sábado, fevereiro 01, 2020

TRIBALISMOS; E OS 7 MIL MILHÕES DE OUTROS

Penso que José Pacheco Pereira tem razão quando procura caracterizar os tempos em que vivemos como os de (nova) ascensão dos tribalismos - do tipo em que expressam mais as suas componentes negativas, destruidoras, do que positivas ou construtivas.
Escreve ele assim, no Público, hoje:
«O tribalismo dos dias de hoje é outra coisa, é no seu cerne antidemocrático, destruindo, com o precioso incentivo das redes sociais, um espaço público mediado pela verdade, pelo saber, pelas instituições da democracia, partidos e sindicatos, mas também pela família, pela escola, e mesmo pela igreja. O terreno impante de ressentimentos, violência, anti-intelectual, completamente de costas voltadas para os factos e para a verdade, sedento, não de autoridade, mas de autoritarismo, profundamente solitário diante do Facebook e do Instagram, em que estão viciados, e incapaz de pertenças sociais a não ser a grupos agressivos contra tudo e contra todos. Vêm aí os bárbaros, como no poema de KavaÆs, mas não são os bárbaros que precisamos, aqueles que “talvez fossem uma solução”. Esses nunca chegaram e estes são outra coisa e não nos vão ensinar a ser outra coisa. Vão obrigar-nos a ser nós mesmos, mas pior.»
Assim que li o artigo de José Pacheco Pereira fui revisitar os fascinantes vídeos dos "7 Mil Milhões de Outros". Temos cada vez mais medo de olhar os outros nos olhos, de os conhecer e de os reconhecer. Estes vídeos - uns muito pequenos, outros assim-assim, outros grandes, dão para todos os gostos - ajudam-nos na reaprendizagem do contacto com os outros, e na educação da consciência de que somos muito mais iguais a eles do que pensamos.
Convido-vos a todos a passarem por eles de vez em quando. Muitos deles têm já boas legendas em português.

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