segunda-feira, novembro 10, 2025

#TOLERÂNCIA316 - E A SOLUÇÃO É A EDUCAÇÃO

 #TOLERÂNCIA316 - E A SOLUÇÃO É A EDUCAÇÃO

Ainda não tinha avançado por caminhos que me levassem ao que acerca da Tolerância se diz, nos dias que correm, em alemão. As facilidades de busca e de chegada, seja onde seja, na Internet, são cada vez maiores.

Hoje encontrei um texto interessante, daqueles em que se vê uns aos olhos dos outros. Neste caso, um jornalista alemão a falar dos franceses; e duma muito importante experiência de educação social: aconteceu uma tragédia e a resposta foi um projecto de educação.

O artigo, da edição de hoje do jornal "Süddeutsche Zeitung"de hoje, do jornalista germano-francês Nils Minkmar, titula "Deixa-te abraçar." E logo a seguir subtitula: "Dez anos após os atentados islamistas em Paris, os franceses recolheram-se à sua vida privada. Aí, são inundados por programas de debate que anunciam o fim dos tempos. Mas também há consolo e ajuda."

A meio da terceira parte do artigo, o autor (jornalista e historiador) escreve assim: «Também os socialistas sob François Hollande desiludiram. Não tinham conseguido impedir os atentados de 2015 e,

sobretudo, faltaram-lhes, no período posterior, ideias políticas para desenvolver, a par da repressão constante, uma prevenção abrangente. Uma boa resposta aos atentados teria sido uma nova política urbana, um urbanismo político que bloqueasse as vias de recrutamento dos jihadistas. Embora a sua ideologia seja de origem globalizada e transmitida digitalmente, os jovens terroristas vêm dos subúrbios de França, por vezes da Bélgica. Um plano nesse sentido, elaborado pelo popular político socialista Jean-Louis Borloo, dorme há anos numa gaveta do Eliseu.

»Em vez disso, o então Presidente da República, François Hollande, lançou-se no endurecimento das regras sobre a dupla nacionalidade. Assim, os terroristas deveriam poder perder a sua cidadania francesa — mas, para tipos que matam em massa frequentadores de concertos e cafés e procuram, com um colete explosivo, uma glória póstuma como mártires, a perda da cidadania talvez não seja algo particularmente determinante. Uma obra educativa e esclarecedora como a de Latifa Ibn Ziaten(1), mãe de uma vítima do terrorismo islamista (o filho foi uma das vítimas do atentado em Toulouse em 11 de Março de 2012), que visita as escolas dos subúrbios para falar sobre Islão, violência e tolerância, continua a ser uma excepção.»

A Educação como excepção?... Seja, mas que não se desista da Educação. A Educação é o caminho que vale sempre a pena.

O documentário de Latifa Ibn Ziaten teve lançamento público em 4 de Outubro de 2017. Vou tomar nota. Um dia vou visitá-lo. Passaram 8 anos, quero saber se foi excepção ou semente.

(1) Latifa Ibn Ziaten é uma ctivista franco-marroquina de 61 anos (publicado em 11/15/2022). Trabalhou no domínio da luta contra o extremismo e da promoção da tolerância. Tornou-se instantaneamente conhecida após um trauma profundo em 2012, quando perdeu tragicamente o seu filho, soldado do exército francês, num atentado terrorista perpetrado por um francês de origem argelina. Esse acontecimento despertou nela uma determinação firme em dedicar-se seriamente à luta contra o extremismo em França e noutros países, combatendo a intolerância ideológica e todas as formas de discriminação baseadas na religião, na raça, na língua, no género ou na cor, e promovendo a cultura do diálogo, da convivência e da harmonia. Em poucos anos, passou de mãe enlutada a ícone da tolerância e da luta contra o extremismo. (https://www.imctc.org/en/eLibrary/Magazine/Topics/Pages/topicM15112022.aspx)

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domingo, novembro 09, 2025

#TOLERÂNCIA315 - TOLERAR NÃO É ADERIR

 #TOLERÂNCIA315 - TOLERAR NÃO É ADERIR

A edição deste fim-de-semana do jornal belga "Le Soir" traz um artigo com este título: "Video-vigilância e cidadãos: penso nas câmaras e depois esqueço-me delas — Os sistemas de video-vigilância instalaram-se no espaço público. Mas a adesão dos cidadãos não é incondicional: assim que se passa do olho que vê para o algoritmo que identifica ou prevê, o consentimento desfaz-se." O autor é o jornalista belga Joël Matriche.

O artigo está divido em 3 partes, a segunda é a que leva o título "Tolerar não é aderir". A seguir transcrevo integralmente esta parte do artigo:

«Na Universidade de Neuchâtel, os investigadores Francisco Klauser e Raoul Kaenzig sondaram, entre 2015 e 2016, os habitantes e utilizadores do bairro dos Pâquis.(1) O veredicto é, desta vez, igualmente

matizdo: instaladas nos seus mastros, agarradas a uma parede ou a um tecto, as câmaras acabam rapidamente por ser esquecidas, incomodam tanto quanto tranquilizam. «O sistema perde progressivamente a sua pertinência na vida quotidiana das pessoas», escrevem, em substância, os investigadores. Tanto mais que, segundo Francisco Klauser, mesmo que a recepção dos habitantes e utilizadores do bairro seja geralmente positiva, estes não conseguem apropriar-se destes sistemas desencarnados: os operadores das câmaras estão distantes e invisíveis, observadores e observados não estão em relação, o cidadão torna-se um simples objecto de informação e não mais de comunicação. «Como as câmaras estão afastadas, espacial e socialmente, acabam por se tornar uma abstracção à qual já não se presta atenção.»

Outra linha de fractura: se os dispositivos policiais são geralmente aceites, as câmaras privadas que vão invadindo o espaço público são, estas sim, muito mais criticadas.

A atitude face às câmaras — aceitação, rejeição, resignação, indiferença… — depende também do contexto, seja numa carta geográfica ou numa linha do tempo. Do «quando» e do «onde». Os atentados de Nova Iorque (2001), Madrid (2004), Londres (2005), Paris e Bruxelas (2015–2016) criaram «picos de aceitabilidade emocional», segundo um inquérito pan-europeu realizado em 2024 por investigadores checos junto de 20.000 pessoas. E se a video-vigilância é uma das formas de controlo público mais toleradas (média europeia à volta de sete em dez, ainda mais na Bélgica), esta aprovação é mais elevada na Europa Ocidental e Setentrional do que na maioria dos países do antigo bloco comunista, onde se sabe até onde pode ir o controlo do indivíduo pelo Estado.

Por fim, e de modo mais geral, relata este vasto inquérito, esta aceitação só é válida se o uso que é feito destes dispositivos permanecer «visível, proporcionado, não intrusivo». «Após os atentados de Bruxelas, os políticos e a polícia insistiram na necessidade de multiplicar estas câmaras», acrescenta Corentin Debailleul. «Hoje, controlam as zonas de baixas emissões, os excessos de velocidade, perseguem veículos suspeitos, já não se sabe bem para que servem…»

O primeiro parágrafo da 3.ª e última parte é crítico para se formar uma opinião clara, e livre!, acerca do assunto: «"Do olho que vê ao algoritmo que deduz": Acima de tudo, uma constante sobressai no conjunto dos trabalhos recentes: quanto mais se acrescentam camadas "inteligentes" – reconhecimento facial/biometria, análise em tempo real, dispositivos predictivos – mais a aceitabilidade diminui. Os europeus mostram-se manifestamente mais reticentes em partilhar dados biométricos e exigem salvaguardas: base legal clara, proporcionalidade, controlo independente, duração limitada, avaliação pública da eficácia.»

(1) A primeira resposta da IA da Google à minha busca do "quartier des Pâsquis" foi a seguinte: "O bairro de Les Pâquis é uma zona de Genebra conhecida pelo seu ambiente cosmopolita, animação e proximidade com o Lago Léman. É reconhecido pela sua diversidade cultural, pelos numerosos restaurantes e bares, assim como pelos 'Bains des Pâquis', uma instituição genebrina com praia, trampolim, sauna e restaurante. O bairro é também descrito como um local onde existe comércio sexual e onde os rendimentos de vários sectores estão entre os mais baixos da cidade."

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sábado, novembro 08, 2025

#TOLERÂNCIA314 - É FÁCIL MELHORAR. MAS MELHORAR EM QUÊ?

 #TOLERÂNCIA314 - É FÁCIL MELHORAR. MAS MELHORAR EM QUÊ?

Evidentemente, pouco mais de 24 horas não dá para percorrer todo o "The Daily Stoic# de R. Holiday e S. Hanselman, dá apenas para leituras selectivas. A geografia desta viagem é a Tolerância, por isso fui à prcura dela em todas as 366 entradas.

Se ontem quis fazer uma breve apresentação do livro que encontrei na livraria da FNAC do aeroporto de Lisboa, hoje o meu foco foi o aparecimento da palavra Tolerância na citação que abre cada uma das 366 entradas. Aparece uma vez, numa afirmação das Meditações de Marco Aurélio.

Numa das primeiras estações desta viagem, escrevi que o conceito de Tolerância apareceu muitos séculos depois de Marco Aurélio. Não, não me esqueci do que escrevi nessa altura, nem estou a contradizer-me. Acontece que temos de, tentando não perder o rigor de linguagem, ser tolerantes para os tempos históricos, as línguas dos tempos históricos e as traduções, as maneiras como as coisas passam de umas línguas para outras. Adiante. O que escreveu Marco Aurélio? (os autores dizem-no na entrada do dia 22 de Outubro)

«Alguém pode ser excelente a derrotar um adversário, mas isso não o torna mais solidário, nem mais modesto, nem mais preparado para qualquer circunstância, nem mais tolerantecom as falhas dos outros.»Marco Aurélio, Meditações, 7.52

Os autores do livro propõem a seguinte reflexão: «O auto-aperfeiçoamento é uma busca nobre. A maioria das pessoas nem sequer tenta. Mas, entre as que o fazem, é fácil que a vaidade e a superficialidade corrompam esse processo.

»Queres abdominais definidos porque te desafiaste e te comprometeste com um objetivo difícil? Ou porque queres impressionar os outros quando tiras a camisola? Estás a correr essa maratona porque queres testar os teus limites ou porque estás a fugir dos problemas em casa?

»A nossa vontade não deve ser dirigida a tornar-nos alguém em excelente forma física ou com várias línguas dominadas, mas sem tempo nem paciência para os outros. De que serve vencer no desporto se falhas na tentativa de ser um bom marido, esposa, pai, mãe, filho ou filha?»

E rematam com o seguinte aviso-sugestão: «Não confundamos tornar-nos melhores em algo com tornar-nos pessoas melhores. Uma dessas coisas é uma prioridade muito maior do que a outra.»

Não me espantarei se num grupo de discussão que se ocupe desta entrada estoica aparecer a crítica de que os autores exageram na crítica à actividade física e argumentem, a contrapor, o clássico "Mente sã em corpo são". Pois que as críticas apareçam! O desafio, no fundo, fica para quem tiver a seu cargo a moderação da discussão de grupo. Porque da discussão nasce a luz, não é? Acho que lá mais para trás já o disse...

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sexta-feira, novembro 07, 2025

#TOLERÂNCIA313 - MÁXIMAS DE TRÊS HOMENS SÁBIOS

 #TOLERÂNCIA313 - MÁXIMAS DE TRÊS HOMENS SÁBIOS

O livro "The Daily Stoic: 366 Meditations on Wisdom, Perseverance, and the Art of Living", de Ryan Holiday e Stephen Hanselman, de 2016, tem como ideia-central apresentar uma meditação para cada dia do ano — 366 entradas (portanto, um ano bissexto) — com citações dos grandes filósofos estóicos (como Marco Aurélio, Epíteto, Séneca, entre outros) e comentários práticos sobre como essas ideias se aplicam à vida actual. O livro está dividido por meses/temas: “Disciplina da percepção”, “Disciplina da acção”, “Disciplina da vontade”. Para cada entrada, os autores apresentam uma citação estoica, fazem uma reflexão e sugerem um passar à prática.

É um livro interessante, para ser lido tanto solitariamente como na animação de uma dinâmica de grupo. Em 10 delas fala da tolerância. Trago a que foi arrumada num hipotético dia 19 de Novembro. Está incluída na parte III do livro, a da disciplina da Vontade. Tem como título "Máximas de três sábios" (mesmo que, na verdade, sejam quatro):

A CITAÇÃO

“Perante qualquer desafio, devemos ter três pensamentos orientadores: «Guia-me, ó Deus e Destino,» «até à Meta que há muito me foi destinada.» «Seguirei e não tropeçarei; mesmo que a minha vontade seja fraca, prosseguirei como um soldado.»” — Cleanto de Assos.

“Aquele que abraça a necessidade conta como sábio, versado em assuntos divinos.” — Eurípedes

“Se agrada aos deuses, que assim seja. Podem muito bem matar-me, mas não me podem magoar.” —Platão, Críton e Apologia — Epíteto, Enchiridion, 53

A REFLEXÃO

Estas três citações compiladas por Epíteto mostram-nos — numa sabedoria ao longo da História — os temas da tolerância, da flexibilidade e, por fim, da aceitação. Cleanto e Eurípedes invocam o destino e a sorte como conceitos que ajudam a facilitar a aceitação. Quando se tem fé num poder superior ou mais elevado (seja Deus ou deuses), não há nada que possa acontecer que vá contra o plano.

Mesmo que não acredite numa divindade, pode encontrar algum conforto nas várias leis do universo ou até mesmo no círculo da vida. O que nos acontece enquanto indivíduos pode parecer aleatório, perturbador, cruel ou inexplicável, quando, na verdade, estes acontecimentos fazem todo o sentido quando a nossa perspectiva é ampliada, mesmo que ligeiramente.

A SUGESTÃO

Vamos praticar esta perspectiva hoje. Finja que cada acontecimento — seja desejado ou inesperado — foi destinado a acontecer, destinado especificamente para si. Não lutaria contra isso, pois não?

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quinta-feira, novembro 06, 2025

#TOLERÂNCIA312 - HÁ UM LADO MORAL, O OUTRO É ESPIRITUAL; E HÁ A TOLERÂNCIA

#TOLERÂNCIA312 - HÁ UM LADO MORAL, O OUTRO É ESPIRITUAL; E HÁ A TOLERÂNCIA

Como uma folha de Outono que esvoaça ali à nossa frente, recebe a nossa atenção, cai a nossos pés, e por isso paramos para a apanhar porque ficamos a pensar que ela quer mesmo que nós a apanhemos, assim hoje aconteceu comigo, enquanto caminhava, a outonal folhinha caiu ali à minha frente. Pois claro, apanhei-a. Falava de Einstein e de Tagore, do encontro deles em 1930. Discutiam a verdade e a realidade, e eu quis ir mais além.

Procurei e pouco depois estava com mais de mil páginas com escritos de Tagore, fui ver o que ele dizia sobre a Tolerância e a Intolerância. Depressa percebi que tenho muito que ler.

Hoje deixo só 3 citações, prontinhas para servirem uma das conversas que tanto quero que aconteçam em encontros de reflexão nas escolas, nas associações de pais; entre professores; entre líderes políticos e líderes empresariais.

A primeira (a primeira de todas, ainda fora do livro das mil e tais páginas; e que me levou depois a elas): «Por natureza, sou um selvagem. A intimidade com os homens é-me absolutamente intolerável. A menos que tenha espaço amplo à minha volta, não consigo esticar os membros, instalar-me e

desempacotar a minha mente. Rogo para que [as pessoas]... prosperem, mas não me devem apertar.» (Chaudhuri, Nirad C., "Tagore: The True and the False," Times Literary Supplement (27 September 1974): 1029–31)

A segunda, já no livro: «Quando era jovem, como era habitual, fui mandado para a escola. Alguns de vós poderão ter lido na tradução da minha autobiografia acerca do infortúnio que vivi quando iniciei o meu percurso como estudante numa escola. Era uma vida terrivelmente miserável, que se tornou absolutamente intolerável para mim. Na altura, não tinha a capacidade de analisar a razão pela qual sofria, mas mais tarde, quando cresci, tornou-se bastante claro para mim o que era que me magoava tão profundamente ao ser obrigado a frequentar as aulas naquela escola para onde os meus pais me tinham mandado.» (The English writings of Rabindranath Tagore, volume 3, a miscellany, edited by Sirir Kumar Das, Sahitya Akademi,1996)

A terceira, do mesmo livro: «A realização da nossa alma tem o seu lado moral e o seu lado espiritual. O lado moral representa o educação do altruísmo, o controlo do desejo; o lado espiritual representa a simpatia e o amor. Estes devem ser tomados em conjunto e nunca separados. A educação do lado meramente moral da nossa natureza conduz-nos à região sombria da estreiteza e dureza de coração, à arrogância intolerante da bondade; e a educação do lado meramente espiritual da nossa natureza conduz-nos a uma região ainda mais sombria de devassidão na intemperança da imaginação.»

Se as duas primeiras citações nos fazem pensar acerca do autodomínio, o desenvolvimento pessoal e a educação do caminho pessoal que vai da repulsa e da oposição à aceitação e à moderação, a última chama-nos a atenção para a necessidade de pensarmos na integralidade das coisas, que não são isto ou aquilo, mas, o mais das vezes, são isto e aquilo — e só assim fazem sentido.

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quarta-feira, novembro 05, 2025

#TOLERÂNCIA311 - A CAPACIDADE MOBILIZADORA DO VALOR DA TOLERÂNCIA

 #TOLERÂNCIA311 - A CAPACIDADE MOBILIZADORA DO VALOR DA TOLERÂNCIA

Encontrei na Internet esta notícia. Repare-se no que o foco na Tolerância faz mobilizar. Num apanhado simples, temos: união, educação, entretenimento, paz, compaixão, inclusão, moderação, harmonia, diversidade, amor, solidariedade, colaboração, empatia, compreensão, envolvimento, consciência; e jovens.

Jacarta (ANTARA) [05NOV25]– O Ministério dos Assuntos Religiosos indonésio lançou 18 programas nacionais sob o tema “The Wonder of Harmony 2025” [A Maravilhosa Harmonia 2025], que decorrerão de Novembro a Dezembro para assinalar o Dia Internacional da Tolerância em 16 de novembro.

O Assessor Especial do Ministro para Políticas Públicas, 'Media' e Desenvolvimento de Recursos Humanos, Ismail Cawidu, afirmou que a iniciativa funciona como um movimento social e cultural para promover a união através de uma abordagem de dakwah-edutainment (educação e entretenimento com mensagens religiosas).

“O Ministério pretende apresentar uma imagem do Islão como pacífica, compassiva e inclusiva, através de métodos que envolvam todos os segmentos da sociedade, especialmente os jovens”, declarou Ismail na quarta-feira.

Frisou que as actividades reflectem o compromisso do Ministério em reforçar a moderação religiosa e a harmonia social como base da unidade nacional.

Programas como o Exposição de Divulgação Cultural IslâmicaCaminhada Desportiva pela HarmoniaAcampamento Inter-religiosoWorkshop de Ecoteologia e Festival Majelis Taklim (grupos de estudo islâmicos) serão realizados a nível nacional para alcançar comunidades diversificadas.

“Queremos reviver o espírito de Bhinneka Tunggal Ika (Unidade na Diversidade) de forma inspiradora. A arte, o desporto, os debates e as actividades sociais servirão como plataformas de harmonia”, afirmou Ismail.

O Director-Geral de Orientação da Comunidade Islâmica, Abu Rokhmad, referiu que The Wonder of Harmony integra a iniciativa Asta Protas Kemenag Berdampak do Ministério, especialmente no pilar “Harmonia e Amor pela Humanidade”.

Acrescentou que o programa não é meramente cerimonial, mas visa reforçar a solidariedade inter-religiosa e promover os valores universais do Islão como rahmatan lil ‘alamin (uma bênção para toda a criação).

“Este programa demonstra a colaboração entre o Ministério, grupos religiosos, académicos e comunidades para criar espaços que promovam a empatia e a compreensão”, afirmou.

Abu destacou que cada actividade transporta uma mensagem temática que integra dimensões espirituais e sociais. Uma delas, o Workshop de Mapeamento de Potenciais Conflitos Sociais, conta com especialistas como Frans Magnis Suseno e Amin Abdullah para identificar causas profundas de tensão e fornecer recomendações políticas.

“A harmonia deve ser planeada estrategicamente, não apenas promovida como um ideal moral”, sublinhou Abu.

Outros destaques incluem o Arranque da Cidade Waqf de Ambon (propriedade dedicada a fins religiosos ou sociais), os Prémios Nacionais de Cinema Islâmico e o Festival Majelis Taklim, todos concebidos para fortalecer o papel cultural, económico e educativo do Islão.

Abu enfatizou ainda o envolvimento dos jovens através de actividades como a Corrida de Família Sakinah 5K, o Estudo Cultural do Alcorão e a Oficina Criativa de Majelis Taklim, destinadas a construir consciência ambiental e colaboração intersectorial.(1)

(1) https://en.antaranews.com/news/390149/religious-affairs-ministry-holds-18-events-for-tolerance-day?

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terça-feira, novembro 04, 2025

#TOLERÂNCIA310 - UM CERTO TIPO DE BONDADE E UM CERTO TIPO DE TOLERÂNCIA

 #TOLERÂNCIA310 - UM CERTO TIPO DE BONDADE E UM CERTO TIPO DE TOLERÂNCIA

Em 1959, a 2 meses de completar 87 anos, Bertrand Russell (que viveria ainda mais cerca de 11 anos), deu uma entrevista de 20 e poucos minutos à BBC, e o entrevistador, John Freeman, faz-lhe uma última pergunta:

«Suponha, Lord Russell, que este filme fosse visto pelos nossos descendentes como um pergaminho do Mar Morto daqui a mil anos. O que acha que valeria a pena contar-lhes acerca da vida que viveu e as lições que aprendeu com ela?»

Bertrand Russell, dá a seguinte resposta, logo de seguida, parece que quase sem pensar:

«Gostaria de dizer-lhes duas coisas, uma intelectual e uma moral:

»A coisa intelectual que gostaria de lhes dizer é esta: quando estudarem qualquer assunto ou considerarem qualquer filosofia, perguntem-se apenas «quais são os factos e qual é a verdade que os

factos comprovam?» Nunca se deixem desviar nem por aquilo em que desejam acreditar, nem pelo que julgarem poder ter efeitos socialmente benéficos se fosse aceite. Mas olhem apenas e exclusivamente para: «Quais são os factos?» Esta é a lição intelectual que gostaria de transmitir-lhes.

»A coisa moral que gostaria de lhes dizer é muito simples. Diria: o amor é sábio, o ódio é insensato. Neste mundo, que se está a tornar cada vez mais interligado, temos de aprender a tolerar-nos uns aos outros. Temos de aprender a aceitar o facto de que algumas pessoas dizem coisas de que não gostamos. Só assim podemos viver juntos. E se temos viver juntos e não morrer juntos, precisamos de aprender um tipo de bondade e um tipo de tolerância absolutamente vitais para a continuação da vida humana neste planeta.»

Em Setembro de 1961, com quase noventa anos, Bertrand Russell esteve preso durante uma semana por incitar à desobediência civil, por ter participado de uma grande manifestação chamada 'ban-the-bomb" [Não à Bomba (nuclear)], no auge da Guerra Fria e da Corrida ao Armamento Nuclear, no Ministério da Defesa britânico, mas a sentença foi anulada tendo em conta a sua idade.

Não sei se colegas professores levam estas afirmações (só mesmo elas ou a entrevista completa) às aulas de Filosofia ou de Cidadania e Desenvolvimento, mas o que é certo é que temos aqui matéria pedagógica de formação humana, cívica e política de grande valor.

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segunda-feira, novembro 03, 2025

#TOLERÂNCIA309 - A TOLERÂNCIA NUNCA ESTÁ GARANTIDA

 #TOLERÂNCIA309 - A TOLERÂNCIA NUNCA ESTÁ GARANTIDA

Em 1955, Miguel Torga publica "Traço de União", livro que reúne ensaios de temática luso-brasileira, essencialmente composto por conferências feitas no Brasil em 1954. As conferências estão apresentadas por ordem cronológica.

O segundo texto do livro é de homenagem ao escritor brasileiro José Lins do Rego, em Coimbra, em 21 de Junho de 1951. O excerto que vou transcrever para aqui é parte logo do primeiro texto, "Brasil", que não tem data. Parece ser um texto de introdução, escrito no lado europeu do Atlântico; e admito perfeitamente que tenha sido escrito em 1955.

«E é justamente desse nivelamento de valores, dessa aceitação por dentro daquilo que se aceitou por fora, que é necessário partir ao desembarcar no Brasil. Estamos a pisar, cheios de responsabilidades, uma terra de policromias humanas onde os próprios já não dão por isso. Terra de encontro de raças, que permitiu a mística e maravilhosa comunhão de sangues que o mundo conhece e admira. Milagre moderno que ninguém pode contemplar sem um assomo de orgulho. E não só porque ele exalta e dignifica a espécie, mas também porque resultou daí toda uma maneira original de olhar e sentir as coisas, amável e tolerante, confiada e solidária, que resolve numa síntese de esperança as mais

desanimadoras contradições. Há um calor inédito nos actos e nas relações, uma cordialidade profunda, que vem dessa combustão íntima de lenhas variadas, desde a cepa lusa ao imbondeiro negro, do pau de cânfora asiático ao ipé indígena. E temos o colorido, a multiplicidade, a graça e a originalidade dum povo inteiro que inventa diariamente novos ritmos na alegria de viver. Alegria que é o sinal mais visível da expressão moça e promissora do Brasil. Uma alegria sã, inocente, criadora, que dura de manhã à noite, adormece, e se levanta sem remorsos no dia seguinte.»

Não sei se Torga estava ainda no Brasil quando o Presidente Getúlio Vargas se suicidou (a última conferência foi a 19 de Agosto e o Presidente Getúlio Vargas suicidou-se em 24), e não tenho agora aceso ao volume do Diário que cobre os anos de, pelo menos, 1954 e 1955; e a Ditadura Militar de 1964 ainda está longe.

Não estou, portanto, capaz de equacionar o que Torga terá mudado na ideia d'«a maneira original de olhar e sentir as coisas, amável e tolerante, confiada e solidária, que resolve numa síntese de esperança as mais desanimadoras contradições.» que ele atribuía ao Brasil e ao Povo Brasileiro. Desconfio que, se fosse agora, Torga ficaria decepcionado com o rumo que as coisas tomaram no Brasil.

Da Ditadura Militar (1964-1985) ao radicalismo político de extrema-direita de Bolsonaro (aliado ao fanatismo religioso de seitas que abundam no Brasil dos dias de hoje), tudo nos deixa, e deixaria a Torga, a ideia de que a Tolerância foi chão que deu uvas e que é cepa que precisa de ser de novo cuidada e fortalecida, até porque chega a parecer estar mesmo em coma.

No fundo, vale também para a Tolerância o que se costuma dizer da Democracia: é que nunca está definitivamente adquirida e necessita de dedicação e trabalho constantes. Estás a ver, Educação, não durmas à sombra da bananeira! Não te deixes enganar pelos sucessos anteriores alcançados!

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domingo, novembro 02, 2025

#TOLERÂNCIA308 - O MEU CONGÉNITO FRAQUINHO POR MACAU

 #TOLERÂNCIA308 - O MEU CONGÉNITO FRAQUINHO POR MACAU

Pois, é a minha terra.

Ler notícias deste género deixa-me sempre satisfeito: «O percurso do transporte da tocha em Macau passou por diversos marcos históricos e culturais representativos, mostrando vividamente o charme único de Macau como ponto de confluência das culturas oriental e ocidental. A arquitectura, as ruas e o ambiente humano ao longo do percurso reflectem a diversidade e a tolerância da história urbana de Macau, demonstrando plenamente uma profunda integração e coexistência harmoniosa entre as culturas
chinesa e ocidental.»
(1)

Sou embaixador da Ética no Desporto. Então a minha satisfação dobra.

A notícia é de hoje mesmo, acerca da 15.ª edição dos Jogos Nacionais (Zona de Competição de Macau), e foi publicada no Portal do Governo da RAE de Macau.

(1) https://www.gov.mo/pt/noticias/794114/

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sábado, novembro 01, 2025

#TOLERÂNCIA307 - A TOLERÂNCIA SABOROSA DO ENVELHECIMENTO

 #TOLERÂNCIA307 - A TOLERÂNCIA SABOROSA DO ENVELHECIMENTO

"Tropecei" hoje outra vez num vídeo que mostra um pequenino momento de entrevista, há alguns anos, do actor inglês Michael Caine. Considero-o o mais terno e precioso convite à aceitação tolerante do envelhecimento humano. Assim todos os seres humanos tenham condições materiais, económicas e financeiras para desfrutar o progressivo processo de ir ficando mais velho.

Esta é a transcrição livre que fiz:

«Tenho 82 anos, sou o protagonista de um filme chamado Juventude. As pessoas vão ficar desiludidas. Bem, na verdade não ficam. O que acontece é que, na história, eu faço um exame médico, e fico mais velho, e vou ao médico saber os resultados e ele diz: «Não há absolutamente nada de errado consigo…» a este velhote. A seguir diz-lhe: «Sabe como é que chamamos a isso?» Eu (personagem) respondo: «Não.», Ele disse: «Juventude». E foi assim que arranjaram o título.

»Mas havia outra frase ali, quando eu tinha aquela cena com o médico: «Ah…», e ele diz-me: «Como é que se sente a ser velho?» E a minha fala no guião era: «Não percebo como cheguei aqui…» E pensei para mim: «Eu também não…».

»Vocês aqui são todos muito jovens, e eu vou-vos dizer o que vai acontecer quando chegarem à minha idade. Vocês vão dizer: «O que é que aconteceu há uns oito anos, tinha eu 36…» [a audiência ri-se] E tudo passou tão depressa, sabem?

»Mas depois, uma vez, um repórter disse-me: «O que é que sente em relação a envelhecer?» E eu disse-lhe: «Bem, considerando a alternativa, fantástico!»»

Que bom poder chegar a velho com esta paz de espírito, com esta mundividência!...

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