quarta-feira, setembro 19, 2018

O PROFESSOR DE PSICOLOGIA ENQUANTO SUJEITO DOS TRABALHOS MONOGRÁFICOS


Conversas reais ou imaginárias com alunos, 1

O PROFESSOR DE PSICOLOGIA ENQUANTO SUJEITO DOS TRABALHOS MONOGRÁFICOS

— Mas, ó “stôr”, porque é que não o podemos escolher a si como sujeito do trabalho monográfico,
"O pensador" original, na Porta do Inferno.
será que é diferente das outras pessoas?...
A provocação é grande, mas a resposta não é difícil.
— Caro aluno, o caso que eu vos contei acerca da forma como cheguei ao contacto com o Professor António Damásio, o que nos diz ele? É que o desafio que vos proponho, o desafio vencedor, é aquele em que nós vamos um pouco mais além do que óbvio, do que é lógico: se eu quero falar com o Professor António Damásio, escrevo ao Professor António Damásio. Foi o que fez o vosso colega, insistindo ao longo de mais de 2 meses. Resultado: nada, o que o fez querer desistir do Professor António Damásio enquanto sujeito monográfico. E que fiz eu para chegar ao Professor António Damásio em menos de 24 horas? Não escrevi ao Professor António Damásio, não foi o que vos disse?
Porta do Inferno (Musée Rodin).
                No fundo, o que fiz eu? Pensei um pouco para além do óbvio, do imediato; do lógico. Quer dizer, essencialmente, em vez de pensar de forma convergente, pensei de forma divergente, criativa. Imaginei o Professor no seu dia-a-dia de trabalho, na maneira como se move entre as aulas que dá, as investigações em que participa, as teses que orienta, as leituras que faz, a correspondência que manda e recebe, etc.
                Então, agora, pensem cá uma coisa: nunca algum de vocês teria hipótese de fazer o trabalho monográfico comigo! Vejam lá se é obvio, ou não: os meus alunos fazem trabalhos monográficos há vários anos — vocês acham mesmo que são os primeiros a quererem fazer o trabalho monográfico comigo? Se eu já tivesse dito sim a um dos vossos colegas, em resultado das regras (não se podem repetir sujeitos monográficos), o que eu agora vos diria era “Não posso, já alguém fez o trabalho comigo.”
                Por outro lado, para ser justo com todos, da mesma maneira que vos estou a dizer não, disse não a todos os outros. O que eu tenho dito aos vossos colegas dos outros anos é o seguinte: “Aceitarei ser sujeito de trabalho monográfico quando tiver a certeza de estar a leccionar o meu último ano de aulas. E mesmo nessa altura, só serei se algum dos alunos quiser; se não quiserem, nem nesse ano serei. Portanto, aquele ‘nunca’ lá de trás vale para todos os anos em que ainda venha a dar aulas, excepto para o último ano.”

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