sexta-feira, janeiro 17, 2025

#TOLERÂNCIA 19 – A TOLERÂNCIA DOS PAIS PARA OS FILHOS

 #TOLERÂNCIA 19 – A TOLERÂNCIA DOS PAIS PARA OS FILHOS

Tenho praticamente pronto um livro sobre João dos Santos, o notável pedagogo, psiquiatra e psicanalista. É um livro centrado nas coisas que ele diz acerca de conceitos que todos nós usamos, seja na linguagem aberta do dia-a-dia, seja na linguagem mais fechada da intervenção clínica.
Num dos livros de divulgação geral que ele escreveu (neste caso, ele fez escrever), ele diz assim sobre a Tolerância:
«A tolerância, em matéria educativa, tem limites. Há coisas que se suportam, outras que são insuportáveis, há graus e a repetição também de certas coisas às vezes torna-se insuportável, como acontece com uma mãe de família que tem de lavar as roupas da cama todos os dias ao menino [que faz chichi na cama].»(1)
Aparentemente, estamos perante um problema insolúvel: a criança que tem direito ao sintoma da sua perturbação psico-afectiva, ou emocional; e a mãe que tem direito a sentir insuportável a mil vezes repetida ocorrência que a sobrecarrega de trabalho e desconforto. Como fazer?
Qual é o limite da tolerância neste caso? Mais crítico que o limite da tolerância é o «Basta!» Quando a mãe diz «Basta!», o que se segue, o que faz ela a seguir?
Talvez esta situação, melhor que muitas outras, mostra-nos que, é verdade, é preciso que a Pedagogia e a Educação se empenhem nas formas e nas estratégias de fazer acontecer a Tolerância; mas não só. Esta situação mostra-nos de forma especialmente aguda que também temos de fazer a Pedagogia e a Educação do «Basta!», quer dizer, do momento em que acaba a tolerância.
(1) João dos Santos, "Eu agora quero-me ir embora", Lisboa, Assírio Alvim, 1990.

quinta-feira, janeiro 16, 2025

#TOLERÂNCIA 18 – A TOLERÂNCIA É UM VALOR OU É UM DIREITO?

 #TOLERÂNCIA 18 – A TOLERÂNCIA É UM VALOR OU É UM DIREITO?

Boštjan M. Zupančič diz, no texto de que vou falar, que é um direito. Um direito que precisa dos valores para ser efectivo, que faça parte do relacionamento entre as pessoas, os grupos sociais e os países.
Quando proferiu este discurso, que tinha como título "Sobre a Tolerância", Boštjan M. Zupančič era juiz do Tribunal Europeu dos Direitos Humanos, em Estrasburgo. Fê-lo em Bruxelas, na OSCE, no dia 14 de Setembro de 2004. É assim que ele começa o discurso:
«A melhor maneira de promover a tolerância é promover valores sociais novos e mais adequados: valores com os quais as pessoas se possam identificar positivamente, valores que apareçam no horizonte da mudança social progressiva, valores que dêem às pessoas a esperança de que a sociedade de amanhã será melhor do que a sociedade em que vivem actualmente. Quando há esperança de que a sociedade de amanhã será melhor do que a sociedade de hoje, as pessoas aceitam de facto a mudança social e estão dispostas a fazer sacrifícios para se adaptarem a ela.
É claro que os novos valores não se criam facilmente. Além disso, a sua integração social ocorre durante a passagem das gerações mais velhas para as mais novas.
A intolerância é, em grande parte, uma consequência de valores antigos, passados e obsoletos - mas muitas vezes valores institucionalizados. Em termos sociológicos, existem três reacções predominantes (os três “R”) a estes valores residuais inadequados e disfuncionais. A ritualização através de todos os tipos de ritos sociais confirma o apego aos antigos valores A resignação é uma emigração interior e a negação de uma realidade social, política, etc. inaceitável, inaceitável da realidade social, política, etc. No entanto, é a rebelião e a revolta dos jovens, pensemos no Maio de 1968, que instiga o conflito social criativo. Abre o caminho de assimilação de valores mais ou menos radicais, novos e eventualmente mais adequados valores.(1)(2)»
Sou especialmente sensível a esta forma de pensar porque me tenho empenhado, especialmente de há 7 anos a esta parte, na divulgação duma Exposição itinerante de Valores do Desporto e da Cidadania Europeia. A Exposição chama-se "Move-te por Valores, no Desporto e na Vida".
A Exposição tem percorrido as escolas de todo o País, até já chegou às Ilhas; e já chamam por ela em Espanha! Uma das mais-valias pedagógicas e educativas da Exposição é o despertar da consciência aos alunos e professores das escolas de que têm seguramente, no seio das suas comunidades educativas, protagonistas de carne e osso de valores humanos que vale a pena partilhar com os outros alunos e os outros professores das escola do País, da Europa e do Mundo.
Em si mesma, a Exposição já é fruto duma notável colaboração entre o Plano Nacional da Ética no Desporto (do Instituto Português do Desporto e da Juventude) e as Escolas Embaixadoras do Parlamento Europeu.
(2) Traduzido com a versão gratuita do tradutor - DeepL.com

quarta-feira, janeiro 15, 2025

#TOLERÂNCIA 17 – O MOTE DA CONVERSA SOBRE A TOLERÂNCIA É...

 #TOLERÂNCIA 17 – O MOTE DA CONVERSA SOBRE A TOLERÂNCIA É...

A Pedagogia e a Educação da Tolerância pedem jogos, conversas, exercícios, actividades para que o conhecimento e a experiência da Tolerância cresçam e, sem que a gente disso dê conta, a Tolerância torna-se uma atitude pessoal que predispõe ao comportamento de aceitação recíproca entre as pessoas, a colaboração prevaleça sobre a competição, a negociação prevaleça sobre a intransigência. Quer dizer, a atitude tolerante vai-se fazendo, vai-se construindo. Tem a ver com o aviso de que não é em tempo de guerra que se limpam armas. A Tolerância, nesta figuração, até se propõe como uma arma-que-não-é-arma: não repele, aproxima; não mata, preserva a vida.
Para hoje, proponho este mote: «Tolerância não é concordar com tudo, mas aceitar que as diferenças enriquecem o mundo.» Quem é o autor? Não interessa — e posso garantir que, ao não indicar o autor, seguramente não estou a desrespeitá-lo. Digamos que o autor pediu-me para não o designar. E não fui eu o criador da frase, juro!
Numa esplanada, à volta dum café, lançado o mote, a conversa segue livre, flui sem peias ou atilhos. O à-vontade entre os que se sentam à mesa assegura a corrente de pensamentos, opiniões, dúvidas, teses; teses e antíteses. A conversa não compromete ninguém, talvez se peça outro café.
Numa escola, ou num grupo de discussão, formalmente organizado, lançamos recurso a um guião, a questões-gatilho; estimularemos a fala e a escuta recíproca entre todos; e, conforme a dinâmica de conversa aconteça, perguntamos se é de se tentar uma espécie de síntese, ou tese, final. Como que a sugerir um compromisso entre todos. Ou mesmo sem isso fazer. A conversa já terá produzido frutos. Vamos tentar?