Acontece que - como tantas vezes já se passou!... - dois acontecimentos se produziram bem pertinho um do outro nas coisas que me ocuparam neste fim-de-semana; e deixaram-me a pensar...
É recorrente eu falar aos alunos na facilidade com que os portugueses se misturam com os Povos, com as Gentes, com que se cruzam - aconteceu assim, ao longo da nossa História, com os Mouros (os africanos do norte), com os Negros (os africanos do sul), com os Asiáticos e com os Índios do Brasil; e mais recentemente com as sociedades que têm acolhido os nossos emigrantes. (E, por agora, vou passar ao lado do papel dos homens, por ventura muito mais evidente que o das mulheres).
Por isso, quando ontem, de manhã, na Igreja da Graça dei de caras com os santos negros, quis logo saber se aquelas estátuas, com aquelas feições dúbias (europeus?... africanos?... seriam negros só por causa da cor da madeira?...) eram mesmo o que eu estava a pensar, ou melhor, o que eu queria que fosse mesmo; e eram: as estátuas representavam mesmo pessoas de pele negra.
Ao que pude perceber, foi no Algarve que aos pouco surgiu um culto, uma devoção aos santos negros, certamente explicada pela proximidade geográfica e histórica ao continente africano. E não é por acaso que na Igreja da Graça os santos estão à volta da imagem de Nossa Senhora do Rosário; na verdade, a Irmandade de Nossa Senhora do Rosário permitia (terá sido durante muito tempo a única a fazê-lo) que os irmãos fossem pretos. A Irmandade juntava dinheiro para "desalforrear" os escravos e dava-lhes o trato humano que a todos os homens livres era reconhecido. Lindo!... Repare-se, não apenas lhes conseguem a carta de alforria como logo os valorizam, alcandorando-os a santos!
http://www.whitewolfpack.com/2015/04/10-native-american-quotes-about-mother.html |
praticamente aniquilaram as suas culturas, com chacinas, autênticos genocídios. Ainda hoje nem o infeliz Prémio Nobel da Paz, Barack Obama, reconhece e assume o trágico destino a que os "pavões" da Liberdade condenaram os Povos indígenas da terra que os colonos europeus indignamente reclamaram como sua.
Sim, gostei muito do que vi na Igreja da Graça; e pus-me a imaginar, com tristeza, o que terá o jovem nativo americano, que aparece aqui a dançar, enfrentado ao longo da vida, e como se terá decepcionado, protestado e rebelado...