Calhou bem.
Vive-se aqui o dia dos Amigos como eu nunca o vivi.
As rádios locais falam constantemente no Dia dos Amigos, dizem que hoje está um bom dia para festejar o Dia dos Amigos.
O João Henrique, o meu afilhado, nascido faialense, hoje de manhã, ainda estremunhado, cumprimentou-me como nunca o fizera antes e saudou-me com um "Bom dia, amigo!"
Com o meu amigo Chefe Jaime vou logo, depois de aconchegar a minha mãe no fim do seu jantar, tomar um gin no Peter, à saúde dos amigos. O primeiro de que me vou lembrar - perdoem-me os outros - é do Zeca Barroso, que também vive muito intensamente na sua terra, o Redondo, no Alentejo, o Dia dos Amigos.
Aos outros amigos, de boa vontade os abraçaria a todos hoje. E sinto a alegria de saber que não teria tempo para todos. São já muitos! Estou certo que, ao longo da vida, muitos tenho juntado e praticamente nenhum eu tenho perdido.
A todos dedico o poema de Alexandre O'Neill
AMIGO
Mal nos conhecemos
Inaugurámos a palavra amigo!
"Amigo" é um sorriso
De boca em boca,
Um olhar bem limpo,
Uma casa, mesmo modesta, que se oferece,
Um coração pronto a pulsar
Na nossa mão!
"Amigo" (recordam-se, vocês aí,
Escrupulosos detritos?)
"Amigo" é o contrário de inimigo!
"Amigo" é o erro corrigido
Não o erro perseguido, explorado,
É a verdade partilhada, praticada!
"Amigo" é a solidão derrotada!
"Amigo" é uma grande tarefa,
É um trabalho sem fim,
Um espaço sem fim,
Um espaço útil, um tempo fértil,
"Amigo" vai ser, é já uma grande festa!
Alexandre O'Neill, No Reino da Dinamarca
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