domingo, julho 18, 2021

UM DESAFIO PARA A ESCOLA DO SÉCULO XXI?

 UM DESAFIO PARA A ESCOLA DO SÉCULO XXI?

Agora tem sido tempo de olhar, nos trabalhos dos alunos, o que pode ser sugestivo de melhoramento da abordagem pedagógica da aprendizagem no próximo ano lectivo.

Num trabalho, na versão finalíssima, um aluno (12.º ano) escreve:

“Eu sei que este trabalho será alvo de uma avaliação e, normalmente, isso assusta-me bastante. Sou alguém bastante perfeccionista e gosto de obter as melhores classificações possíveis.

Porém, honestamente, não me importa minimamente a classificação que poderei ter neste trabalho.

A minha missão foi cumprida, e a minha recompensa... Bom, essa eu já recebi e carregarei para o resto da minha vida comigo: uma amizade com o sujeito monográfico que jamais as palavras poderão descrever.”

Pouco antes, o aluno tinha escrito assim:

“Hoje sei, com toda a certeza, que este trabalho foi o que mais me desafiou. Passei por muitas fases: uma vontade enorme de o começar, um cansaço e uma ponta de desmotivação e, por fim, quando escrevo estas palavras, passo pela última fase — encontro dentro de mim um sentimento de objectivo cumprido”.

Sim, na escola do século XXI as aprendizagens nas escolas podem ser profundamente significativas, contribuindo poderosamente para o desenvolvimento pessoal dos alunos.

Libertem as grandes disciplinas de exame — o Português, a Matemática, a História, etc. — do conservadorismo avaliativo, cerceador, que nivela pela convergência normativa redutora e atrofia a divergência criativa e auto-realizadora.

É verdade, não me rio dos fantasiosos arautos burocratas do ensino para o Século XXI; pior, lamento-os.

Os jovens estudantes são, em geral, como as plantas: mesmo nos mais inóspitos ambientes, assim que tenham o tempo minimamente necessário para a sua oportunidade criativamente realizadora, aproveitam-na.

Reparem como o aluno suplantou o férreo condicionamento dos ‘rankings’ entre alunos e entre escolas: a nota não lhe interessa, interessa é o desafio que lhe foi lançado e sente que venceu com as suas capacidades; e fez uma profunda amizade, para o resto da sua vida.

É, deste modo, ir além até do grande repto de Jean Piaget, quando se apropriou do que ele próprio tinha ouvido: “Tudo o que se ensina à criança é um obstáculo à sua capacidade de descobrir e inventar”.

Piaget quis estudar a inteligência sem o afecto. Este aluno mostra que inteligência e afecto não são opostos, pelo contrário.

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P.S. - Para os descrentes, que desqualificam tudo o que podem, digo que não, não é caso único. Tenho mais casos assim.

terça-feira, julho 13, 2021

AS APARÊNCIAS ILUDEM, FERNANDINHO, NÃO É?

 AS APARÊNCIAS ILUDEM, FERNANDINHO, NÃO É?


É verdade, parece que parei a descansar, mas, olha, como escreveu o poeta da Antiga Grécia, Mimnermo,

"Ao Sol coube em sorte trabalhar todo o dia, sem ter descanso algum, para ele ou para os cavalos, desde que a Aurora de dedos róseos abandona o Oceano, para subir ao céu."

Se me queixo ou não do meu destino, amigo, isso só está na cabeça dos homens, ao sabor dos seus humores, energias, esperanças ou descrenças. Tem um bom dia!


domingo, julho 04, 2021

"O NASCER DO SOL"

 "O NASCER DO SOL"


"Num domingo, quando o sol convidava para a praia e os meninos iam para a missa, assobiando a sua alegria para dentro dos quintais, Zito foi para a casa, para o refúgio da sombra do telhado, espreitar a menina dos olhos azuis."

E que viu ele, Fernandinho? Pois, viu o que os olhos ingénuos dos rapazes que o formigar intenso do corpo transforma em homens querem ver.

Na missa não deram por falta dele, o barrote é que se fartou. Na dúvida da queda ser castigo de pecado, o Zito confessou-se, mas aos amigos, só a eles. Os amigos, sim, ficaram em pecado mortal: invejaram o sol que naquele domingo nasceu para o Zito; e ficaram ainda mais em ânsias do deles, para que não tardasse.

Olha, o conto vai fazer 66 anos, o José Luandino escreveu-o no dia 7 de Julho de 1955, e eu, como vês, acrescentei-lhe um ponto.

sábado, julho 03, 2021

'CARPE DIEM' EM SÂNSCRITO, MAIS COMO PENSAMENTO, MENOS COMO SAUDAÇÃO

 'CARPE DIEM' EM SÂNSCRITO, MAIS COMO PENSAMENTO, MENOS COMO SAUDAÇÃO

Vê lá se concordas comigo, Fernandinho:

"O ontem não é senão um sonho e o amanhã uma visão. Bem vivido, o hoje faz de cada ontem um sonho de felicidade e de cada amanhã uma visão de esperança. Por isso, cuida bem de ti hoje."

sexta-feira, julho 02, 2021

"HORAS NON NUMERO NISI SERENAS" DIZEM OS RELÓGIOS DE SOL

 "HORAS NON NUMERO NISI SERENAS" DIZEM OS RELÓGIOS DE SOL


"Conto somente as horas serenas", não é o que apetece pensar num momento assim, Fernandinho? Olhando tanta serenidade, por um instante sente-se a eternidade...

Foi tão engraçado que, a certa altura, o silêncio da eternidade tivesse sido atravessado pelo choro de um bebé, não foi? É que não a perturbou, marcou-a com a Vida.