, esse sim, esqueci definitivamente, foi derrubado pela democracia sempre imperante no Chile. O socialismo social-democrata e o socialismo cristão tornaram a repor a República dentro da paz dos grandes do mundo. Esse ditador faleceu, como eu esperei ao longo de 36 anos de exílio, réu de crimes por matar chilenos e por roubar à riqueza nacional o dinheiro que fez dele e da sua família, gente de bem: lucraram com as operações combinadas na América latina para matar opositores e iam à missa para mostrar a sua bondade. Alguns dos seus apoiantes, actualmente presos, estão a ser julgados. Finalmente honra-se a memória do assassinado Presidente Constitucional, juntando-se-lhe a defunção da nossa amiga Hortensia Bussi Soto de Allende, que faleceu como pretendia: 94 anos, no meio de uma frase para aconselhar a sua filha Maria Isabel, Deputada do Partido Socialista. A frase ficou inacabada, mas a sua memória não.
Este 18 de Setembro, que com alegria comemoro, junta o cúmulo dos factos mais bravos na base dos quais a República se construiu. Esta é a República, que retira da dor a glória dos outros anos, os acumula e faz dela uma democracia exemplar.
Raúl Iturra
Chileno – Português lautaro@netcabo.pt .
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